tag:blogger.com,1999:blog-65244303875822538262024-03-16T04:08:16.637-03:00Cidade Inteiraandrepinarqhttp://www.blogger.com/profile/15715346959806953861noreply@blogger.comBlogger507125tag:blogger.com,1999:blog-6524430387582253826.post-37769798234680511362015-01-06T18:49:00.001-02:002015-01-06T18:49:24.888-02:00"Cidade não é só rua e edifício, é o que acontece neles"<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">por Paula Laureano</span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">em <a href="http://puc-riodigital.com.puc-rio.br/Jornal/Desafios-2015/Magalhaes:-%22Cidade-nao-e-so-rua-e-edificio%2c-e-o-que-acontece-neles%22-25535.html#.VKxIwMZbN5h" target="_blank">Portal PUC-Rio Digital</a></span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">17-12-2014</span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="-webkit-font-smoothing: antialiased; border: 0px; box-sizing: border-box; color: #202020; line-height: 18px; margin-bottom: 0.7rem; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O arquiteto urbanista Sérgio Magalhães, presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), sustenta a ideia de que a cidade é um ser vivo em constante transformação, e que não se pode ignorar suas interações com quem a habita. Para Magalhães (que foi secretário municipal de Urbanismo entre 1993 e 2000), problemas como a mobilidade urbana não devem ser resolvidos com a construção de mais ruas e viadutos: “A mobilidade, do Rio de Janeiro e das cidades em geral, não pode mais ser baseada hegemonicamente no rodoviarismo”, acredita o especialista. Nesta entrevista ao Portal PUC-Rio Digital, ele defende que o respeito à democracia e ao planeta estão intrinsicamente ligados à arquitetura.</span></div>
<div style="-webkit-font-smoothing: antialiased; border: 0px; box-sizing: border-box; color: #202020; line-height: 18px; margin-bottom: 0.7rem; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b style="-webkit-font-smoothing: antialiased; border: 0px; box-sizing: border-box; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px;">Portal PUC-Rio Digital: O senhor afirma que a cidade é um ser vivo. Em que sentido?<br />Sérgio Magalhães</b>: A cidade respira. A cidade ama. A cidade acolhe as pessoas. Ela reage aos afetos e às hostilidades. Ela nasce, cresce, e pode morrer. É um ser vivo, sobretudo porque está em permanente transformação. Tal como as pessoas e os animais, a cada dia há outra conformação, outros interesses, as questões mudam. No cotidiano, as pessoas podem não ter essa percepção, porque se vê apenas a materialidade urbana. Mas ela é feita não apenas de matéria, como também da interação entre as pessoas e dos usos dos lugares. É essa relação que gera vida. <b style="-webkit-font-smoothing: antialiased; border: 0px; box-sizing: border-box; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px;"><i style="-webkit-font-smoothing: antialiased; border: 0px; box-sizing: border-box; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px;">A cidade não é apenas edifícios e ruas; ela é o que acontece nos edifícios e nas ruas</i></b>, mais as pessoas, os animais e a memória coletiva.</span></div>
<div style="-webkit-font-smoothing: antialiased; border: 0px; box-sizing: border-box; color: #202020; line-height: 18px; margin-bottom: 0.7rem; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b style="-webkit-font-smoothing: antialiased; border: 0px; box-sizing: border-box; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px;">Portal: O Congresso Mundial da União Internacional de Arquitetos, que se realizará em 2020, é uma espécie de Copa da Arquitetura. Pensando na Copa de Futebol, há alguma experiência em que devemos nos inspirar?<br />Magalhães:</b> Se a cidade é um ser vivo, ela também é um ser único. Então, cada experiência tem as suas riquezas, os seus problemas e os seus ensinamentos. O que há de novo na doutrina urbanística e arquitetônica é que hoje nós temos o desejo de construir uma cidade melhor a cada dia, todos os dias, reconhecendo os espaços e a cultura existente. Diferente do que faziam os modernistas no século passado, que pretendiam construir uma cidade nova e entendiam que a cidade herdada era ruim e não valia a pena mantê-la.</span></div>
<div style="-webkit-font-smoothing: antialiased; border: 0px; box-sizing: border-box; color: #202020; line-height: 18px; margin-bottom: 0.7rem; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Entre as memórias dos congressos mundiais, o de Barcelona, em 1996, é muito citado. O que o qualifica como uma experiência importante é que ele não se limitou a produzir um evento num determinado ambiente; a própria cidade entrou em processo de participação com arquitetos do mundo todo. Houve uma interação de tal força que ficou na memória dos que participaram como um evento ímpar. Nós queremos que, da mesma forma, a cidade do Rio de Janeiro também seja não só sede, mas também participante do Congresso de 2020.</span></div>
<div style="-webkit-font-smoothing: antialiased; border: 0px; box-sizing: border-box; color: #202020; line-height: 18px; margin-bottom: 0.7rem; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b style="-webkit-font-smoothing: antialiased; border: 0px; box-sizing: border-box; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px;">Portal: De que modo a arquitetura se relaciona com a democracia? E com as necessidades do planeta?<br />Magalhães:</b><i style="-webkit-font-smoothing: antialiased; border: 0px; box-sizing: border-box; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px;"> </i>A democracia tende a produzir questões para a arquitetura, que conduzam a uma melhor resposta para os cidadãos. No caso do tempo de hoje, se busca a equidade – diferente da igualdade, ela reconhece as diferenças e trata de oferecer as condições para que os diferentes tenham igualmente possibilidades de se desenvolver. Então um processo democrático, que construa a equidade, oferece à arquitetura melhores possibilidades para que ela floresça. A arquitetura objetiva a construção do espaço para a felicidade dos homens.</span></div>
<div style="-webkit-font-smoothing: antialiased; border: 0px; box-sizing: border-box; color: #202020; line-height: 18px; margin-bottom: 0.7rem; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Já as razões do planeta são as mesmas da cidade e da arquitetura – é construir um mundo melhor. Elas nos são apresentadas como algo que precisamos observar para que as nossas gerações atuais consigam levar para as futuras o grau de qualidade que recebemos dos nossos antecessores. E a arquitetura também é isso, é a oportunidade de resolver problemas que permitam uma melhor adequação aos desafios do clima de modo saudável, de modo econômico, de modo pleno, e não utilizando mecanismos que gastem as energias vitais da sociedade e do próprio planeta.</span></div>
<div style="-webkit-font-smoothing: antialiased; border: 0px; box-sizing: border-box; color: #202020; line-height: 18px; margin-bottom: 0.7rem; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b style="-webkit-font-smoothing: antialiased; border: 0px; box-sizing: border-box; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px;">Portal: As favelas já superam 20% do total de moradias no Rio de Janeiro e em São Paulo. Será que um dia poderemos olhar para as favelas realmente como bairros?<br />Magalhães:</b> Nós temos que olhar as favelas como cidade. Há muitas formas urbanas que constituem bairros, e a favela é uma delas. A favela era vista como algo transitório, provisório, que poderia ser eliminada. Nós achávamos que as favelas eram intocáveis, que não podiam ter uma atuação pública relevante, e que só o saber popular tinha condições de intervir na favela. Com o Programa Favela Bairro (<i style="-webkit-font-smoothing: antialiased; border: 0px; box-sizing: border-box; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px;">concebido por Magalhães em 1994, na primeira gestão de Cesar Maia</i>), houve uma modificação nesse pensamento. Passou a ser possível levar às favelas os serviços de hoje, como infraestrutura e equipamentos sociais, ao mesmo tempo em que os valores ambientais e culturais estejam preservados. Eu gostaria que hoje as favelas pudessem ter todos os elementos contemporâneos, mas que o termo “favela” se descaracterizasse do modo pejorativo e que pudessem ser vistas da mesma forma que se percebe um prédio, um edifício, um shopping center.</span></div>
<div style="-webkit-font-smoothing: antialiased; border: 0px; box-sizing: border-box; color: #202020; line-height: 18px; margin-bottom: 0.7rem; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b style="-webkit-font-smoothing: antialiased; border: 0px; box-sizing: border-box; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px;">Portal: Quase 30% da população do Rio leva duas horas para ir de casa ao trabalho. Que soluções arquitetônicas poderiam ajudar na mobilidade do Rio de Janeiro?<br />Magalhães:</b> Do Rio de Janeiro e das cidades em geral, a mobilidade não pode mais ser baseada hegemonicamente no rodoviarismo. Isto é, nos modos de transporte sob pneus, automóveis e ônibus. Uma cidade grande como o Rio de Janeiro precisa dispor de uma rede de transporte de alta capacidade, que transporte um grande número de pessoas, como metrô ou trem urbano, em que esteja preservado o grau de eficiência e confiabilidade em relação ao tempo da viagem, ao conforto e à segurança. Então, imaginar que construindo viadutos, elevados, abrindo ruas nós vamos diminuir os problemas de mobilidade é uma ilusão. <b style="-webkit-font-smoothing: antialiased; border: 0px; box-sizing: border-box; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px;"><i style="-webkit-font-smoothing: antialiased; border: 0px; box-sizing: border-box; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px;">Quanto mais pistas de automóveis tivermos, mais difícil se dará o transito</i>.</b> O que nós devemos considerar para a mobilidade contemporânea é que ela não deve excluir nenhum meio de transporte, porque para cada um deles há uma vocação. Nos grandes deslocamentos, geralmente impositivos, casa-trabalho, a cidade grande oferece melhor serviço se utilizar o metrô ou o trem. Em rede, não em linha, onde haja conexões. Nos demais deslocamentos, a população pode caminhar. Nesse caso, há uma demanda de espaço público seguro e confortável, com calçadas boas, como elemento complementar. Não vamos nos iludir. Não tem futuro o modelo que adotamos durante 50 anos, de construir estradas e ruas, e que descaracterizou a maior parte das nossas cidades. Não tem futuro, e as grandes cidades do mundo já demonstraram isso.</span></div>
<div style="-webkit-font-smoothing: antialiased; border: 0px; box-sizing: border-box; color: #202020; line-height: 18px; margin-bottom: 0.7rem; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b style="-webkit-font-smoothing: antialiased; border: 0px; box-sizing: border-box; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px;">Portal: Qual a sua opinião sobre o Arco Metropolitano e o Porto Maravilha, duas grandes obras em andamento no Rio de Janeiro?<br />Magalhães:</b> O Arco Metropolitano é um equipamento importante para a logística, para o transporte e a distribuição das mercadorias. Mas, se for aproveitado como indutor de ocupação urbana, ele fará um péssimo serviço para a cidade. Ele diminuirá a densidade populacional, portanto tornará os serviços públicos mais caros e, certamente, desqualificará a cidade. Eu defendo que o Arco Metropolitano tenha o desenho urbanístico da Linha Vermelha, que dê acesso apenas em alguns pontos. Ele não pode ser igual à Avenida Brasil ou a Via Dutra, em que se constrói nas suas margens como se fosse um trecho urbano.</span></div>
<div style="-webkit-font-smoothing: antialiased; border: 0px; box-sizing: border-box; color: #202020; line-height: 18px; margin-bottom: 0.7rem; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Agora, o desenvolvimento da área portuária é muito importante para fortalecer a centralidade do Centro Histórico em relação a toda a Região Metropolitana. O Porto Maravilha precisa ter um desempenho que dê perspectiva aos que vão investir e morar lá. O problema é que ele está sendo desenvolvido em um ritmo lento, e eu temo que ele perca o timing das Olimpíadas e não possa demonstrar toda a vitalidade possível. Eu desejo que a área portuária seja um grande sucesso, que tenha muita gente, muitos negócios, muito trabalho e habitação. Mas ainda é uma incógnita.</span></div>
<div style="-webkit-font-smoothing: antialiased; border: 0px; box-sizing: border-box; color: #202020; line-height: 18px; margin-bottom: 0.7rem; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
</div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b style="-webkit-font-smoothing: antialiased; border: 0px; box-sizing: border-box; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px;">Portal: O senhor já afirmou que “um Brasil Urbano se somará ao Brasil Urbano de hoje”. Como visualiza esse Brasil do futuro?</b></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b style="-webkit-font-smoothing: antialiased; border: 0px; box-sizing: border-box; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px;">Magalhães:</b> Independentemente do crescimento, nós vamos construir mais uma cidade na já existente. O tamanho médio das famílias vai diminuir, e novas moradias que vão ser necessárias. Como a cidade não crescerá em população, se ela crescer em área não ocupada vai ter menos gente morando por quilômetro quadrado. Ao perder densidade, vai tornar mais caros os serviços públicos e a infraestrutura, e vai dar menos vitalidade aos espaços públicos. Logo, eu desejo que essa nova cidade que se somará à cidade existente seja construída em áreas já ocupadas. Se observar bem, você encontra muitos espaços disponíveis, com facilidade. Aqui mesmo ao lado (<i style="-webkit-font-smoothing: antialiased; border: 0px; box-sizing: border-box; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px;">a entrevista foi concedida na sede do IAB, no Flamengo</i>), há dois quarteirões vazios desde que os bondes deixaram de existir. A Zona Norte tem uma enorme quantidade de terrenos ociosos, de galpões abandonados. Lugares onde se podem construir moradias, comércio. Imagina esses ambientes deixando de ser ociosos, começando a ter vida; todo o entorno melhoraria.</span><br />
<br />
<div style="-webkit-font-smoothing: antialiased; border: 0px; box-sizing: border-box; color: #202020; line-height: 18px; margin-bottom: 0.7rem; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Isso não significa construir edifícios altos: eles não necessariamente aumentam a densidade urbana, ao contrário, podem diminuir. Eu e os meus alunos da UFRJ fizemos um estudo sobre isso. Existe um trecho em Ipanema entre a Rua Visconde de Pirajá e a Lagoa, onde só se encontram edifícios de cinco andares. Esse trecho chega ser 10 vezes mais denso do que os bairros das torres da Barra da Tijuca, por exemplo, porque entre um edifício e outro há grandes espaços, os edifícios são altos, têm menos aproveitamento, e as ruas não têm vitalidade também. A densidade ali também é mais alta do que o condomínio de edifícios conhecido como Selva de Pedra, onde moram pessoas de classe média-alta, no Leblon (<i style="-webkit-font-smoothing: antialiased; border: 0px; box-sizing: border-box; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px;">o condomínio reúne 2.251 apartamentos em 40 edifícios</i>). Paris tem gabarito de seis andares, e é considerada riquíssima sob o ponto de vista de vitalidade urbana. Já Nova York, conhecida por seus arranha-céus, consegue equilibrar a densidade populacional com espaços de convivência no meio de seus altos edifícios. A praça do Rockfeller Center (<i style="-webkit-font-smoothing: antialiased; border: 0px; box-sizing: border-box; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px;">72 andares</i>), famosa especialmente no inverno, é um bom exemplo. </span></div>
<div style="-webkit-font-smoothing: antialiased; border: 0px; box-sizing: border-box; color: #202020; line-height: 18px; margin-bottom: 0.7rem; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b style="-webkit-font-smoothing: antialiased; border: 0px; box-sizing: border-box; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px;">Portal: Em meados do século XX, o Brasil deixou de ser predominantemente rural para se tornar predominantemente urbano. Quais os pontos positivos e negativos dessa nova etapa?<br />Magalhães:</b> Todos os pontos são positivos. A tendência é a vida urbana, é um desejo majoritário, porque é por ela que as pessoas conseguem uma saúde melhor, um emprego, educação. As condições sociais melhoram. <b style="-webkit-font-smoothing: antialiased; border: 0px; box-sizing: border-box; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px;"><i style="-webkit-font-smoothing: antialiased; border: 0px; box-sizing: border-box; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px;">A vida urbana proporciona interação, e o que faz a cidade existir é o desejo das pessoas interagirem umas com as outras, com pessoas diferentes, não iguais</i></b>. O que dá riqueza na cidade é a possibilidade de circular e encontrar pessoas que se mostrem enriquecedoras mutuamente. É claro que o rural tem valor também, mas a ideia de que a vida no campo é de virtude e de que a vida na cidade é de pecado já é uma ideia antiga, que já está superada.</span></div>
<div style="-webkit-font-smoothing: antialiased; border: 0px; box-sizing: border-box; color: #202020; line-height: 18px; margin-bottom: 0.7rem; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b style="-webkit-font-smoothing: antialiased; border: 0px; box-sizing: border-box; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px;">Portal: Arquitetura e urbanismo são indissociáveis?<br />Magalhães:</b> Sim. Eu chamo tudo de arquitetura. Faz-se essa separação devido às atribuições profissionais reguladas por lei. Mas a rigor é tudo arquitetura. Ela trabalha com todas essas escalas de ocupação e de desenvolvimento do território. Eu sou arquiteto urbanista. </span></div>
<div style="-webkit-font-smoothing: antialiased; border: 0px; box-sizing: border-box; color: #202020; line-height: 18px; margin-bottom: 0.7rem; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b style="-webkit-font-smoothing: antialiased; border: 0px; box-sizing: border-box; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px;">Portal: Ser arquiteto é como brincar de ser Deus?<br />Magalhães:</b> Não, eu acho que não é brincar; é propriamente ser Deus (<i style="-webkit-font-smoothing: antialiased; border: 0px; box-sizing: border-box; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px;">risos</i>). Já houve um tempo em que os arquitetos, ao projetar determinado ambiente, pensavam em transformar a vida das pessoas, em direcioná-las por um determinado caminho, em determinar o modo como elas viveriam naquele ambiente. Então, nesse aspecto ele seria Deus. Isto foi a concepção modernista de arquitetura. Ela desconsiderava a cidade existente, porque o que ela herdou já estava construindo aquele homem cheio de problemas, de desigualdades, da pobreza e da intolerância. Então o arquiteto modernista construiria uma cidade de homens felizes. Se você comparar uma cidade grande de hoje com as cidades modernistas, tipo as superquadras de Brasília, verá uma grande diferença. Os condomínios fechados, shopping centers, os subúrbios norte americanos em que moram ali pessoas com um determinado padrão de vida, com dificuldade às vezes até forte de interação com o outro. A crença era que o ambiente produziria felicidade, conduziria a relações sociais harmônicas. Hoje, nós estamos convictos de que o futuro é a soma dos presentes. Não cabe mais a pretensão de que o que você conceber arquitetonicamente determinará o comportamento humano. <b style="-webkit-font-smoothing: antialiased; border: 0px; box-sizing: border-box; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px;">O que cabe, sim – e isso é que dá ao arquiteto maior prazer –, é produzir espaços de qualidade e que ajudem as pessoas a serem felizes. </b></span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: right;">
<br /></div>
andrepinarqhttp://www.blogger.com/profile/15715346959806953861noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-6524430387582253826.post-20977235721824942332014-11-14T12:52:00.001-02:002014-11-14T12:52:58.272-02:00Nem tudo que reluz é ouro<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 19px; margin: 0px 0px 0.0001pt; text-align: right; text-indent: 1cm;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-TXsi-tDZlGk/VGYXFpQNXdI/AAAAAAAABqk/_SbDLW57NmE/s1600/Globo-11out.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-TXsi-tDZlGk/VGYXFpQNXdI/AAAAAAAABqk/_SbDLW57NmE/s1600/Globo-11out.jpg" height="320" width="265" /></a></div>
<i style="line-height: 1.3em; text-align: left; text-indent: 1cm;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: xx-small;">*Artigo publicado originalmente no jornal O Globo de 11/10/2014</span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 19px; margin: 0px 0px 0.0001pt; text-align: right; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: xx-small; line-height: 1.3em;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 120%;">
<span lang="FR" style="font-size: 11pt; line-height: 120%;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 19px; margin: 0px 0px 0.0001pt; text-align: right; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: xx-small; line-height: 1.3em;">Sérgio Magalhães</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 120%;">
<span lang="FR" style="font-size: 11pt; line-height: 120%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 120%;">
<span lang="FR" style="font-size: 11pt; line-height: 120%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">As últimas semanas foram ricas em cenas inesquecíveis na
propaganda de TV. Destaco o ‘comercial’ do político de ficha controversa que se
auto-proclama um lutador pela ética; ou a autoridade que recomenda o voto em
candidato cheio de ruindade e o apresenta como ‘o melhor do país’.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 120%;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span lang="FR" style="font-size: 11pt; line-height: 120%;">Lembro ainda o protagonizado por </span><span style="font-size: 11pt; line-height: 120%;">atriz de grande credibilidade que exalta a vida em um condomínio fechado
denominado “Ilha” – que não é cercada por água, mas ‘isolada’ da cidade.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 120%;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt; line-height: 120%;">São cenas em que
a ficção assume-se como realidade e embaralha nosso acervo de valores.</span><span lang="FR" style="font-size: 11pt; line-height: 120%;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 120%;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 120%;">
<span lang="FR" style="font-size: 11pt; line-height: 120%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Nas mesmas semanas, as eleições se desenrolaram passando
ao largo da questão urbana. Em um país onde quase toda a população mora em
cidades, é a realidade parecendo ficção.<span style="color: red;"><o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 120%;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 120%;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 120%;">
<span lang="FR" style="font-size: 11pt; line-height: 120%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 120%;">
<span lang="FR" style="font-size: 11pt; line-height: 120%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Onde ficaram as dificuldades de mobilidade? A
precariedade de moradia e de saneamento? A degradação dos espaços urbanos? A
escassez dos serviços públicos? A insustentabilidade do modelo de expansão das
cidades? <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 120%;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 120%;">
<span lang="FR" style="font-size: 11pt; line-height: 120%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Quando algum desses temas é citado na propaganda política,
fala-se em recursos financeiros ou em quantitativos; nada se diz sobre conceitos
e qualidade dos investimentos. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 120%;">
<span lang="FR" style="font-size: 11pt; line-height: 120%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O caso da mobilidade é exemplar: no Brasil urbano, embora
o transporte coletivo seja o mais demandado pela população, os governos gastam
14 vezes mais em despesas relacionadas ao transporte individual do que ao
transporte coletivo. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 120%;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 120%;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span lang="FR" style="font-size: 11pt; line-height: 120%;">Também na habitação, seja com o Minha Casa Minha Vida ou
com os condomínios tipo ‘ilhas’. A jornalista norte-americana Jane Jacobs reconhecia
que apenas recursos não são suficientes. </span><span style="font-size: 11pt; line-height: 120%;">“Veja o que
construímos com bilhões: conjuntos habitacionais de baixa renda que se tornaram
núcleos de delinqüência, piores que os cortiços que pretendiam substituir;
conjuntos habitacionais de renda média que são monumentos à monotonia;
conjuntos habitacionais de luxo que atenuam sua vacuidade; vias expressas que
evisceram as grandes cidades. Isto não é reurbanizar as cidades, é saqueá-las.”
<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 120%;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-size: 11pt; line-height: 120%;">Esse desabafo de
Jacobs é de 1961, em livro </span><span lang="FR" style="font-size: 11pt; line-height: 120%;">sobre a experiência norte-americana. Alguma semelhança com os modelos do
finado BNH, que retornam fora de hora neste Brasil do século XXI? <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 120%;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 120%;">
<span lang="FR" style="font-size: 11pt; line-height: 120%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O BNH (1964-86) financiou 4,4 milhões de domicílios e o
MCMV (2009-14) financiou 1,5 milhão. Os números impressionam. Mas representam apenas
30% e 20%, respectivamente, das moradias construídas em cada período. Somando BNH,
MCMV, CEF e todo o mercado imobiliário, financiou-se menos de ¼ dos 50 milhões
de novos domicilios urbanos desde 1964. Contextualizados, o brilho diminui e não
explicam a adoção de modelos falidos que criam guetos e induzem à expansão
insustentável das cidades.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 120%;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 120%;">
<span lang="FR" style="font-size: 11pt; line-height: 120%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Contemporâneo de Jacobs, o historiador italiano Leonardo
Benévolo também avaliava não haver determinismo entre crescimento econômico e
melhora da cidade – mas interdependência. Para ele, a melhora urbana é um dos
modos para se alcançar o equilibrio geral.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 120%;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 120%;">
<span lang="FR" style="font-size: 11pt; line-height: 120%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Tais conceitos explicitados na segunda metade do século
passado não cairam no vazio. A experiência recente dos países mais
desenvolvidos demonstra que a qualificação dos seus sistemas urbanos foi um dos
esteios da melhora geral que experimentaram nas últimas décadas. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 120%;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 120%;">
<span lang="FR" style="font-size: 11pt; line-height: 120%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">As boas cidades são os verdadeiros motores deste novo século.<span style="color: red;"> </span><o:p></o:p></span></span></div>
<!--[if gte mso 9]><xml>
<o:OfficeDocumentSettings>
<o:AllowPNG/>
</o:OfficeDocumentSettings>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:TrackMoves>false</w:TrackMoves>
<w:TrackFormatting/>
<w:PunctuationKerning/>
<w:DrawingGridHorizontalSpacing>18 pt</w:DrawingGridHorizontalSpacing>
<w:DrawingGridVerticalSpacing>18 pt</w:DrawingGridVerticalSpacing>
<w:DisplayHorizontalDrawingGridEvery>0</w:DisplayHorizontalDrawingGridEvery>
<w:DisplayVerticalDrawingGridEvery>0</w:DisplayVerticalDrawingGridEvery>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:DontGrowAutofit/>
<w:DontAutofitConstrainedTables/>
<w:DontVertAlignInTxbx/>
</w:Compatibility>
</w:WordDocument>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" LatentStyleCount="276">
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]-->
<!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Table Normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin-top:0cm;
mso-para-margin-right:0cm;
mso-para-margin-bottom:10.0pt;
mso-para-margin-left:0cm;
line-height:115%;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ascii-font-family:Calibri;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-fareast-font-family:"Times New Roman";
mso-fareast-theme-font:minor-fareast;
mso-hansi-font-family:Calibri;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;}
</style>
<![endif]-->
<!--StartFragment-->
<!--EndFragment--><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 120%;">
<span lang="FR" style="font-size: 11pt; line-height: 120%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Esperemos que nestes segundos turnos das eleições elas venham
para o palco dos debates. Talvez a realidade não reluza tanto quanto a ficção
sugere. Mas reconhecer os problemas é caminho para o seu enfrentamento.</span><span style="font-family: Arial;"><o:p></o:p></span></span></div>
andrepinarqhttp://www.blogger.com/profile/15715346959806953861noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6524430387582253826.post-54307900497687131102014-11-14T12:40:00.000-02:002014-11-14T12:45:57.741-02:00GERAÇÃO 21: COMO RESPONDER? <div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; margin: 0px 0px 0.75em; text-align: right;">
<span style="font-style: italic;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-size: xx-small;">*Artigo publicado originalmente na revista Ciência Hoje 317 - outubro/2014</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; margin: 0px 0px 0.75em; text-align: right;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: xx-small; line-height: 19px; text-indent: 37.7952766418457px;">Sérgio Magalhães</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-0jhqHL_Jkew/VGYVjjfRe4I/AAAAAAAABqY/VcbKck3fy1Y/s1600/Gerac%CC%A7a%CC%83o%2B21-.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-0jhqHL_Jkew/VGYVjjfRe4I/AAAAAAAABqY/VcbKck3fy1Y/s1600/Gerac%CC%A7a%CC%83o%2B21-.jpg" height="320" width="211" /></a></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O Brasil vive um momento histórico onde, pela
primeira vez, precisará enfrentar a questão urbana. A resposta terá implicações
essenciais para o desenvolvimento, a equidade, o meio-ambiente e a própria
democracia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O sistema político foi surpreendido em 2013 pela
força das ruas e considerou possível absorvê-las no âmbito das eleições de
2014. Pode surpreender-se outra vez. Os contornos imprevistos avançam além do
embate partidário-eleitoral e pedem novos encaminhamentos. O cerne da questão é
o modo como a população urbana tem sido (mal) tratada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Até hoje, o aumento das cidades era visto como
inevitável – quase uma força da natureza. Como a população crescia muito,
justificavam-se todas as imprevidências, os erros de escolha, a falta de
planejamento. Mas a base mudou. Agora, a realidade é a estabilidade
demográfica. As cidades terão outras referências e os movimentos de 2013
sinalizam para essa direção.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Vivemos, porém, fenômeno social importante com
largas consequências para a cidade: a redução do tamanho médio da família.
Hoje, no Brasil, há três pessoas em cada domicilio, em média; mas, em uma
geração, serão cerca de duas pessoas, como em países desenvolvidos. Isso
significa que, sem a população crescer, é preciso aumentar em 50% o número de
moradias, além de substituir as obsoletas, e prover novos equipamentos para as
diversas funções da cidade e novas infraestruturas. É possível estimar que, em 25
anos, um outro Brasil urbano se somará ao Brasil urbano de hoje. Como fazê-lo?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Esta é uma agenda que implica mudança de paradigma
urbanístico.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Se continuarmos no modelo atual, as cidades se
expandirão para acolher as novas edificações e o farão em densidade demográfica
cada vez mais baixa. Significa danos ambientais crescentes, infraestruturas sub-aproveitadas,
transportes mais caros e mais demorados, perda de eficácia na prestação dos
serviços públicos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">As exigências ambientais recomendam que a cidade
não continue predatória de território. O rodoviarismo está condenado: a
mobilidade precisará considerar os múltiplos modos e privilegiar redes de alta
capacidade, como o metrô. A democracia política exigirá a universalização dos
serviços públicos. Mas os recursos financeiros à disposição dos governos são
limitados. Tudo isso é incompatível com cidades que se espraiam em densidades decrescentes
– como ocorre hoje.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O Brasil precisará fazer esforço especial para
trocar o modelo urbanístico. Não é fácil. Mas o momento é agora, quando a
população para de crescer. Cada dia no modelo antigo torna a cidade mais
extensa e menos densa, e mais distante sua democratização.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A cidade brasileira desta geração precisará se
somar à cidade existente ficando onde está, sem se expandir e sem perder
densidade. Além de necessário, isso é possível. Aproveitar os vazios urbanos e
os equipamentos degradados, recuperar bairros inteiros, urbanizar assentamentos
populares e oferecer terra a edificar, usando de modo correto os instrumentos
legais, são algumas medidas que podem ajudar nessa tarefa. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">É também uma agenda que exige novo paradigma na
gestão pública. A cidade pede políticas públicas permanentes, não mais à mercê
das idiossincrasias pessoais de governantes e dos interesses dos detentores de
terras a valorizar. É tempo do planejamento compartilhado e de projetos
consequentes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Faz parte deste século 21 a compreensão sobre as
vantagens da equidade, o respeito às razões do planeta e as virtudes da
democracia política. Equidade, sustentabilidade e democracia são componentes
essenciais do ideário contemporâneo. E as cidades, como maior artefato da
cultura, se configuram em sintonia com o tempo.<o:p></o:p></span></div>
<!--[if gte mso 9]><xml>
<o:OfficeDocumentSettings>
<o:AllowPNG/>
</o:OfficeDocumentSettings>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:TrackMoves>false</w:TrackMoves>
<w:TrackFormatting/>
<w:PunctuationKerning/>
<w:DrawingGridHorizontalSpacing>18 pt</w:DrawingGridHorizontalSpacing>
<w:DrawingGridVerticalSpacing>18 pt</w:DrawingGridVerticalSpacing>
<w:DisplayHorizontalDrawingGridEvery>0</w:DisplayHorizontalDrawingGridEvery>
<w:DisplayVerticalDrawingGridEvery>0</w:DisplayVerticalDrawingGridEvery>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:DontGrowAutofit/>
<w:DontAutofitConstrainedTables/>
<w:DontVertAlignInTxbx/>
</w:Compatibility>
</w:WordDocument>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" LatentStyleCount="276">
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]-->
<!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Table Normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin:0cm;
mso-para-margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ascii-font-family:Calibri;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-fareast-font-family:"Times New Roman";
mso-fareast-theme-font:minor-fareast;
mso-hansi-font-family:Calibri;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;
mso-bidi-font-family:"Times New Roman";
mso-bidi-theme-font:minor-bidi;}
</style>
<![endif]-->
<!--StartFragment-->
<!--EndFragment--><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A cidade é o lugar da política. A resposta da ‘geração
21’ nos dirá o bom caminho.</span><span style="font-family: Arial;"><o:p></o:p></span></div>
andrepinarqhttp://www.blogger.com/profile/15715346959806953861noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6524430387582253826.post-63730542095500778302014-09-24T09:49:00.000-03:002014-09-24T09:49:10.147-03:00A soma será melhor<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 19px; margin: 0px 0px 0.0001pt; text-align: right; text-indent: 1cm;">
<i style="line-height: 1.3em; text-align: left; text-indent: 1cm;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: xx-small;">*Artigo publicado originalmente no jornal O Globo de 13/09/2014</span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 19px; margin: 0px 0px 0.0001pt; text-align: right; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: xx-small; line-height: 1.3em;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 19px; margin: 0px 0px 0.0001pt; text-align: right; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: xx-small; line-height: 1.3em;">Sérgio Magalhães</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 19px; margin: 0px 0px 0.0001pt; text-align: right; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: xx-small; line-height: 1.3em;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O
Brasil se encontra ante um desafio inédito. A resposta terá implicações
essenciais para o desenvolvimento, a equidade, o meio-ambiente e para a própria
democracia.<span style="color: #548dd4;"> <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O
sistema político foi surpreendido em 2013 pela força das ruas e pensou
absorve-las no âmbito das eleições de 2014. Pode surpreender-se outra vez. Os
contornos imprevistos avançam além do embate eleitoral e pedem novos
encaminhamentos. O cerne da questão é o modo como a população urbana tem sido
(mal) tratada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O
Brasil viveu longo período de crescimento demográfico e de urbanização da
população. A expansão das cidades era vista como natural. E os problemas urbanos
como típicos do crescimento, justificando as imprevidências e a falta de
planejamento. Construímos importante sistema de cidades, mas metade sem
saneamento, péssimo transporte, moradias precárias. Contudo, a sensação de
futuro se preservava.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Agora,
quando a população pára de crescer, a base muda. As cidades terão outras
referências e os movimentos de 2013 sinalizam nesse sentido. Seria o tempo de
qualificar as cidades.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Vivemos,
porém, fenômeno social que dobrará as cidades atuais. Hoje, no país, vivem três
pessoas em cada domicilio urbano; em uma geração, serão duas pessoas. Sem
crescer a população, isso implica aumentar em 50% o número de moradias, a que
se adicionará a substituição das obsoletas, novos equipamentos, novas
infraestruturas e serviços exigidos pela dinâmica geral. É possível estimar
que, em vinte e cinco anos, um outro Brasil urbano se somará ao Brasil urbano
de hoje.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mas
o sistema de cidades está dado, pouco mudará. Se persistirmos no modelo urbanístico
atual, rodoviarista e predador de territórios, as cidades continuarão se
expandindo. Expandir sem aumento de população significa o esvaziamento da
cidade nas áreas hoje consolidadas. Isto é, infraestruturas sub aproveitadas,
transportes mais caros e mais demorados. Sobretudo, a inviabilidade dos
serviços públicos pelos altos custos. Ou seja, o aumento da desigualdade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Como
fazer com que a cidade universalize os serviços públicos, qualifique os espaços
comuns, garanta a mobilidade adequada? Como alcançar a boa cidade, condição para
o desenvolvimento econômico e social? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O
Brasil precisará construir uma agenda especial para trocar o modelo urbanístico.
Não é fácil, é necessário. Cada dia no modelo antigo, mais extensa, menos densa
e menos bem servida fica a cidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A
nova cidade precisará se somar à cidade existente ficando onde está. Ao invés
de dispersar, concentrar e preservar a população. O aproveitamento dos vazios
urbanos e equipamentos degradados, bairros inteiros a recuperar, a urbanização
dos assentamentos populares e redes de transporte de alta capacidade são
algumas medidas nesse sentido. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">É
uma agenda que pede nova gestão pública, planejamento compartilhado e projetos
consequentes. São eles que desenharão a cidade democrática.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Faz
parte deste século 21 a compreensão sobre as vantagens da equidade, o respeito
às razões do planeta e as virtudes da democracia – componentes essenciais do
ideário contemporâneo. As cidades, maior artefato da cultura, se desenham sintonizadas
no tempo. <o:p></o:p></span></div>
<!--[if gte mso 9]><xml>
<o:OfficeDocumentSettings>
<o:AllowPNG/>
</o:OfficeDocumentSettings>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:TrackMoves>false</w:TrackMoves>
<w:TrackFormatting/>
<w:PunctuationKerning/>
<w:DrawingGridHorizontalSpacing>18 pt</w:DrawingGridHorizontalSpacing>
<w:DrawingGridVerticalSpacing>18 pt</w:DrawingGridVerticalSpacing>
<w:DisplayHorizontalDrawingGridEvery>0</w:DisplayHorizontalDrawingGridEvery>
<w:DisplayVerticalDrawingGridEvery>0</w:DisplayVerticalDrawingGridEvery>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:DontGrowAutofit/>
<w:DontAutofitConstrainedTables/>
<w:DontVertAlignInTxbx/>
</w:Compatibility>
</w:WordDocument>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" LatentStyleCount="276">
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]-->
<!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Table Normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin-top:0cm;
mso-para-margin-right:0cm;
mso-para-margin-bottom:10.0pt;
mso-para-margin-left:0cm;
line-height:115%;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ascii-font-family:Calibri;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-fareast-font-family:"Times New Roman";
mso-fareast-theme-font:minor-fareast;
mso-hansi-font-family:Calibri;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;}
</style>
<![endif]-->
<!--StartFragment-->
<!--EndFragment--><br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O
desafio é inédito porque o país pouco cuidou do seu espaço urbano. Está na
hora. Neste mais um Brasil urbano, a soma há de ser melhor do que as parcelas. </span><span style="font-family: Arial;"><o:p></o:p></span></div>
andrepinarqhttp://www.blogger.com/profile/15715346959806953861noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6524430387582253826.post-26486591202099301762014-08-20T12:57:00.004-03:002014-08-20T13:03:57.608-03:00Morar Bem - "A arquitetura de agora valoriza o ambiente social"<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-Adnq6wpYuNw/U_TFOGX_K0I/AAAAAAAABok/csMRvq9L9qY/s1600/o_globo_-_a_arquitetura_de_agora_Morar%2Bbem.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-Adnq6wpYuNw/U_TFOGX_K0I/AAAAAAAABok/csMRvq9L9qY/s1600/o_globo_-_a_arquitetura_de_agora_Morar%2Bbem.jpg" height="640" width="424" /></a></div>
<br />andrepinarqhttp://www.blogger.com/profile/15715346959806953861noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6524430387582253826.post-73747554953401795142014-08-20T12:41:00.002-03:002014-08-20T12:41:37.799-03:00De mãos dadas<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; line-height: 19px; margin: 0px 0px 0.0001pt; text-align: right; text-indent: 1cm;">
<i style="line-height: 1.3em; text-align: left; text-indent: 1cm;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">*Artigo publicado originalmente no jornal O Globo de 16/08/2014</span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; line-height: 19px; margin: 0px 0px 0.0001pt; text-align: right; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 1.3em;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; line-height: 19px; margin: 0px 0px 0.0001pt; text-align: right; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 1.3em;">Sérgio Magalhães</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A
brutal transformação que as grandes cidades experimentaram ao longo do século
XX teve dois componentes tecnológicos essenciais: o elevador e o automóvel. Eles
mudaram a imagem ambiental urbana e produziram dois estereótipos: a cidade alta
e a cidade expandida.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Nova
York consagrou-se como cidade dos arranha-céus, mas não do automóvel; Los
Angeles, como uma cidade sem limites sustentada pelo carro. No Brasil, em
geral, as cidades foram muito receptivas ao edifício alto e modificaram até
mesmo suas linhas estruturais pelo privilégio ao rodoviarismo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Agora,
na África do Sul, por ocasião da Assembléia Geral da União Internacional de
Arquitetos, em que o Rio foi escolhida como sede do Congresso Mundial de
Arquitetos de 2020, concorrendo com Paris e com Melbourne (Austrália), ficaram
claros distintos modelos de cidades.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Paris,
a metrópole reconfigurada no século XIX, preservou suas características
ambientais centrais e cresceu para fora do núcleo apoiada no transporte de alta
capacidade. Valoriza o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">continuum</i>
construído e o espaço público.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Melbourne,
cidade de grande expansão a partir dos anos 1950, moldou-se pelo automóvel e
pela edificação autônoma em relação ao espaço público. Valoriza o edifício
isolado e o ‘não lugar’.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Rio,
a cidade múltipla, diversa, não se contém nos modelos, e mantém certa
ambiguidade nas escolhas que faz. Rejeitou o espigão mas estimula o aumento de
volumes a construir. Sua vida é no espaço público – mas será que o valoriza?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Contudo,
não são apenas os componentes tecnológicos que conformam as cidades.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A
sociedade se molda na cidade e é nela representada. A aparente dissociação
entre valores sócio-políticos e a materialidade urbana certamente é ilusória. Isto
é, na cidade, a forma e o desejo andam de mãos dadas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Se
o que vemos no nosso quotidiano urbano indigna nossa concepção de civilidade
democrática, tal dissintonia há de sinalizar ou um alheamento nosso em relação
aos elementos conformadores da cidade ou uma hipervalorização de nossas
expectativas destituída de consequências na ação política.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Daí,
a importância do conhecimento e do debate sobre os caminhos escolhidos para o
nosso desenvolvimento urbano-arquitetônico. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Com
a escolha do Brasil e do Rio como sede do maior evento de arquitetura do mundo,
o Congresso UIA 2020, sob o tema “Todos os mundos; um só mundo; arquitetura
21”, pelos próximos seis anos teremos a possibilidade de ampliar a reflexão
sobre nossas cidades. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Elas
ainda são fontes de desigualdade, a ser combatida. Lugares do conflito, são
instrumentos da educação para o convívio entre os diferentes e para a
tolerância, a ser valorizada. A dimensão espacial desses propósitos é a
arquitetura.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A
cidade do desejo contemporâneo é acolhedora e inclusiva e se desenha voltada
para as pessoas – para todos os homens, mulheres, crianças e idosos, com
capacidade de movimento ou com dificuldades para tanto, pedestres ou não, de
todas as etnias, religiões e talentos. Os lugares são compartilhados e os
serviços urbanos são universalizados. É uma cidade não predatória de território
e do ambiente.<o:p></o:p></span></div>
<!--[if gte mso 9]><xml>
<o:OfficeDocumentSettings>
<o:AllowPNG/>
</o:OfficeDocumentSettings>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:TrackMoves>false</w:TrackMoves>
<w:TrackFormatting/>
<w:PunctuationKerning/>
<w:DrawingGridHorizontalSpacing>18 pt</w:DrawingGridHorizontalSpacing>
<w:DrawingGridVerticalSpacing>18 pt</w:DrawingGridVerticalSpacing>
<w:DisplayHorizontalDrawingGridEvery>0</w:DisplayHorizontalDrawingGridEvery>
<w:DisplayVerticalDrawingGridEvery>0</w:DisplayVerticalDrawingGridEvery>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:DontGrowAutofit/>
<w:DontAutofitConstrainedTables/>
<w:DontVertAlignInTxbx/>
</w:Compatibility>
</w:WordDocument>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" LatentStyleCount="276">
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]-->
<!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Table Normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin-top:0cm;
mso-para-margin-right:0cm;
mso-para-margin-bottom:10.0pt;
mso-para-margin-left:0cm;
line-height:115%;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ascii-font-family:Calibri;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-fareast-font-family:"Times New Roman";
mso-fareast-theme-font:minor-fareast;
mso-hansi-font-family:Calibri;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;}
</style>
<![endif]-->
<!--StartFragment-->
<!--EndFragment--><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A
forma urbana que corresponde a tal desejo não se esgota em um modelo. </span><span style="font-family: Arial;"><o:p></o:p></span></div>
andrepinarqhttp://www.blogger.com/profile/15715346959806953861noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6524430387582253826.post-81602593023617666532014-07-10T19:31:00.001-03:002014-07-10T19:31:41.329-03:00Vitória da Copa<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-WzQfbZ6oaaw/U78UM6nQwTI/AAAAAAAABn8/uHTpwbQV_1M/s1600/Vito%CC%81ria+da+copa-julho2014-CH+002.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-WzQfbZ6oaaw/U78UM6nQwTI/AAAAAAAABn8/uHTpwbQV_1M/s1600/Vito%CC%81ria+da+copa-julho2014-CH+002.jpg" height="320" width="219" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; margin: 0px 0px 0.75em; text-align: right;">
<span style="font-style: italic;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-size: xx-small;">*Artigo publicado originalmente na revista Ciência Hoje 316 - julho/2014</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; margin: 0px 0px 0.75em; text-align: right;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: xx-small; line-height: 19px; text-indent: 37.7952766418457px;">Sérgio Magalhães</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Escrevo
às vésperas da Copa do Mundo, na expectativa de vitória brasileira e da
realização de um grande evento em todo o país. Também escrevo às voltas com
greves, ruas tomadas indistintamente por manifestações de portes variados,
cidades à beira de um ataque de nervos. Como estaremos quando esta revista
estiver nas bancas?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O
processo de urbanização vivido pelo país desde meados do século passado resultou
na quadruplicação da população urbana e na promoção de vinte metrópoles, com
duas megacidades. As melhoras nos índices sociais, de saúde, mortalidade
infantil, longevidade, alfabetização, educação, entre outros, tiveram na cidade
o seu suporte essencial e, em processo biunívoco, deram força ao crescimento
urbano.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O
processo político também foi vertiginoso. Superada a ditadura, o país implantou
uma democracia consistente, venceu a instabilidade financeira-inflacionária,
promoveu a melhora econômica de milhões de brasileiros e reduziu a miséria.
Estamos nos encaminhando para a sétima eleição geral desde a Constituição de
1988.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Contudo,
há uma sensação geral de desconforto que faz com que inclusive as grandes
conquistas estejam sob dúvida. Parece haver um consenso: a vida urbana tem se
deteriorado muito nos últimos tempos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Dificuldades
na mobilidade, aumento da violência, ausência de serviços públicos ou
ineficiência na sua prestação, entre outros, são temas do quotidiano da imensa maioria
dos brasileiros, em especial nas grandes cidades. E este panorama não se
coaduna com a ideia de que o Brasil é um novo fenômeno mundial, a sétima
economia do mundo, um país rico.<span style="color: red;"> <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Onde
está situado o descompasso?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A
Copa do Mundo, assim como os Jogos Olímpicos, certamente não são uma panaceia
para a superação dos nossos problemas. Porém atuam como potencializadores de
esforços e de recursos que estariam dispersos ou sequer seriam disponíveis.
Mas, justamente por se configurarem como um momento preciso, uma data
específica, é que conseguem a mobilização capaz de acelerar processos ou propor
novos desafios.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Artigo
assinado pelo presidente do Tribunal de Contas da União, publicado em O Globo
em 12 de junho, afirma que apenas 43% das obras de mobilidade urbana projetadas
como legado da Copa ficaram prontas. Diz o TCU que “o Brasil precisa planejar
melhor” e que a instituição “está engajada em um projeto de Estado para pensar
o país a longo prazo”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Assim,
quando não se alcançam as metas elencadas e as promessas não se materializam, põem-se
à luz muitas das dificuldades estruturais ao desenvolvimento. E, entre estas,
encontra-se o descompasso entre as exigências do sistema urbano brasileiro e a
capacidade do Estado enfrentar os desafios urbanos contemporâneos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O
Estado brasileiro cresceu muito nas últimas décadas. Mas ainda não atentou para
a necessidade de estruturar, nos três níveis de governo, um sistema de Planejamento
que seja compatível com os avanços políticos alcançados com a democratização.
Nós fomos capazes de construir um importante, complexo, diverso e rico sistema
de cidades. Mas nesse processo também se promoveu um enorme passivo
sócio-ambiental, crescente desigualdade intra-urbana e escassez na prestação
dos serviços públicos urbanos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">As
coisas ficaram mais complexas e a discricionariedade de bons e honestos
governantes não é mais suficiente. Os problemas urbanos não se resolverão por
mágica, por promessa ou apenas por “vontade política”. Nossas cidades precisam
de políticas públicas consistentes, implantadas com continuidade, de amplo
conhecimento, que garantam a todo cidadão o pleno exercício do Direito à
Cidade. <o:p></o:p></span></div>
<!--[if gte mso 9]><xml>
<o:OfficeDocumentSettings>
<o:AllowPNG/>
</o:OfficeDocumentSettings>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:TrackMoves>false</w:TrackMoves>
<w:TrackFormatting/>
<w:PunctuationKerning/>
<w:DrawingGridHorizontalSpacing>18 pt</w:DrawingGridHorizontalSpacing>
<w:DrawingGridVerticalSpacing>18 pt</w:DrawingGridVerticalSpacing>
<w:DisplayHorizontalDrawingGridEvery>0</w:DisplayHorizontalDrawingGridEvery>
<w:DisplayVerticalDrawingGridEvery>0</w:DisplayVerticalDrawingGridEvery>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:DontGrowAutofit/>
<w:DontAutofitConstrainedTables/>
<w:DontVertAlignInTxbx/>
</w:Compatibility>
</w:WordDocument>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" LatentStyleCount="276">
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]-->
<!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Table Normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin-top:0cm;
mso-para-margin-right:0cm;
mso-para-margin-bottom:10.0pt;
mso-para-margin-left:0cm;
line-height:115%;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ascii-font-family:Calibri;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-fareast-font-family:"Times New Roman";
mso-fareast-theme-font:minor-fareast;
mso-hansi-font-family:Calibri;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;}
</style>
<![endif]-->
<!--StartFragment-->
<!--EndFragment--><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Vencido
o mês do futebol, espero que o Brasil tenha sido vitorioso. Se possível, também
nas quatro linhas. Mas, de qualquer modo, sairá desta Copa do Mundo um país
mais atento às dificuldades de suas cidades.</span><b style="font-family: Arial;"><o:p></o:p></b></div>
andrepinarqhttp://www.blogger.com/profile/15715346959806953861noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6524430387582253826.post-34567809641139537462014-06-24T09:39:00.000-03:002014-06-24T09:39:21.650-03:00Está valendo o jogo?<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, sans-serif; line-height: 19px; margin: 0px 0px 0.0001pt; text-align: right; text-indent: 1cm;">
<i style="line-height: 1.3em; text-align: left; text-indent: 1cm;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-size: x-small;">*Artigo publicado originalmente no jornal O Globo de 21/06/2014</span></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, sans-serif; line-height: 16px; margin: 0px 0px 0.75em;">
<span style="font-size: x-small;"><span style="font-family: Arial;"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, sans-serif; line-height: 16px; margin: 0px 0px 0.75em;">
<div style="line-height: 1.3em; margin: 0px 0px 0.75em; text-align: right;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-size: x-small;">Sérgio Magalhães</span></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Acabada
a 2ª Guerra Mundial, Jean Paul Sartre visita Nova York pela primeira vez. À
procura de uma imagem urbana reconhecível, que não encontra, ele se sente
perdido entre ruas retas. Para ele, a cidade não tem a mesma “natureza” da sua Paris.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mas
a Paris que Sartre naturalizava era resultante das obras promovidas em meados
do século XIX e que então causaram estranhamento ao poeta Charles Baudelaire:
“A forma de uma cidade / muda mais rápido – ai de mim – / que o coração de um
mortal”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Agora,
século XXI, a atriz Fernanda Torres sofre com perdas afetivo-arquitetônicas em
seu bairro, como o anunciado fechamento do Cinema Leblon. “Devia haver um
decreto para impedir que, ao crescerem, as cidades deixem de ser o que são”,
sugere.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Sartre,
Baudelaire e Fernanda sintetizam sensações de desconforto ante a perda de
referências espaciais. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Embora
saibamos que toda cidade é sempre outra, ainda que a forma seja estável, pois o
uso, as pessoas e os sentimentos são cambiantes, mesmo assim a relação com o
ambiente urbano constrói a identidade cidadã e a noção de pertencimento à
cidade. Mudar a cidade, portanto, não é ação destituída de consequências
importantes para as pessoas. E, por isso mesmo, precisa ser tratada também na
dimensão que interessa ao cidadão e à memória coletiva.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Em
nosso arcabouço jurídico, o Estado tem o monopólio de regular o volume e o uso
das edificações. O que legitima tal privilégio é a busca pela forma urbana que
melhor possa corresponder à ideia de uma boa cidade. A lei expressaria esse
caminho. No entanto, o poder público tem abstraído essa responsabilidade, priorizando
legislar sobre o aproveitamento imobiliário dos lotes através de índices
genéricos que não consideram as proporções dos edifícios entre si e com a
cidade. Se, de fato, buscasse o melhor ambiente, o Estado não deveria “vender” licenças
para construir além do permitido pela lei, o que tem sido feito crescentemente.
Com isso, a imagem ambiental da cidade, na prática, é desenhada pela
propriedade fundiária. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Abre-se
uma luta inglória entre o interesse do negócio imobiliário e as referências
coletivas e cidadãs. Parece ser o caso do Cinema Leblon. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A
lei protege o edifício e o seu uso como cinema. Mas a empresa proprietária do
imóvel e do cinema afirma que o uso só será possível se for construído um
edifício comercial no terreno. O lucro imobiliário constituirá um fundo para
manter o cinema? Essa equação não está explicada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O
que se percebe é que a função cinema está sendo utilizada como elemento de
troca para permitir que o tombamento do imóvel seja “flexibilizado”. Fica o
cinema, mas não fica o edifício tombado. Ou seja, entre preservar a referência
de uso e a referência espacial, opta-se pela primeira. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Essa
é uma resposta que privilegia um aspecto da construção da memória coletiva em
detrimento de outro elemento dela constituinte. <o:p></o:p></span></div>
<!--[if gte mso 9]><xml>
<o:OfficeDocumentSettings>
<o:AllowPNG/>
</o:OfficeDocumentSettings>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:TrackMoves>false</w:TrackMoves>
<w:TrackFormatting/>
<w:PunctuationKerning/>
<w:DrawingGridHorizontalSpacing>18 pt</w:DrawingGridHorizontalSpacing>
<w:DrawingGridVerticalSpacing>18 pt</w:DrawingGridVerticalSpacing>
<w:DisplayHorizontalDrawingGridEvery>0</w:DisplayHorizontalDrawingGridEvery>
<w:DisplayVerticalDrawingGridEvery>0</w:DisplayVerticalDrawingGridEvery>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:DontGrowAutofit/>
<w:DontAutofitConstrainedTables/>
<w:DontVertAlignInTxbx/>
</w:Compatibility>
</w:WordDocument>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" LatentStyleCount="276">
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]-->
<!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Table Normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin-top:0cm;
mso-para-margin-right:0cm;
mso-para-margin-bottom:10.0pt;
mso-para-margin-left:0cm;
line-height:115%;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ascii-font-family:Calibri;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-fareast-font-family:"Times New Roman";
mso-fareast-theme-font:minor-fareast;
mso-hansi-font-family:Calibri;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;}
</style>
<![endif]-->
<!--StartFragment-->
<!--EndFragment--><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Em
tempos de Copa, toda esperança pode mudar em segundos. Vimos agora como ocorreu
com a seleção campeã do mundo de 2010. As regras assim o definiram. Mas, no
caso da cidade, qual o jogo que vale? </span><span style="font-family: Arial;"><o:p></o:p></span></div>
andrepinarqhttp://www.blogger.com/profile/15715346959806953861noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6524430387582253826.post-87957745433020742342014-06-18T10:13:00.002-03:002014-06-18T10:20:03.575-03:00Nada de resposta única<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, sans-serif; line-height: 19px; margin: 0px 0px 0.0001pt; text-align: right; text-indent: 1cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, sans-serif; line-height: 16px; margin: 0px 0px 0.75em; text-align: right;">
<span style="font-style: italic;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-size: x-small;">*Artigo publicado originalmente na revista Ciência Hoje 315 - junho/2014</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, sans-serif; line-height: 16px; margin: 0px 0px 0.75em; text-align: right;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 19px; text-indent: 37.7952766418457px;">Sérgio Magalhães</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-qpuCjAuPONY/U6GR3zWIQZI/AAAAAAAABm4/6p-_f9-7rfo/s1600/Nada+de+resposta+u%CC%81nica-CH-junho2014+002.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-qpuCjAuPONY/U6GR3zWIQZI/AAAAAAAABm4/6p-_f9-7rfo/s1600/Nada+de+resposta+u%CC%81nica-CH-junho2014+002.jpg" height="320" width="218" /></a></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Os movimentos populares por moradia apresentaram
intensa mobilização nas últimas semanas em diversas cidades do país. A crise da
habitação, porém, não se resolve com a construção de moradia. Na cidade
contemporânea, habitar envolve uma multiplicidade de condições – a casa é
apenas uma delas. Enfrentar o problema habitacional pressupõe tratar a questão
urbana de modo abrangente: na infraestrutura, na mobilidade, nos serviços
públicos, no espaço público, nos equipamentos urbanos e, obviamente, no abrigo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Contudo, nossas políticas públicas, quando existem,
são sempre setoriais. Os gestores públicos enfrentam cada problema com o que
lhe parece mais objetivo. Isso, porém, tende a conduzir a equívocos reiterados,
como se dá na moradia popular. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">No Brasil, há décadas, os governos insistem, como
política de habitação, na construção da moradia utilizando o modelo dos
conjuntos residenciais. A experiência demonstra um duplo fracasso dessa
política: (i) na tentativa governamental de ter exclusividade na promoção
habitacional popular; e (ii) na adoção de apenas uma modalidade, o conjunto
residencial. Com isso, a produção de unidades é muito inferior à demanda,
enquanto se amplia o número de moradias erguidas pelas famílias nas condições
mais precárias. E vende-se a ilusão de que estamos enfrentando o problema da
moradia popular.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Não há resposta única para um problema tão amplo. É
a soma de respostas, pequenas e grandes, que poderá enfrentar a questão. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Entre elas está a qualificação do imenso patrimônio
econômico, social e cultural já gerado pelo povo brasileiro na produção de suas
moradias, muitas vezes mais bem inseridas no contexto urbano do que as dos
programas oficiais. A urbanização desses assentamentos populares, em geral
carentes de infraestrutura e equipamentos que somente o esforço coletivo pode
prover, é uma resposta essencial. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Bairros bem localizados, mas hoje degradados, podem
recuperar sua vitalidade com estímulos à produção nova e com melhor tratamento
dos espaços públicos e dos serviços. É o caso de muitos bairros centrais de
nossas cidades. No Rio, São Cristóvão, Benfica e muitos outros são excelentes
lugares habitacionais à espera de política de recuperação. Imóveis mais antigos
também oferecem uma infinidade de oportunidades de aproveitamento para a população
de renda baixa e média, em especial para o aluguel social, desde que se
trabalhe de maneira integrada com financiamento dirigido para a restauração
desse patrimônio.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A valorização imobiliária, em geral, tem sido
onerosa para as famílias que pagam aluguel, o que pode levar à sua expulsão
para áreas periféricas. É um tema complexo. Políticas de moradia para aluguel
vinculadas ao crédito para novas habitações, onde parcelas sejam
necessariamente destinadas a famílias de renda mais baixa, têm sido testadas em
diversos países com resultados satisfatórios.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Os financiamentos habitacionais estão dirigidos
prioritariamente para governos e empreiteiros e é por meio deles que a família
tem acesso ao bem. Com isso, prevalece o interesse comercial do construtor na
escolha do lugar, da tipologia e da qualidade construtiva. A família precisa
ter crédito independente – não pode ser um repasse do promotor – e deve poder escolher
onde morar e em que condições. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Enfim, o programa federal Minha Casa Minha Vida, se
deixar de ser visto como a única resposta para a crise de moradia popular,
poderá prestar melhores serviços ao desenvolvimento social e urbano. Certamente
estará mais bem inserido na cidade e com melhor qualidade projetual e
construtiva.<o:p></o:p></span></div>
<!--[if gte mso 9]><xml>
<o:OfficeDocumentSettings>
<o:AllowPNG/>
</o:OfficeDocumentSettings>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:TrackMoves>false</w:TrackMoves>
<w:TrackFormatting/>
<w:PunctuationKerning/>
<w:DrawingGridHorizontalSpacing>18 pt</w:DrawingGridHorizontalSpacing>
<w:DrawingGridVerticalSpacing>18 pt</w:DrawingGridVerticalSpacing>
<w:DisplayHorizontalDrawingGridEvery>0</w:DisplayHorizontalDrawingGridEvery>
<w:DisplayVerticalDrawingGridEvery>0</w:DisplayVerticalDrawingGridEvery>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:DontGrowAutofit/>
<w:DontAutofitConstrainedTables/>
<w:DontVertAlignInTxbx/>
</w:Compatibility>
</w:WordDocument>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" LatentStyleCount="276">
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]-->
<!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Table Normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin:0cm;
mso-para-margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ascii-font-family:Calibri;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-fareast-font-family:"Times New Roman";
mso-fareast-theme-font:minor-fareast;
mso-hansi-font-family:Calibri;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;
mso-bidi-font-family:"Times New Roman";
mso-bidi-theme-font:minor-bidi;}
</style>
<![endif]-->
<!--StartFragment-->
<!--EndFragment--><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O problema habitacional é do tamanho do Brasil
urbano. Ele deve ter muitíssimas respostas. </span><span style="font-family: Arial;"><o:p></o:p></span></div>
andrepinarqhttp://www.blogger.com/profile/15715346959806953861noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6524430387582253826.post-89580468725618521402014-06-18T10:10:00.001-03:002014-06-18T10:10:50.790-03:00São outros quinhentos<br />
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 19px; margin: 0px 0px 0.0001pt; text-align: right; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: xx-small;"><i style="line-height: 1.3em; text-align: left; text-indent: 1cm;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">*Artigo publicado originalmente no jornal O Globo de 25/05/2014</span></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; margin: 0px 0px 0.75em;">
<span style="font-family: Arial;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; line-height: 16px; margin: 0px 0px 0.75em;">
<div style="font-family: Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.3em; margin: 0px 0px 0.75em; text-align: right;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: xx-small;">Sérgio Magalhães</span></div>
<div style="font-family: Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.3em; margin: 0px 0px 0.75em; text-align: right;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: xx-small;"><br /></span></div>
<div style="line-height: 1.3em; margin: 0px 0px 0.75em; text-align: right;">
<!--[if gte mso 9]><xml>
<o:OfficeDocumentSettings>
<o:AllowPNG/>
</o:OfficeDocumentSettings>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:TrackMoves>false</w:TrackMoves>
<w:TrackFormatting/>
<w:PunctuationKerning/>
<w:DrawingGridHorizontalSpacing>18 pt</w:DrawingGridHorizontalSpacing>
<w:DrawingGridVerticalSpacing>18 pt</w:DrawingGridVerticalSpacing>
<w:DisplayHorizontalDrawingGridEvery>0</w:DisplayHorizontalDrawingGridEvery>
<w:DisplayVerticalDrawingGridEvery>0</w:DisplayVerticalDrawingGridEvery>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:DontGrowAutofit/>
<w:DontAutofitConstrainedTables/>
<w:DontVertAlignInTxbx/>
</w:Compatibility>
</w:WordDocument>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" LatentStyleCount="276">
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]-->
<!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Table Normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin-top:0cm;
mso-para-margin-right:0cm;
mso-para-margin-bottom:10.0pt;
mso-para-margin-left:0cm;
line-height:115%;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ascii-font-family:Calibri;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-fareast-font-family:"Times New Roman";
mso-fareast-theme-font:minor-fareast;
mso-hansi-font-family:Calibri;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;}
</style>
<![endif]-->
<!--StartFragment-->
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Passando
por um mergulhão recém inaugurado, comentou comigo o taxista em Brasília: “não
entendo o pessoal que reclama de gastos com obras da Copa; fosse na Alemanha,
que tem tudo, tá bem; mas aqui, que não tem nada?”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">De
fato, se considerarmos o todo de cada cidade, essa avaliação tem o seu valor.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Brasília,
por exemplo. O Plano Piloto, a região do Distrito Federal sob desenho de Lucio
Costa, tem qualidade ímpar, com suas superquadras, paisagismo magnífico,
edifícios públicos de reconhecimento mundial, enfim, é uma “civitas” e uma
“urbes”, como queria o seu autor. Mas no PP moram menos de trezentos mil
habitantes enquanto que na Grande Brasília já são mais de três milhões. Nas
áreas satélites ao Plano, a realidade é outra: há falta de infraestrutura, de
transporte, de arborização e de serviços públicos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">É
uma realidade comum às cidades brasileiras, nas quais a maior porção é composta
por uma ocupação difusa com urbanização precária e grande escassez de serviços
públicos. Tem razão o taxista: falta muita coisa na cidade. A obra pública é indispensável.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Os
governos focam na obra o seu objeto de desejo. Querem obra (não necessariamente
obra pronta...). E, paradoxalmente, não se preocupam em planeja-las. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">No
país, os incipientes sistemas públicos de planejamento foram desmobilizados,
seus quadros funcionais são mínimos. Os governos passaram a se apoiar em
equipes comissionadas, que não lhes dão o suporte da pesquisa e da reflexão. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Querendo<span style="color: red;"> </span>abstrair a carência de planejamento e de projetos,
sem os elaborar, o governo federal editou um regime especial de licitação de
obras públicas, o RDC, com o qual as empreiteiras são contratadas mesmo sem
projeto, o que vale para as obras da Copa e do PAC. Reduz-se o prazo para
contratação do construtor, não necessariamente o das obras; sem projeto, as
obras têm preço e qualidade à conveniência do interesse comercial da
empreiteira. Não é um bom legado, como nos diz o sentimento das ruas. Felizmente,
a generalização desse regime para todas as obras públicas, em todos os níveis
de governo, que chegou a ser proposta no Congresso, foi rejeitada pelo Senado
esta semana.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O
planejamento da ordenação do território e das obras públicas correspondentes é função
de Estado e pede continuidade. Agindo sem planejamento, na emoção da premência,
os governos aumentam as chances de erro - no custo, na qualidade e nos prazos.
Erram também na avaliação das prioridades, o que é apontado por muitos
brasileiros que se manifestam em relação às obras da Copa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Lá
na Alemanha, que tem tudo, por certo cada obra pública é planejada, discutida
com os cidadãos, avaliadas possibilidades e custos. O governo contrata projetos
completos e depois é que contrata a construção.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Aqui,
onde falta tanto, mais necessário seria um Estado preparado para definir
investimentos de alto rendimento social. A desigualdade intra-urbana, que se resume
na expressão do taxista, “aqui, que não tem nada”, é um dos mais prementes
desafios da cidade contemporânea. <span style="color: black;">A construção da
consciência coletiva por cidades menos desiguais, esse sim, talvez possa ser um
dos melhores legados da Copa.</span><o:p></o:p></span></div>
<span style="line-height: 115%;"><div style="text-align: left;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 115%;">Uma das lições do futebol é
que o improviso às vezes dá certo no campo. Nas obras, fica mais caro. Na Copa,
são outros quinhentos. Mas, por enquanto, vamos torcer!</span></div>
</span></div>
</div>
andrepinarqhttp://www.blogger.com/profile/15715346959806953861noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6524430387582253826.post-11989348177853801192014-05-22T09:29:00.001-03:002014-05-22T09:29:45.922-03:00Condição Necessária<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; line-height: 19px; margin: 0px 0px 0.0001pt; text-align: right; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Sérgio Magalhães</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; line-height: 19px; margin: 0px 0px 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; line-height: 16px; margin: 0px 0px 0.75em; text-align: right;">
<span style="font-style: italic;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">*Artigo publicado originalmente na revista Ciência Hoje 314 - maio/2014</span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-hKjVvF42j84/U33tcTJaM8I/AAAAAAAABmc/GcAisXByLvY/s1600/Condic%CC%A7a%CC%83o+Necessa%CC%81ria-maio2014-pag.53.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-hKjVvF42j84/U33tcTJaM8I/AAAAAAAABmc/GcAisXByLvY/s1600/Condic%CC%A7a%CC%83o+Necessa%CC%81ria-maio2014-pag.53.jpg" height="320" width="221" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Irônico paradoxo. Um dos assuntos mais presentes
na mídia brasileira é o das favelas. Não obstante, é tema que não figura no rol
de preocupações do Estado brasileiro.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A favela não é um fenômeno restrito a poucas
cidades. Estão em favelas perto de 10% dos domicílios urbanos brasileiros; em
São Paulo e no Rio de Janeiro alcançam mais de 20% dos domicílios dessas
cidades. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Embora se constitua como uma tipologia
típica, onde predominam as moradias produzidas por auto-construção e na qual o
espaço público é, em geral, mal definido, hoje muitas vezes a favela é tratada
como o genérico de todo assentamento irregular, inclusive os loteamentos
populares. De certo modo esse entendimento corresponde à realidade, pois
favelas e loteamentos populares indistintamente em geral são lugares com
déficit de infraestrutura, com escassez ou inexistência de serviços públicos,
com moradias construídas segundo as possibilidades das famílias – do jeito
precário que a falta de condições financeiras permite.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Assim, essas duas tipologias associadas
constituem a maior parte das cidades brasileiras. Abrigam mais da metade das
moradias e não contam com as condições urbanísticas essenciais à vida
contemporânea.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Pode-se afirmar que, no quadro das cidades
brasileiras, há um enorme déficit de urbanização e uma grande escassez de
serviços públicos, o que muitos chamam por ausência de Estado.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mas, ao invés de reconhecer o esforço que as
famílias pobres já fizeram em busca de sua inserção na sociedade urbana, tratar
de suprir as infraestruturas e garantir os serviços públicos nesses assentamentos
populares, o Estado volta seu interesse quase que exclusivamente para a
construção de conjuntos residenciais. Simultaneamente, ignora a realidade da
maioria e sinaliza com um modelo habitacional que não pode universalizar. Ainda,
ao abandonar à própria sorte partes importantes das cidades, o Estado permite
que elas sejam tomadas por forças da anomia e por interesses marginais, que
impõem regras próprias às populações submetidas – para além da dominação
territorial armada. A Constituição brasileira não vige nesses territórios. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Seja no tempo dos Institutos de Aposentadoria
e Pensões (anos 1940-1950), ou do BNH (anos 1960-1980) ou, ainda, do programa Minha
Casa, Minha Vida (desde 2009), o modelo habitacional a que o Estado tem se
dedicado é ineficiente mesmo tratando-se apenas da produção de moradia. Historicamente,
esse modelo produziu menos do que um quinto dos domicílios urbanos. Até mesmo
nos momentos de grande prioridade é largamente insuficiente.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Veja-se o caso do Programa MCMV. Anuncia ter
construído 1,5 milhão de domicílios desde 2009. Nesse mesmo período, o povo
brasileiro construiu mais de 7,5 milhões de residências. Ainda que se considere
alcançar a meta de 3 milhões de domicílios até 2015, ainda assim a contribuição
do MCMV – importante, não há dúvida – não chegará a 40% da produção de
domicílios urbanos brasileiros no período. Ou seja, mais de 60% dos domicílios
continuarão sendo produzidos na precariedade e na irregularidade das favelas e
dos loteamentos populares.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Estimular a produção de moradia em bases regulares,
legais, permanentes, é uma política necessária, indispensável, mas que precisa
incorporar outros modelos que não apenas a construção de conjuntos
residenciais. A expansão do crédito imobiliário diretamente às famílias é uma
alternativa desejável. <o:p></o:p></span></span></div>
<!--[if gte mso 9]><xml>
<o:OfficeDocumentSettings>
<o:AllowPNG/>
</o:OfficeDocumentSettings>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:TrackMoves>false</w:TrackMoves>
<w:TrackFormatting/>
<w:PunctuationKerning/>
<w:DrawingGridHorizontalSpacing>18 pt</w:DrawingGridHorizontalSpacing>
<w:DrawingGridVerticalSpacing>18 pt</w:DrawingGridVerticalSpacing>
<w:DisplayHorizontalDrawingGridEvery>0</w:DisplayHorizontalDrawingGridEvery>
<w:DisplayVerticalDrawingGridEvery>0</w:DisplayVerticalDrawingGridEvery>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:DontGrowAutofit/>
<w:DontAutofitConstrainedTables/>
<w:DontVertAlignInTxbx/>
</w:Compatibility>
</w:WordDocument>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" LatentStyleCount="276">
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]-->
<!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Table Normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin-top:0cm;
mso-para-margin-right:0cm;
mso-para-margin-bottom:10.0pt;
mso-para-margin-left:0cm;
line-height:115%;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ascii-font-family:Calibri;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-fareast-font-family:"Times New Roman";
mso-fareast-theme-font:minor-fareast;
mso-hansi-font-family:Calibri;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;}
</style>
<![endif]-->
<!--StartFragment-->
<!--EndFragment--><br />
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mas, de qualquer modo, não é possível que o
país persista na ausência de políticas públicas de urbanização de favelas e
loteamentos populares com a correspondente universalização dos serviços
públicos. A incorporação desses assentamentos à cidade contemporânea – onde se
garanta às suas populações a proteção da Constituição – é uma condição para o
desenvolvimento brasileiro. Sobretudo, é um direito cidadão e uma exigência
democrática. </span><span style="font-family: Arial; font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></span></div>
andrepinarqhttp://www.blogger.com/profile/15715346959806953861noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6524430387582253826.post-75790643081194519082014-05-05T11:13:00.001-03:002014-05-05T11:13:33.399-03:00Licitação de obras públicas deve ser simplificada? Não. - Atalho para malfeitos - <div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; line-height: 16px; margin: 0px 0px 0.75em;">
<div style="line-height: 1.3em; margin: 0px 0px 0.75em; text-align: right;">
<i style="text-align: left;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><br />*Artigo publicado originalmente na Folha de São Paulo 26/04/2014</span></i></div>
<div style="line-height: 1.3em; margin: 0px 0px 0.75em; text-align: right;">
<a href="http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2014/04/1445720-licitacao-de-obras-publicas-deve-ser-simplificada-nao.shtml" style="line-height: normal; text-align: start;" target="_blank"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2014/04/1445720-licitacao-de-obras-publicas-deve-ser-simplificada-nao.shtml</span></a></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; line-height: 16px; margin: 0px 0px 0.75em;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; line-height: 16px; margin: 0px 0px 0.75em;">
<div style="line-height: 1.3em; margin: 0px 0px 0.75em; text-align: right;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Sérgio Magalhães</span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 15.0pt; mso-line-height-rule: exactly; mso-pagination: widow-orphan no-line-numbers;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 15.0pt; mso-line-height-rule: exactly; mso-pagination: widow-orphan no-line-numbers;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Nós estamos
satisfeitos com as obras dos estádios para a Copa? Estão no prazo? Estão com
custos conhecidos? Estamos contentes com as obras de infraestrutura prometidas?
Estão bem feitas? E as obras do PAC?<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 15.0pt; mso-line-height-rule: exactly; mso-pagination: widow-orphan no-line-numbers;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Pois saibamos que
foram contratadas por uma lei de exceção – o tal RDC. Agora, quer-se estender a
todas as obras públicas, sejam municipais, estaduais ou federais, o mesmo
regime. O argumento: precisa simplificar a licitação. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 15.0pt; mso-line-height-rule: exactly; mso-pagination: widow-orphan no-line-numbers;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O limite da simplificação
é o gestor público chamar o empreiteiro seu amigo e lhe dizer: “Faça essa obra.
Eu não sei bem o que eu quero, mas você pode começar. Meu povo garante os
dinheiros.”<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 15.0pt; mso-line-height-rule: exactly; mso-pagination: widow-orphan no-line-numbers;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Será fantasia? <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 15.0pt; mso-line-height-rule: exactly; mso-pagination: widow-orphan no-line-numbers;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Nas décadas de
inflação era difícil superar a lógica da premência: qualquer coisa agora é
melhor do que nada amanhã.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Os
incipientes sistemas públicos de planejamento e de gerenciamento de obras foram
esvaziados.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 15.0pt; mso-line-height-rule: exactly; mso-pagination: widow-orphan no-line-numbers;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Com a estabilidade e o
crescimento econômico afloraram as demandas reprimidas e outras tantas se
apresentaram. Mas, o serviço público vê-se às voltas com a falta de quadros
técnicos de planejamento e de gerenciamento de projetos e obras; e com a
abundância de quadros político-partidários, em geral despreparados para as
funções.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 15.0pt; mso-line-height-rule: exactly; mso-pagination: widow-orphan no-line-numbers;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">É verdade que presidentes,
governadores e prefeitos são premidos pelo prazo de mandato; é compreensível
que tenham pressa. Mas o caminho que parecem querer não é correto; levará ao
aumento dos problemas, das obras inacabadas com custo exagerado e
desnecessárias. Não é a velocidade com que se licita a obra a chave da questão.
<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 15.0pt; mso-line-height-rule: exactly; mso-pagination: widow-orphan no-line-numbers;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="color: black;">O mundo todo sabe, sobretudo
os empreiteiros, que é a indefinição ou falta de projeto o principal fator de
atrasos e de aumento de custos de obras. A indefinição projetual, aliás, é uma
aliada poderosa da corrupção e dos malfeitos. </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 15.0pt; mso-line-height-rule: exactly; mso-pagination: widow-orphan no-line-numbers;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Para superar a
indefinição e a falta de projetos completos, o governo imaginou um atalho: transfere
ao empreiteiro a tarefa de “projetar, construir, fazer os testes e demais
operações necessárias e suficientes para a entrega da obra”. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 15.0pt; mso-line-height-rule: exactly; mso-pagination: widow-orphan no-line-numbers;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Alguém faria isso com
seus próprios recursos? Mesmo um construtor, no interesse de fazer sua casa, e
sem tempo, contrataria um colega nessas condições?<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 15.0pt; mso-line-height-rule: exactly; mso-pagination: widow-orphan no-line-numbers;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O interesse público
está na adequação da obra às necessidades da coletividade, na boa qualidade dos
serviços e no seu preço justo. Isto exige um trabalho continuado que começa em definir
o que se quer (o “Programa de Necessidades”), passa pela elaboração de projetos
completos, seus licenciamentos, orçamentos confiáveis e transparentes, por uma
licitação de obra que permita a concorrência, o gerenciamento dos projetos e o
acompanhamento gerencial da obra . <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 15.0pt; mso-line-height-rule: exactly; mso-pagination: widow-orphan no-line-numbers;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Se os governos querem
pressa precisam melhorar seus processos de decisão, o que se faz com órgãos
técnicos de planejamento estruturados como função de Estado. É o que o mundo
desenvolvido aprendeu.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 15.0pt; mso-line-height-rule: exactly; mso-pagination: widow-orphan no-line-numbers;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">As entidades
nacionais de arquitetura e urbanismo, em documento intitulado “As obras
públicas e o Direito à Cidade”, entregue ao governo federal e às lideranças do
Congresso, são contrárias à extensão do RDC a toda obra pública e pleiteiam que
a revisão da Lei de Licitações, em andamento no Senado, seja concluída com a
exigência de Projetos Completos. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 15.0pt; mso-line-height-rule: exactly; mso-pagination: widow-orphan no-line-numbers;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O Brasil é um país
maduro, importante – não pode continuar aos solavancos. Os problemas urbanos
precisam ser enfrentados para promover a democratização de nossas cidades.
Esses atalhos levam a cidades com maior desigualdade social, insustentáveis e
precárias – e à desmoralização da Política.<o:p></o:p></span></span></div>
<!--[if gte mso 9]><xml>
<o:OfficeDocumentSettings>
<o:AllowPNG/>
</o:OfficeDocumentSettings>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:TrackMoves>false</w:TrackMoves>
<w:TrackFormatting/>
<w:PunctuationKerning/>
<w:DrawingGridHorizontalSpacing>18 pt</w:DrawingGridHorizontalSpacing>
<w:DrawingGridVerticalSpacing>18 pt</w:DrawingGridVerticalSpacing>
<w:DisplayHorizontalDrawingGridEvery>0</w:DisplayHorizontalDrawingGridEvery>
<w:DisplayVerticalDrawingGridEvery>0</w:DisplayVerticalDrawingGridEvery>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:DontGrowAutofit/>
<w:DontAutofitConstrainedTables/>
<w:DontVertAlignInTxbx/>
</w:Compatibility>
</w:WordDocument>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" LatentStyleCount="276">
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]-->
<!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Table Normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin-top:0cm;
mso-para-margin-right:0cm;
mso-para-margin-bottom:10.0pt;
mso-para-margin-left:0cm;
line-height:115%;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ascii-font-family:Calibri;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-fareast-font-family:"Times New Roman";
mso-fareast-theme-font:minor-fareast;
mso-hansi-font-family:Calibri;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;}
</style>
<![endif]-->
<!--StartFragment-->
<!--EndFragment--><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 15.0pt; mso-line-height-rule: exactly; mso-pagination: widow-orphan no-line-numbers;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O futuro não dará
razão a tais atalhos. </span></span><span style="font-family: Arial; font-size: 8.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;"><o:p></o:p></span></div>
andrepinarqhttp://www.blogger.com/profile/15715346959806953861noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6524430387582253826.post-6806066661441107842014-05-05T11:09:00.000-03:002014-05-05T11:09:13.405-03:00O Estado precisa circular<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right; text-indent: 1cm;">
<span style="font-size: x-small;"><span style="font-family: Arial; line-height: 150%; text-indent: 1cm;"><o:p> </o:p></span><i style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, sans-serif; line-height: 1.3em; text-align: left; text-indent: 1cm;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">*Artigo publicado originalmente no jornal O Globo de 26/04/2014</span></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; margin: 0px 0px 0.75em;">
<span style="font-family: Arial;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; line-height: 16px; margin: 0px 0px 0.75em;">
<div style="line-height: 1.3em; margin: 0px 0px 0.75em; text-align: right;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">Sérgio Magalhães</span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.0cm;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mais uma vez um conflito armado
entre traficantes e policiais ocorre em área atendida por Unidade de Polícia
Pacificadora, no Rio, e deixa vítimas fatais.<span style="color: red;"> </span><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.0cm;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Conflito armado entre traficante
e polícia, com vítima, ocorre há muito tempo em grandes cidades brasileiras e,
pela recorrência, já é pouco divulgado. Mas a invisibilidade do fato, por sua
banalização, não supera as suas consequências seja para a família da vítima ou
para a cidadania.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.0cm;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">No caso ocorrido em Copacabana,
esta semana, foi diferente; houve protesto público nas ruas do bairro que se
amplificou em noticioso local e internacional por dois principais motivos: pela
proximidade da data da Copa do Mundo e por se tratar de área com UPP.
Certamente, são duas situações especiais. Uma, é passageira; outra, espero, há
de se constituir em um processo que ajude à redução da desigualdade social das
cidades brasileiras.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="line-height: 150%;">Convivemos no país com um irônico
paradoxo: um dos assuntos mais presentes na mídia é o das favelas; não
obstante, o tema parece não figurar no rol de preocupações do Estado
brasileiro.</span><span style="color: red;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.0cm;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A favela típica não é um fenômeno
restrito a poucas cidades. Em São Paulo e no Rio de Janeiro supera 20% das
moradias. Ainda, a favela é muitas vezes tratada como o genérico de todo
assentamento popular – inclusive loteamentos. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.0cm;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Essas duas tipologias
urbanísticas somam cerca de metade das moradias urbanas brasileiras. São muito
diversificadas, mas, em geral, são lugares com pouca ou nenhuma infraestrutura,
com escassez ou inexistência de serviços públicos, inclusive os de segurança e
de regulação. A esse déficit de urbanização e de serviços públicos muitos
chamam por “ausência de Estado”.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.0cm;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Assim, criam-se condições para
que essas áreas sejam tomadas por interesses marginais, muitas vezes com
dominação territorial armada, que impõem jugo discricionário às populações
moradoras. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.0cm;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O desafio é justamente superar
essa ausência de Estado com a urbanização e a universalização dos serviços
públicos, também o de segurança, e fazer vigir aí a Constituição - o que
pressupõe políticas públicas consistentes, continuadas, acordadas
compartilhadamente como uma verdadeira agenda nacional para a redução da desigualdade
social urbana. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.0cm;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A urbanização de favelas é uma
experiência exitosa, demonstrada no Rio pelo programa Favela-Bairro, e em
outras cidades. Mas não é algo que possa ser realizado sem consideração para
com as preexistências ambientais, espaciais e culturais, sem bons projetos
urbanísticos e sem cuidados construtivos. Nas áreas atendidas, “o Estado pode
circular”, como pede o secretário de segurança do Rio.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.0cm;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Recuperando o território e
protegendo a população do arbítrio, as UPPs cumprem papel importante em defesa
da cidadania. Certamente é um longo processo e de larga abrangência.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.0cm;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Enquanto isso, precisamos proteger
esse instrumento aplaudindo seus acertos, corrigindo suas falhas, sobretudo não
tergiversando com eventuais descaminhos de seus agentes. Há uma essencial esperança
no seu êxito.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.0cm;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Cada vítima de violência, em área
de UPP ou fora dela, atingida por bandidos ou por policiais, não há de morrer
em vão. Seu sacrifício não pode ser banalizado e ficar invisível; deve ser
acolhido em reforço de nosso compromisso político no caminho da democratização
de nossas cidades. <o:p></o:p></span></span></div>
<!--[if gte mso 9]><xml>
<o:OfficeDocumentSettings>
<o:AllowPNG/>
</o:OfficeDocumentSettings>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:TrackMoves>false</w:TrackMoves>
<w:TrackFormatting/>
<w:PunctuationKerning/>
<w:DrawingGridHorizontalSpacing>18 pt</w:DrawingGridHorizontalSpacing>
<w:DrawingGridVerticalSpacing>18 pt</w:DrawingGridVerticalSpacing>
<w:DisplayHorizontalDrawingGridEvery>0</w:DisplayHorizontalDrawingGridEvery>
<w:DisplayVerticalDrawingGridEvery>0</w:DisplayVerticalDrawingGridEvery>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:DontGrowAutofit/>
<w:DontAutofitConstrainedTables/>
<w:DontVertAlignInTxbx/>
</w:Compatibility>
</w:WordDocument>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" LatentStyleCount="276">
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]-->
<!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Table Normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin:0cm;
mso-para-margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ascii-font-family:Calibri;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-fareast-font-family:"Times New Roman";
mso-fareast-theme-font:minor-fareast;
mso-hansi-font-family:Calibri;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;
mso-bidi-font-family:"Times New Roman";
mso-bidi-theme-font:minor-bidi;}
</style>
<![endif]-->
<!--StartFragment-->
<!--EndFragment--><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.0cm;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">É nesse caminho que o Estado
precisa circular.</span><span style="font-family: Arial; font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></span></div>
andrepinarqhttp://www.blogger.com/profile/15715346959806953861noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6524430387582253826.post-40062694389331629442014-04-04T10:19:00.000-03:002014-04-04T10:19:36.253-03:00A boa cidade se projeta<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 19px; margin: 0px 0px 0.0001pt; text-align: right; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Sérgio Magalhães</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 19px; margin: 0px 0px 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; margin: 0px 0px 0.75em;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-style: italic;">*Artigo publicado originalmente na revista Ciência Hoje 313 - abril/2014</span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-25oeDBFdquI/Uz6wqOp8FdI/AAAAAAAABl8/PgRJ4z4-T1k/s1600/A+boa+cidade+se+projeta-CH313-abril2014+001.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-25oeDBFdquI/Uz6wqOp8FdI/AAAAAAAABl8/PgRJ4z4-T1k/s1600/A+boa+cidade+se+projeta-CH313-abril2014+001.jpg" height="320" width="224" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Em recente artigo no jornal <i>O Globo</i>, a jornalista Miriam Leitão aborda o sacrifício no
transporte público vivido no dia a dia por milhões de cariocas e pergunta: por
que a prometida melhora nos ônibus precisa esperar o fim de 2016, depois dos
Jogos Olímpicos? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Muitos de nós também temos nos perguntado sobre
questões desse tipo, cuja lógica não alcançamos. Por que mais da metade dos
domicílios urbanos não têm esgoto adequado? Por que tantas partes do território
urbano brasileiro estão sob domínio armado da bandidagem? Por que todos os automóveis
podem ser financiados, até com juro zero, e somente 20% dos domicílios contam
com financiamento? E no Rio de Janeiro: por que os trens não são transformados
em metrô? Por que se constrói metrô com uma só linha de dezenas de quilômetros,
se todo o mundo sabe que metrô é rede? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A questão não é nova. As cidades brasileiras são
barcos à deriva há muito tempo. O Brasil dedicou-se a tarefas emergenciais e
descurou de seu sistema de cidades. Mas, no ponto em que estamos, o
desenvolvimento econômico, social e político não é sustentável sem uma reversão
no quadro de dificuldades de nossas cidades. A inovação, o conhecimento, a
redução da desigualdade, a democracia política, o respeito ao ambiente, entre
tantas outras exigências essenciais deste século, são todas interdependentes da
qualidade do mundo urbano.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Quando voltamos nosso olhar para intervenções
urbanísticas estruturais (e como são raras!), o fazemos vendo a cidade
setorialmente. Mas nós não vivemos no mundo urbano contemporâneo em isolamento
sem que haja prejuízo para o conjunto. Contudo, tratamos o transporte, o
esgoto, a segurança, a moradia, o lixo – cada um autonomamente – como se a
cidade se constituísse de um somatório de parcelas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">É compreensível, pois a cidade grande é de difícil
apreensão. Mas é errado, já que mesmo uma metrópole é um corpo social e
espacialmente íntegro, em geral contínuo, ainda que muito complexo e
inalcançável pelo olhar do indivíduo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mas, sendo as cidades, sobretudo as metrópoles, o
núcleo propulsor da economia do século 21, como as análises econômicas no
Brasil e a previsão sobre seu desempenho continuam tão alheias à qualidade do
sistema urbano? Todos sabemos que a universalização dos serviços públicos,
exigência da cidade contemporânea, é fator importante para a redução das
desigualdades sociais. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Isto é, a boa cidade reduz a desigualdade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Nós, brasileiros, precisamos valorizar uma ação política
de enfrentamento do quadro de dificuldades urbanas em busca da construção da
cidade democrática. Não é razoável esperar que venham dos políticos iniciativas
nesse sentido, sem serem fortemente pressionados pela opinião pública. É bom sinal
que o trânsito caótico gere perguntas, como faz a jornalista, pois dessa inquietação
pode se ampliar a compreensão sobre o sistema urbano.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Nossas grandes cidades, e cada uma em especial, precisam
constituir núcleos públicos específicos para a promoção de debates, de estudos,
planos e projetos que contemplem a sua realidade para além dos governos. Núcleo
público – isto é, que incorpore as forças sociais, a universidade, as empresas,
as instituições corporativas, a população, enfim, de modo permanente, financiado
também no âmbito das três instâncias públicas, com recursos constitucionais bem
definidos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Não é tarefa singela. Estamos acostumados a não
prever, a deixar para depois para ver como fica – o que é feito para valorizar as
ações discricionárias e o avanço da corrupção. Mas a dimensão gigantesca de
nosso Brasil urbano e as suas oportunidades desperdiçadas já não mais permitem
o desprezo costumeiro sem o comprometimento profundo do desenvolvimento
nacional.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Teremos eleições proximamente. É mais um momento de
as cidades buscarem uma agenda para a sua democratização.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<br /></div>
andrepinarqhttp://www.blogger.com/profile/15715346959806953861noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6524430387582253826.post-42145314781876151812014-04-02T08:33:00.000-03:002014-04-02T08:33:08.141-03:00Quiabo à Burle Marx<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; margin: 0px 0px 0.75em;">
<div style="line-height: 1.3em; margin: 0px 0px 0.75em; text-align: right;">
<i style="text-align: left;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: xx-small;">*Artigo publicado originalmente no jornal O Globo de 29/03/2014</span></i></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; margin: 0px 0px 0.75em;">
<span style="font-family: Arial;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; margin: 0px 0px 0.75em;">
<div style="line-height: 1.3em; margin: 0px 0px 0.75em; text-align: right;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Sérgio Magalhães</span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Em
recente crônica, o jornalista Joaquim Ferreira dos Santos recorda pratos do
cardápio carioca e sugere que se inclua o camarão com chuchu, o frango com
quiabo, entre outros, no mesmo patamar como os espelhos da Colombo e o balanço
das mulheres a caminho da praia, riquezas a preservar para que o Rio não perca
sua identidade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">De
fato, a cidade é constituída desses valores em mescla com seus espaços e na
interação de seus habitantes, que constroem a memória coletiva e a identidade
cidadã. O professor italiano Bernardo Secchi é específico: na cidade, a
referência coletiva se alicerça no <i style="mso-bidi-font-style: normal;">monumentum</i>
de grande significado social e alta qualidade arquitetônica. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">No
Rio há uma peculiaridade: os elementos geográficos. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Pão de Açúcar, Corcovado, Dois Irmãos, Gávea, Penha, o Maciço
da Tijuca e a Baía de Guanabara, pontuam a paisagem – e, em certo modo, se
associam à função de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">monumentum </i>citada
por Secchi.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Então,
poderíamos dizer que a geografia faz a referência coletiva independentemente
dos elementos arquitetônicos e urbanísticos? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ao
contrário do que pareceria, é mais complexo: há necessidade de um equilíbrio qualitativo
entre os elementos construídos pelo homem e os elementos naturais para que a
sinergia se estabeleça. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Nesse
sentido, a arquitetura média produzida pelo Rio no século passado ajudou nessa
composição. Ela não é uma arquitetura que busque sobrepor-se à paisagem. Aqui
não cabem os edifícios estrelados de Dubai ou de Kuala Lumpur ou a torre “The
Shard” (com 306m de altura), de Londres. No Rio, a regra edilícia fundada nos
estudos de Alfred Agache, em 1928, determinou um continuum construído de
edificações justapostas e de mesma altura, como ocorre no Castelo e nas orlas
da Glória, Flamengo, Copacabana e Ipanema (até 1970), que resultou em um
ambiente edificado em harmonia com os elementos geográficos monumentais. As
construções servem de pano de fundo para os ícones da natureza.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mas,
se nas edificações a cidade soube conter-se, foi nos espaços públicos que o Rio
produziu a exuberância urbanística e imagética apropriada à exuberância
geográfica.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A
simbiose monumental no Rio se inaugura com a Avenida Beira-Mar, em 1904. Ela
incorporou a praia à cidade e o fez como espaço público, formatando a primeira
resposta de mesmo nível qualitativo entre o construído e o geográfico - pela
escala, pelo excelente desenho e pela inédita garantia de uso pleno.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A
partir daí, o Rio superou-se em qualidade do espaço público à escala da cidade:
a orla de Copacabana e sua calçada excepcional (a original), a de Botafogo, o
Aterro do Flamengo, com o Parque e os dois ícones arquitetônicos – o MAM e sua
passarela (de autoria de Afonso Reidy) e o Monumento aos Pracinhas (Konder e
Marinho) – e a expansão de Copacabana, dos anos 1970, com os mosaicos de Burle
Marx, tudo isto é de uma riqueza espacial, paisagística e urbanística de
incomensurável valor.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Entretanto,
por que outros lugares importantes não tiveram igual qualidade, como a beira-mar
do Centro, a orla da Lagoa Rodrigo de Freitas e a Esplanada de Santo Antonio?
Por que elementos urbanísticos significativos sofreram intervenções medíocres, como
ocorreu na Av. Presidente Vargas com as passarelas?<o:p></o:p></span></div>
<!--[if gte mso 9]><xml>
<o:OfficeDocumentSettings>
<o:AllowPNG/>
</o:OfficeDocumentSettings>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:TrackMoves>false</w:TrackMoves>
<w:TrackFormatting/>
<w:PunctuationKerning/>
<w:DrawingGridHorizontalSpacing>18 pt</w:DrawingGridHorizontalSpacing>
<w:DrawingGridVerticalSpacing>18 pt</w:DrawingGridVerticalSpacing>
<w:DisplayHorizontalDrawingGridEvery>0</w:DisplayHorizontalDrawingGridEvery>
<w:DisplayVerticalDrawingGridEvery>0</w:DisplayVerticalDrawingGridEvery>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:DontGrowAutofit/>
<w:DontAutofitConstrainedTables/>
<w:DontVertAlignInTxbx/>
</w:Compatibility>
</w:WordDocument>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" LatentStyleCount="276">
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]-->
<!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Table Normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin-top:0cm;
mso-para-margin-right:0cm;
mso-para-margin-bottom:10.0pt;
mso-para-margin-left:0cm;
line-height:115%;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ascii-font-family:Calibri;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-fareast-font-family:"Times New Roman";
mso-fareast-theme-font:minor-fareast;
mso-hansi-font-family:Calibri;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;}
</style>
<![endif]-->
<!--StartFragment-->
<!--EndFragment--><br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Em
tempos de renovação, é a própria cidade que nos oferece os caminhos. Frango com
quiabo, Burle Marx e Floresta da Tijuca. No Rio, quando se quer, a cultura se
ombreia à natureza</span><b><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">.</span><span style="font-family: Arial;"><o:p></o:p></span></b></div>
andrepinarqhttp://www.blogger.com/profile/15715346959806953861noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6524430387582253826.post-2828538367113727892014-03-13T10:34:00.003-03:002014-03-13T10:34:34.620-03:00Flagrância padrão Fifa<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-size: 13px; line-height: 19px; margin: 0px 0px 0.0001pt; text-align: right; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Sérgio Magalhães</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-size: 13px; line-height: 19px; margin: 0px 0px 0cm; text-indent: 1cm;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-N5cupNLdEYA/UyGzv1uoQqI/AAAAAAAABlc/_0HiooQC0dU/s1600/Flagra%CC%82ncia+Padra%CC%83o+FIFA-jan-fev-CH311.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; display: inline !important; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-N5cupNLdEYA/UyGzv1uoQqI/AAAAAAAABlc/_0HiooQC0dU/s1600/Flagra%CC%82ncia+Padra%CC%83o+FIFA-jan-fev-CH311.jpg" height="320" width="238" /></a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-size: 13px; line-height: 16px; margin: 0px 0px 0.75em;">
<span style="font-style: italic;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">*Artigo publicado originalmente na revista Ciência Hoje 311 - janeiro-fevereiro/2014</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-size: 13px; line-height: 16px; margin: 0px 0px 0.75em;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-size: 13px; line-height: 16px; margin: 0px 0px 0.75em;">
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Copa do Mundo no Brasil, novas manifestações,
eleições. 2014 chega com renovadas esperanças – e muitas indagações. De todo
modo, qual é o palco onde se desenrola esse espetáculo? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mesmo que incerteza, instabilidade e insegurança
sejam características contemporâneas – e já façam parte de nossa subjetividade
– a ação coletiva se encena em espaço preciso: a cidade. Isto é, em ambientes
que influem sobre o desempenho social, econômico e político do país. Não apenas
em episódios agudos, como no caso das manifestações de rua de junho. Mas,
sobretudo, na capacidade de estimularem (ou dificultarem) o fluxo de ideias, a
liberdade de circulação, a oportunidade de empreender, entre outros atributos
inerentes à vida em cidades.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">É evidente o descompasso entre as exigências
contemporâneas e as respostas das administrações de nossas cidades. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Quando os manifestantes de junho pedem serviços
públicos padrão Fifa, todos sabemos o que essa síntese quer dizer. Sabemos tão
claramente que em poucos dias as mais altas esferas do Estado se mobilizaram
para divulgar providências que visariam ao atendimento da demanda. Um pacto
presidencial de cinco pontos foi proposto, dos quais dois são vinculáveis à
questão urbana: (i) o da mobilidade e (ii) o de anticorrupção em contratos de
obras públicas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A mobilidade urbana parece ter entrado na pauta da
mídia. Mas, passados meses, não se percebem desdobramentos oficiais:
continuamos sem programa, sem planejamento e sem projetos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O pacto anticorrupção em obras públicas vai mal. As
leis de contratação de obras estão em reestudo no Congresso. Mas o relatório
divulgado em dezembro no Senado é preocupante. Vejamos: a crítica das ruas foi
quanto ao preço exorbitante e sempre crescente que os novos estádios padrão
Fifa apresentam. Ocorre que foi uma lei específica para a Copa que permitiu que
os estádios pudessem ser contratados sem projeto, a partir apenas de um
anteprojeto, deixando-se o poder das definições à empreiteira – o que explica a
multiplicação dos custos. E a proposta no Senado é estender essa lei a todas as
obras públicas em todo o país. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">É da boa prática internacional justamente a
separação entre projeto e obra, tanto para garantir a qualidade quanto por
razões econômicas e éticas. Ora, ampliar as ‘facilidades’ é abrir caminho para
todo tipo de acordo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O argumento do governo é que os projetos demoram e
atrasam os cronogramas. Mas, a falta de projeto é reconhecidamente o mais
importante fator de aumento de prazo e de custos em obras – sejam públicas ou
privadas. O que falta é capacidade gerencial, administrativa e técnica, pois os
governos desarticularam os serviços públicos correspondentes. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Acaba
de ser anunciado que o governo federal utilizará dispositivo da mesma lei da
Copa, chamado ‘contratação integrada’, para cumprir seu cronograma de construir
6 mil creches. Deixa-se ao empreiteiro a incumbência de “projetar, construir, fazer os
testes e demais operações necessárias e suficientes para a entrega da obra”. Ou
seja, é a exacerbação do problema ‘padrão Fifa’ travestido de ‘solução’.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A última novidade (<i>O Globo</i>, 01/01/14) é a ‘central de flagrância’ (assim mesmo).
Constituída pela articulação de representações dos governos federal e
estaduais, Judiciário e Ministério Público, visa dar pronto-atendimento
policial-legal-judicial a eventuais flagrantes de violência em manifestações de
rua. Imagina-se que, perto da Copa, as manifestações possam voltar e, portanto,
é preciso coibir ações prejudiciais à ordem pública. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Enquanto isso, com vistas às eleições nacionais, o
único esboço de programa presidencial até agora anunciado nomeia 12 diretrizes
e nenhuma delas trata de cidades – onde vive a quase totalidade dos
brasileiros.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O ano promete. Mas, por ora, feliz 2014 !</span><span style="font-family: Arial;"><o:p></o:p></span></div>
<!--EndFragment--></div>
andrepinarqhttp://www.blogger.com/profile/15715346959806953861noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6524430387582253826.post-23690837818408309992014-03-06T10:30:00.001-03:002014-03-06T10:30:55.812-03:00Cadê a viga?<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; margin: 0px 0px 0.75em;">
<div style="line-height: 1.3em; margin: 0px 0px 0.75em; text-align: right;">
<i style="text-align: left;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: xx-small;">*Artigo publicado originalmente no jornal O Globo de 01/03/2014</span></i></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; margin: 0px 0px 0.75em;">
<span style="font-family: Arial;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; line-height: 16px; margin: 0px 0px 0.75em;">
<div style="font-family: Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.3em; margin: 0px 0px 0.75em; text-align: right;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Sérgio Magalhães</span></div>
<div style="font-family: Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.3em; margin: 0px 0px 0.75em; text-align: right;">
</div>
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/a7mnpkawy-k?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Desde antes do rádio que os assuntos do
quotidiano são tratados nas marchinhas de carnaval com a irreverência e o bom
humor característicos do Rio.</span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Depois de um período difícil, elas voltaram
com força. Foram reapresentadas em musical de grande sucesso, “Sassaricando”,
assinado por Rosa Maria Araújo e Sérgio Cabral. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Os concursos da Fundição Progresso são um
momento de exaltação desse gênero bem carioca. Centenas de compositores do
Brasil todo apresentam suas obras, que, após seleção, são defendidas em público
para escolha de um júri. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O que mobiliza tanta gente? Por que esse
sucesso? <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Não há mágica: quem promove o concurso deseja
a melhor música; quem participa, deseja que sua obra seja gravada e divulgada. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Assim também ocorre em outras áreas da
cultura.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Na arquitetura, edifícios públicos e obras
que buscam a qualidade são escolhidos em concursos de projetos nos principais
países. São exemplos o Centro Beaubourg, em Paris; o novo Marco Zero, em Nova
York; a Praça Potsdamer, em Berlim.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A UNESCO fez recomendação (1978) para que os
países membros adotassem o concurso como forma de licitação mais adequada para
a contratação de projetos de Arquitetura e Urbanismo. O Brasil subscreveu esse
documento. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A lei federal 8.666/93
incorporou o concurso como uma modalidade de licitação. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">No entanto, são poucas as obras públicas
escolhidas por concurso de projetos no nosso país. O que deveria ser a regra, é
a exceção. Contudo, temos bons exemplos da experiência de concurso, como é o
caso do Vale do Anhangabaú, em São Paulo; o Teatro Municipal e o Monumento dos
Pracinhas, no Rio. Lembremos que Brasília foi escolhida por concurso público,
vencido por Lucio Costa. O programa Favela-Bairro, o Rio-Cidade e,
recentemente, o Morar Carioca e instalações para os Jogos de 2016, no Rio,
também o foram. Ano passado, a Estação Antártica do Brasil foi escolhida por
concurso público promovido pela Marinha. Enfim, é um procedimento que não é
novo e que abrange diferentes escalas. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Embora o concurso envolva o trabalho de
inúmeras equipes, e apenas uma seja a vencedora, é modalidade prestigiada pelos
arquitetos no mundo todo, por qualificar o ambiente urbano e por ser uma
oportunidade de cotejo entre as respostas oferecidas pelas equipes. É um
momento de pesquisa e de reflexão profissionais – e assim avança a cultura.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Neste Brasil que se constrói com enorme
pujança e velocidade precisamos buscar que cada nova obra seja um instrumento
para melhorar a cidade. Não apenas a obra excepcional, mas toda obra pública. O
concurso é o melhor meio para que a escolha seja bem sucedida. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Infelizmente, ainda há muita incompreensão,
como acaba de ser divulgado em concurso para prédio anexo ao BNDES, no Rio, onde
o Edital prevê que o arquiteto vencedor do concurso entregue o seu Anteprojeto
para que seja desenvolvido por outra equipe, abrindo mão, inclusive, de seus direitos
autorais. Ora, o projeto é autoral, tem unicidade, não pode ser fatiado. É
claramente um contrassenso – e talvez uma ilegalidade.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O que diriam Braguinha, Noel Rosa, Ary
Barroso, Lamartine Babo, João Roberto Kelly se, vitoriosas suas marchinhas, outros
nelas fizessem alterações? <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Neste ano, o concurso da Fundição Progresso
escolheu “Cadê a viga?”. Será que os compositores Cássio e Rita Tucunduva
teriam inscrito sua marchinha se eles não a pudessem gravar ou se ela pudesse
ser modificada por outros? <o:p></o:p></span></span></div>
<!--[if gte mso 9]><xml>
<o:OfficeDocumentSettings>
<o:AllowPNG/>
</o:OfficeDocumentSettings>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:TrackMoves>false</w:TrackMoves>
<w:TrackFormatting/>
<w:PunctuationKerning/>
<w:DrawingGridHorizontalSpacing>18 pt</w:DrawingGridHorizontalSpacing>
<w:DrawingGridVerticalSpacing>18 pt</w:DrawingGridVerticalSpacing>
<w:DisplayHorizontalDrawingGridEvery>0</w:DisplayHorizontalDrawingGridEvery>
<w:DisplayVerticalDrawingGridEvery>0</w:DisplayVerticalDrawingGridEvery>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:DontGrowAutofit/>
<w:DontAutofitConstrainedTables/>
<w:DontVertAlignInTxbx/>
</w:Compatibility>
</w:WordDocument>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" LatentStyleCount="276">
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]-->
<!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Table Normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin-top:0cm;
mso-para-margin-right:0cm;
mso-para-margin-bottom:10.0pt;
mso-para-margin-left:0cm;
line-height:115%;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ascii-font-family:Calibri;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-hansi-font-family:Calibri;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;
mso-ansi-language:PT;}
</style>
<![endif]-->
<!--StartFragment-->
<!--EndFragment--><br />
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Por falar nisso: prefeito, e o Morar Carioca?
Cadê?</span><span style="font-family: Arial; font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></span></div>
andrepinarqhttp://www.blogger.com/profile/15715346959806953861noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6524430387582253826.post-78145676005629882712014-02-03T14:35:00.003-02:002014-02-03T14:35:45.866-02:00Tempo Esgotado<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-tP2gTbw84XM/Uu96pLD8dAI/AAAAAAAABk4/Jb4an_6Y1ZI/s1600/129_265-alt-chico-26-01-14.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-tP2gTbw84XM/Uu96pLD8dAI/AAAAAAAABk4/Jb4an_6Y1ZI/s1600/129_265-alt-chico-26-01-14.jpg" height="202" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; margin: 0px 0px 0.75em;">
<div style="line-height: 1.3em; margin: 0px 0px 0.75em; text-align: right;">
<i style="text-align: left;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: xx-small;">*Artigo publicado originalmente no jornal O Globo de 01/02/2014</span></i></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; margin: 0px 0px 0.75em;">
<span style="font-family: Arial;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; line-height: 16px; margin: 0px 0px 0.75em;">
<div style="font-family: Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.3em; margin: 0px 0px 0.75em; text-align: right;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Sérgio Magalhães</span></div>
<div style="line-height: 1.3em; margin: 0px 0px 0.75em; text-align: right;">
<!--[if gte mso 9]><xml>
<o:OfficeDocumentSettings>
<o:AllowPNG/>
</o:OfficeDocumentSettings>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:TrackMoves>false</w:TrackMoves>
<w:TrackFormatting/>
<w:PunctuationKerning/>
<w:DrawingGridHorizontalSpacing>18 pt</w:DrawingGridHorizontalSpacing>
<w:DrawingGridVerticalSpacing>18 pt</w:DrawingGridVerticalSpacing>
<w:DisplayHorizontalDrawingGridEvery>0</w:DisplayHorizontalDrawingGridEvery>
<w:DisplayVerticalDrawingGridEvery>0</w:DisplayVerticalDrawingGridEvery>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:DontGrowAutofit/>
<w:DontAutofitConstrainedTables/>
<w:DontVertAlignInTxbx/>
</w:Compatibility>
</w:WordDocument>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" LatentStyleCount="276">
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]-->
<!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Table Normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin-top:0cm;
mso-para-margin-right:0cm;
mso-para-margin-bottom:10.0pt;
mso-para-margin-left:0cm;
line-height:115%;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ascii-font-family:Calibri;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-hansi-font-family:Calibri;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;
mso-ansi-language:PT;}
</style>
<![endif]-->
<!--StartFragment-->
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Recente acidente de descarrilamento paralisou os trens
metropolitanos do Rio por 13 horas. Chico Caruso resume o episódio em uma
charge no Globo na qual o governador e o vice se encontram amarrados aos
trilhos, sob riso do secretário de Transportes, enquanto se aproxima um trem com
os principais candidatos de oposição ao Governo do Estado.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O desenho reflete um quadro de fragilidade institucional do país,
que se caracteriza por conferir a personas o arbítrio sobre quase tudo. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Nossa
história mostra como nos acostumamos a depositar em salvadores da pátria a
responsabilidade sobre nossos destinos, desde a escala nacional até detalhes da
vida comunitária. Alçados à condição de super-homens, os políticos brasileiros
acreditaram nesse papel. Trataram de criar os instrumentos que lhes permitissem
ficar bem na foto. <span style="color: black;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">No
caso urbano, os sistemas de planejamento e projeto foram desconstruídos nos
âmbitos federal, estaduais e municipais. Os governos ficaram sem estruturas
permanentes de estudo sobre a cidade, mas ganharam muito dinheiro. Pensaram
que, livres das “amarras” do planejamento, poderiam ainda mais. Aumentou-se a
discricionariedade dos gestores, inclusive na contratação de obras públicas,
que já não precisam de projeto para serem licitadas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Hoje,
um governante resolve construir uma grande obra, digamos: uma linha de metrô,
que não está nos planos da cidade nem tem projeto. O que faz? Encomenda o
projeto ao futuro construtor da obra. Outro dia, precisa de determinado apoio
político; dos entendimentos partidários passa a existir uma nova obra, antes
imprevista, ou um novo serviço público. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">(O
Brasil aspira a ser um país respeitado, mas inventa empreiteira como autora de
projetos arquitetônicos e urbanísticos e simultaneamente construtora. O
resultado são obras de discutível prioridade, baixa qualidade, alto custo e
grande possibilidade de desvio de recursos.)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A
complexidade de nossas cidades pede um sistema de gestão que garanta
continuidade de programas e confiabilidade nas decisões, e que seja integrante
estável da estrutura de Estado. Sobretudo, a democracia exige transparência e
escuta aos interessados.<o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 115%; margin: 0cm 0cm 18pt; text-align: left;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ninguém melhor
dos que os políticos para tratar de políticas públicas. Mas eles não devem
continuar como gestores plenipotenciários auxiliados por uma multidão de
correligionários alheios ao tema em que se envolvem. A resposta que as cidades
esperam não se alcançará com comando comissionado, com agência reguladora
comissionada, com terceirização comissionadora.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">(Quem
sabe nas eleições de 2014 po<a href="" name="_GoBack"></a>ssa ser debatida a recriação
de sistemas de planejamento e de projeto das cidades e das metrópoles?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Quem
sabe resulte abolida a promiscuidade entre o projeto e construção de obra pública?)</span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="line-height: 115%; margin: 0cm 0cm 18pt; text-align: left;">
<span style="color: black; line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A
charge de Chico Caruso é representativa do quadro de fragilidade institucional
brasileira porque ilustra o paradoxo do poder que pode tudo – e que está na
iminência de ser atropelado. A falta de investimentos no sistema de trens
urbanos, comparativamente com altos investimentos em obras de menor interesse
social, não passa desapercebido do público e do olhar arguto do artista. <o:p></o:p></span></span></div>
<div style="line-height: 115%; margin: 0cm 0cm 18pt; text-align: left;">
<span style="color: black; line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mas,
certamente, a solução é mais complexa do que a troca de maquinista. O tempo de
salvadores da pátria já se esgotou. </span><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></span></div>
<!--EndFragment--></div>
</div>
andrepinarqhttp://www.blogger.com/profile/15715346959806953861noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6524430387582253826.post-2841415826473229502014-01-12T11:41:00.004-02:002014-01-12T11:41:59.075-02:00João Teimoso<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; margin: 0px 0px 0.75em;">
<div style="line-height: 1.3em; margin: 0px 0px 0.75em; text-align: right;">
<i style="text-align: left;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: xx-small;">*Artigo publicado originalmente no jornal O Globo de 04/01/2014</span></i></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; margin: 0px 0px 0.75em;">
<span style="font-family: Arial;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; margin: 0px 0px 0.75em;">
<div style="line-height: 1.3em; margin: 0px 0px 0.75em; text-align: right;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Sérgio Magalhães</span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="mso-pagination: widow-orphan no-line-numbers;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ao se aproximar o
aniversário de 450 anos da cidade, anuncia-se movimento para preparar o Rio
para o seu quinto centenário. É justo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-pagination: widow-orphan no-line-numbers;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">As cidades não são fruto
do acaso. As cidades são fruto de suas estruturas (sociais, culturais,
econômicas, espaciais) e do que se deseja para o seu futuro. Mas o futuro não
está mais lá à frente, a blindar nossas opções idealizadoras e equivocadas. Ele
está aqui, construído dia a dia. Hoje, temos que tratar a cidade do presente,
que se desloca permanentemente incompleta por sobre a linha do tempo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-pagination: widow-orphan no-line-numbers;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Estudo coordenado pelo
professor Mauro Osório, da UFRJ, recentemente divulgado em O Globo (“Centro é o
motor da cidade”), informa sobre a distribuição dos empregos formais no
município do Rio. Verifica-se que 37% localizam-se no Centro, 22% na zona Norte
suburbana, 18% na zona Sul + Tijuca. Na Barra + Recreio, 7%.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-pagination: widow-orphan no-line-numbers;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Esse quadro evidencia um
dos mais graves erros estratégicos cometidos pela cidade no último meio século:
o projeto de esvaziamento do Centro. Mas, o velho Centro resiste.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-pagination: widow-orphan no-line-numbers;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Como sabemos, a partir da
mudança da capital, o Rio reorientou seus vetores urbanísticos, estimulando a
expansão a oeste. O plano “Rio Ano 2000”, de autoria do consultor grego
Constantin Doxiadis, de 1963, previa criar-se dezenas de novas centralidades e
deslocar o setor industrial, da zona Norte, para novo polo em Santa Cruz. Pouco
depois, o Plano Lucio Costa, para a Barra, projetava a transferência do centro
metropolitano para aquela região <i>“... o que lhe confere então condições para
ser, com o correr do tempo, <span style="mso-bidi-font-weight: bold;">o
verdadeiro coração da Guanabara.”<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-pagination: widow-orphan no-line-numbers;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O Centro do Rio foi atingido também pelo abandono
da baía de Guanabara, cuja poluição desafia governos. E ainda pela incrível
lógica de nele se proibir novas habitações, como vigorou por trinta anos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-pagination: widow-orphan no-line-numbers;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Nos anos 1980, foi desconstruída a frágil estrutura
encarregada de planejar a metrópole. O município do Rio, seguindo o Estado, foi
desmobilizando seus órgãos de planejamento.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-pagination: widow-orphan no-line-numbers;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Transposto o século, a cidade metropolitana
continua sem políticas e sem projetos. Os grandes eventos colheram o Rio com
planos concebidos há cinquenta anos – que vieram para os canteiros de obras
seguindo a lógica de então. Isto é, reforçando a ideia de desconstrução da centralidade
histórica, social, econômica, política e administrativa localizada no velho
Centro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-pagination: widow-orphan no-line-numbers;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Assim, o sistema de trens, que estruturou a metrópole
a partir do Centro, transporta hoje 1/3 dos passageiros dos anos 1970 – embora
a população tenha dobrado. Igualmente, o sistema de metrô caminhou como
tartaruga e não se fez em rede, mas em linha, agora também em direção oeste.
Construiu-se, erro sobre erro, a metrópole que se imobiliza em automóveis e
ônibus, onde 25% dos moradores gasta mais de 3 horas no trajeto
casa-trabalho-casa, a maior parte em direção a um Centro que não se quer que
esteja onde está – e para o qual não se modernizam acessos. (Veja-se no estudo:
60% dos empregos estão no núcleo Centro + Subúrbios, o histórico eixo dos
trens.)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-pagination: widow-orphan no-line-numbers;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O Centro está lá, há 450 anos – qual um João
Teimoso. Ele constrói a identidade coletiva carioca e fluminense, como já
construiu a identidade coletiva brasileira. Agora, está em nossa
responsabilidade dizer como queremos o Rio no seu Quinto Centenário.<o:p></o:p></span></div>
<!--[if gte mso 9]><xml>
<o:OfficeDocumentSettings>
<o:AllowPNG/>
</o:OfficeDocumentSettings>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:TrackMoves>false</w:TrackMoves>
<w:TrackFormatting/>
<w:PunctuationKerning/>
<w:DrawingGridHorizontalSpacing>18 pt</w:DrawingGridHorizontalSpacing>
<w:DrawingGridVerticalSpacing>18 pt</w:DrawingGridVerticalSpacing>
<w:DisplayHorizontalDrawingGridEvery>0</w:DisplayHorizontalDrawingGridEvery>
<w:DisplayVerticalDrawingGridEvery>0</w:DisplayVerticalDrawingGridEvery>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:DontGrowAutofit/>
<w:DontAutofitConstrainedTables/>
<w:DontVertAlignInTxbx/>
</w:Compatibility>
</w:WordDocument>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" LatentStyleCount="276">
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]-->
<!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Table Normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin-top:0cm;
mso-para-margin-right:0cm;
mso-para-margin-bottom:10.0pt;
mso-para-margin-left:0cm;
line-height:115%;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ascii-font-family:Calibri;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-fareast-font-family:"Times New Roman";
mso-fareast-theme-font:minor-fareast;
mso-hansi-font-family:Calibri;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;}
</style>
<![endif]-->
<!--StartFragment-->
<!--EndFragment--><br />
<div class="MsoNormal" style="mso-pagination: widow-orphan no-line-numbers;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mas, por hoje, Feliz Ano Novo!</span><span style="font-family: Arial; mso-bidi-font-family: Arial;"><o:p></o:p></span></div>
andrepinarqhttp://www.blogger.com/profile/15715346959806953861noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6524430387582253826.post-2147168374633142062014-01-12T11:40:00.004-02:002014-01-12T11:45:11.563-02:00Mudam-se os tempos.<div class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; margin: 0px 0px 0.75em; text-align: left;">
<div style="line-height: 1.3em; margin: 0px 0px 0.75em; text-align: right;">
<i style="text-align: left;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: xx-small;">*Artigo publicado originalmente no jornal O Globo de 07/12/2013</span></i></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; margin: 0px 0px 0.75em; text-align: left;">
<span style="font-family: Arial;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; margin: 0px 0px 0.75em; text-align: left;">
<div style="line-height: 1.3em; margin: 0px 0px 0.75em; text-align: right;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Sérgio Magalhães</span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 15.75pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 15.75pt;">As ações sobre a
cidade não são isoladas; mesmo quando assim consideradas, têm consequências
sociais. Veja-se o caso da Perimetral.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 15.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 15.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-autospace: none;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Primeira via urbana
elevada do Brasil, construída nos anos 1950, seu objetivo explícito era
permitir trânsito livre no Centro do Rio. Mas, de fato, a Perimetral inaugurou urbanisticamente no país a era do transporte individual, o
tempo do automóvel. E o fez de modo avassalador.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 15.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 15.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-autospace: none;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Para passar pela área, imprensou-se entre o Museu
Histórico, do século XVIII, e a Estação de Hidroaviões, jóia arquitetônica
moderna; fez demolir o Mercado Público; conspurcou a Praça XV, sede política da
Colônia e do Primeiro Império, bem como a antiga Alfândega, obra de Grandjean
de Montigny, integrante da Missão Artística Francesa de 1816. No coração da
capital federal, desconsiderou testemunhos de quatro séculos de história e
cultura. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 15.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-autospace: none;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Rompida essa barreira simbólica, tudo estava à
disposição do novo modelo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 15.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 15.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-autospace: none;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">As redes de transporte coletivo sobre trilhos, que
existiam em todas as grandes cidades brasileiras, foram desconstruídas; os
espaços públicos se descaracterizam; criaram-se linhas expressas para
automóveis, muitas elevadas, que pouco se importam com os bairros que cruzam,
como ocorre no Rio Comprido; a Linha Vermelha, em São Cristóvão; a Amarela, na
Zona Norte. Deu-se força à ideia narcísica de que a cidade é para servir a mim
e aos meus. É, certamente, um modelo anti-público. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 15.75pt; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 15.75pt; margin-bottom: 16.2pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Agora, que uma parte da
Perimetral está no chão, há um novo fato urbanístico. (A derrubada, porém, precisa
se completar, liberando também a Praça XV.) Haverá novo ciclo a inaugurar? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 15.75pt; margin-bottom: 16.2pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O prefeito do Rio
interveio em uma estrutura de interesse metropolitano. É uma ação política que pede
desdobramentos políticos, para além da construção de túneis e novas vias na
área portuária. (Seria mais do mesmo.) Embora esse fosse o foco preliminar da
derrubada, o fato ocorre em um momento novo, que explicitou necessidades
importantes. É a oportunidade para um entendimento à escala da metrópole que
enfrente seus desafios de mobilidade, agora na dimensão do coletivo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 15.75pt; margin-bottom: 16.2pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Se a Perimetral
inaugurou a era do transporte individual, sua derrubada se dá em um contexto onde
a qualidade de vida urbana se coloca como uma exigência ampla. O<span style="color: red;"> </span>carro já deu o que podia, mesmo com tecnologias
avançadas; sua hegemonia não atende à cidade contemporânea. O direito à cidade
se consolida. Não se reivindicam passagens mais baratas; mas respeito ao cidadão,
com serviço que ofereça conforto e confiabilidade nos deslocamentos impositivos
do quotidiano. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 15.75pt; margin-bottom: 16.2pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Em havendo entendimento
político que corresponda aos tempos de hoje, novos vetores de desenvolvimento urbano
e econômico adquirirão potência. O Rio pede novas estratégias, efetivamente
metropolitanas, a serem debatidas e desenhadas.<o:p></o:p></span></div>
<!--[if gte mso 9]><xml>
<o:OfficeDocumentSettings>
<o:AllowPNG/>
</o:OfficeDocumentSettings>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:TrackMoves>false</w:TrackMoves>
<w:TrackFormatting/>
<w:PunctuationKerning/>
<w:DrawingGridHorizontalSpacing>18 pt</w:DrawingGridHorizontalSpacing>
<w:DrawingGridVerticalSpacing>18 pt</w:DrawingGridVerticalSpacing>
<w:DisplayHorizontalDrawingGridEvery>0</w:DisplayHorizontalDrawingGridEvery>
<w:DisplayVerticalDrawingGridEvery>0</w:DisplayVerticalDrawingGridEvery>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:DontGrowAutofit/>
<w:DontAutofitConstrainedTables/>
<w:DontVertAlignInTxbx/>
</w:Compatibility>
</w:WordDocument>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" LatentStyleCount="276">
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]-->
<!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Table Normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin-top:0cm;
mso-para-margin-right:0cm;
mso-para-margin-bottom:10.0pt;
mso-para-margin-left:0cm;
line-height:115%;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ascii-font-family:Calibri;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-fareast-font-family:"Times New Roman";
mso-fareast-theme-font:minor-fareast;
mso-hansi-font-family:Calibri;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;}
</style>
<![endif]-->
<!--StartFragment-->
<!--EndFragment--><br />
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 15.75pt; margin-bottom: 16.2pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">“Mudam-se os tempos,
mudam-se as vontades”. Quem diria que a Perimetral derrubada poderia ser útil? Mas,
será que já estamos suficientemente conscientes da enorme importância que os
aspectos simbólicos têm sobre o destino da cidade?</span><span style="font-family: Arial;"><o:p></o:p></span></div>
andrepinarqhttp://www.blogger.com/profile/15715346959806953861noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6524430387582253826.post-4966664215861653522013-12-09T09:54:00.000-02:002013-12-09T09:54:04.564-02:00Capital e hegemonia<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 19px; margin: 0px 0px 0.0001pt; text-align: right; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Sérgio Magalhães</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 19px; margin: 0px 0px 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; margin: 0px 0px 0.75em;">
<span style="font-style: italic;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">*Artigo publicado originalmente na revista Ciência Hoje 310 - dezembro/2013</span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-iHvkLNssejo/UqWvPGtKLjI/AAAAAAAABjc/1Wlx0oJMNHc/s1600/Capital+e+Hegemonia-dez.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://2.bp.blogspot.com/-iHvkLNssejo/UqWvPGtKLjI/AAAAAAAABjc/1Wlx0oJMNHc/s320/Capital+e+Hegemonia-dez.jpg" width="238" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Importantes
autores, como os sociólogos, como o espanhol Manuel Castells e a holandesa <a href="" name="_GoBack"></a>Saskia Sassen, conferem especial relevo ao papel das cidades
globais para a economia e a geopolítica mundiais. Lugar privilegiado para os
negócios, a cultura, a vida social, tais cidades seriam os nós vitais das
trocas, da inovação e do conhecimento contemporâneos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Embora
tal compreensão não seja inédita, porquanto as cidades têm sido historicamente
os centros da política, da religião, da economia e da cultura – nos tempos
modernos os estados nacionais estiveram à frente no protagonismo internacional.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Não
obstante, no caso brasileiro, há quase duzentos anos atribui-se à condição de
capital a responsabilidade de motor propulsor do desenvolvimento. A sua
interiorização foi tratada como necessária para o melhor aproveitamento das
riquezas nacionais, associando-se essa estratégia a José Bonifácio. Lucio Costa
registrou, em sua Memória Justificativa do Plano Piloto da capital, que
Brasília seria “o sonho do Patriarca”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">De
fato, a historiografia brasileira confere a Bonifácio a ideia de transferência
da capital do Rio de Janeiro para o interior do país, consignada na primeira
constituição do Império, de 1824. Alguns citam Hipólito da Costa como o
pioneiro, através de seu <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Correio Braziliense</i>,
editado em Londres a partir de 1808. Mas há omissão quanto ao papel
desempenhado pela estratégia inglesa no âmbito da guerra contra Napoleão,
claramente descrita por William Pitt (1759-1806), em discurso proferido no
Parlamento britânico, no segundo período em que foi Primeiro Ministro
(1804-1806).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mr.
Pitt, o Novo, defendia um acordo entre Portugal e a Inglaterra para o domínio
do comércio internacional e a guerra contra a França, no qual era crucial
garantir a posse da “península” sul americana, do istmo do Panamá ao estreito
de Magalhães. Para tanto, como diz, “convém à Grã-Bretanha fazer assentar [no
Brasil] o Trono do Imperador Português”. (A tradução desse discurso foi publicada
em 1809 pela Imprensa Régia de Portugal.)<span style="color: red;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Em
essa fala, com 14 páginas, mais de oito são dedicadas à detratação da França
napoleônica, considerada por ele como a causadora da destruição dos reinos
europeus, da religião e da paz internacional. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Para
se contrapor a Napoleão, porém, não lhe bastava a aliança com Portugal. Para
garantir a hegemonia do comércio do hemisfério sul, exigia a mudança da Corte
lusitana para o Brasil, sob ameaça velada de invasão das terras brasileiras
pela Inglaterra. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O
que nos traz o interesse para o seu discurso é que associa o sucesso dessa
estratégia à fundação de uma nova capital do Império dos Braganças no coração
do Brasil.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;">“No
País das Amazonas (...) ou nas vizinhanças do Lago do Xarife, que é a origem do
Rio da Prata, ou seja, <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">no Centro do
país, se edificará e fundará uma cidade denominada Nova Lisboa</b>, para Corte
e assento do Imperador.”<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Essa
descrição corresponde ao Planalto Central, onde, justamente cento e cinquenta
anos depois desse discurso de Mr. Pitt, não mais um Bragança, mas a República, fará
erguer a capital do Brasil. E com que característica geopolítica?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">“De Nova Lisboa se abrirão
estradas reais, que, a maneira de raios que correm do centro para a periferia,
conduzirão de Nova Lisboa para Caiena, Santiago, Pará, Rio de Janeiro, Olinda,
Lima, etc (...).”<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Nessa
concepção, de irradiação continental, estará descrita uma verdadeira proto
cidade global de Castells e Sassen? <o:p></o:p></span></div>
<!--[if gte mso 9]><xml>
<o:OfficeDocumentSettings>
<o:AllowPNG/>
</o:OfficeDocumentSettings>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:TrackMoves>false</w:TrackMoves>
<w:TrackFormatting/>
<w:PunctuationKerning/>
<w:DrawingGridHorizontalSpacing>18 pt</w:DrawingGridHorizontalSpacing>
<w:DrawingGridVerticalSpacing>18 pt</w:DrawingGridVerticalSpacing>
<w:DisplayHorizontalDrawingGridEvery>0</w:DisplayHorizontalDrawingGridEvery>
<w:DisplayVerticalDrawingGridEvery>0</w:DisplayVerticalDrawingGridEvery>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:DontGrowAutofit/>
<w:DontAutofitConstrainedTables/>
<w:DontVertAlignInTxbx/>
</w:Compatibility>
</w:WordDocument>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" LatentStyleCount="276">
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]-->
<!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Table Normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin-top:0cm;
mso-para-margin-right:0cm;
mso-para-margin-bottom:10.0pt;
mso-para-margin-left:0cm;
line-height:115%;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ascii-font-family:Calibri;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-fareast-font-family:"Times New Roman";
mso-fareast-theme-font:minor-fareast;
mso-hansi-font-family:Calibri;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;}
</style>
<![endif]-->
<!--StartFragment-->
<!--EndFragment--><br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">De
certo é que, com a construção da capital, no século XX, tratou-se também de
implantar um sistema rodoviário radial que cruzou o país em todas as direções.
Não chegou a alcançar as cidades da América espanhola, como desejava o
primeiro-ministro inglês. Nisso D. João não lhe obedeceu. Afinal, Mr. Pitt já
havia partido desse mundo quando o Príncipe partiu de Portugal para a
Península.</span><span style="color: red; font-family: Arial;"><o:p></o:p></span></div>
andrepinarqhttp://www.blogger.com/profile/15715346959806953861noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6524430387582253826.post-78215494332482892032013-11-11T12:02:00.000-02:002013-11-11T12:04:00.595-02:00Cidades melhores para as pessoas<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; margin: 0px 0px 0.75em;">
<div style="line-height: 1.3em; margin: 0px 0px 0.75em; text-align: right;">
<i style="text-align: left;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: xx-small;">*Artigo publicado originalmente no jornal O Globo de 09/11/2013</span></i></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; margin: 0px 0px 0.75em;">
<span style="font-family: Arial;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; margin: 0px 0px 0.75em;">
<div style="line-height: 1.3em; margin: 0px 0px 0.75em; text-align: right;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Sérgio Magalhães</span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">Há
50 anos realizou-se no Hotel Quitandinha, em Petrópolis, a sessão de
encerramento de uma série de encontros nacionais dedicados ao tema urbano. Promovido
pelo Instituto de Arquitetos do Brasil e intitulado Seminários de Habitação e
Reforma Urbana, tornou-se um marco histórico pelo enfoque e pelas propostas,
algumas ainda atuais.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial; mso-bidi-font-family: Arial;">A
ênfase foi na moradia e na questão fundiária, em função da emigração do campo.
Quitandinha propunha que a Reforma Urbana fosse incluída, em simetria com a
Reforma Agrária, no rol das “reformas de base”, então dominantes na pauta
política brasileira. <o:p></o:p></span></div>
<div class="paragraph" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Arial; font-size: 11.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;">De lá para cá, o
Brasil deixou de ser predominantemente rural e hoje 85% de seus 200 milhões de
habitantes vivem em cidades. O país industrializou-se, tornou-se celeiro mundial,
é potente em energia. É uma democracia.<span style="color: red;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="paragraph" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Arial; font-size: 11.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;">Apesar de ser a sexta economia
mundial, metade dos domicílios não tem esgoto adequado, a moradia é em sua maioria
irregular, dezenas de milhões de brasileiros perdem horas diárias em um
trânsito caótico; os serviços públicos (inclusive o de segurança) atendem
apenas partes das cidades. <o:p></o:p></span></div>
<div class="paragraph" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<br /></div>
<div class="paragraph" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; vertical-align: baseline;">
<span class="normaltextrun"><span style="font-family: Arial; font-size: 11.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;">Por que o Brasil
enfrentou desafios na economia, na produção, na política, e não foi capaz de
fazê-lo em relação à cidade?</span></span><span class="eop"><span style="font-family: Arial; font-size: 11.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="paragraph" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 27.75pt; vertical-align: baseline;">
<br /></div>
<div class="paragraph" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Arial; font-size: 11.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;">A experiência demonstra que o
crescimento econômico não é suficiente para superar as dificuldades urbanas. (Ao
contrário, ele as pode agravar, como Jane Jacobs avaliou para as cidades
norte-americanas ainda nos anos 1960.) Para supera-las, é preciso reconhecer os
problemas, inclui-los na agenda política, assumir compromisso coletivo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 16.2pt;">
<span style="font-family: Arial; mso-bidi-font-family: Arial;">Sem os enfrentar, é o país
que perde.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 16.2pt;">
<span style="font-family: Arial; mso-bidi-font-family: Arial;">A cidade é o núcleo
potencializador do mundo contemporâneo em suas áreas dinâmicas: economia,
cultura, inovação, conhecimento, comunicação. É um equívoco</span><span style="font-family: Arial; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> imaginar-se o desenvolvimento nacional dissociado
da qualificação das cidades.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Tahoma; mso-bidi-font-family: Tahoma;">No
cinquentenário do primeiro evento de reforma urbana brasileiro, </span><span style="font-family: Arial; mso-bidi-font-family: Arial;">arquitetos e amigos da
cidade voltam ao mesmo local para concluir novo ciclo de debates, desenvolvido
ao longo de 2013 em diversos estados de todas as regiões do país. Intitulado
Quitandinha + 50, identificou o cerne dos desafios a enfrentar como composto
pelas questões ambientais, pela desigualdade e pela mobilidade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial; mso-bidi-font-family: Arial;">Em
desdobramento, o Q+50 propõe a criação de metas locais e nacionais para a
universalização dos serviços públicos e do crédito habitacional diretamente às
famílias. Considera que a mobilidade nas grandes cidades precisa estar baseada no
pedestre e em rede de transporte público de alta capacidade. E, sob o ponto de
vista da gestão, defende a participação e transparência nas decisões, com c</span><span style="font-family: Tahoma; mso-bidi-font-family: Tahoma;">idades permanentemente
projetadas, como função de Estado, e não de governo; </span><span style="font-family: Arial; mso-bidi-font-family: Arial;">metrópoles com estatuto
próprio; e licitação de obras públicas somente a partir de projeto completo. Cidades
melhores, para as pessoas.<o:p></o:p></span></div>
<!--[if gte mso 9]><xml>
<o:OfficeDocumentSettings>
<o:AllowPNG/>
</o:OfficeDocumentSettings>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:TrackMoves>false</w:TrackMoves>
<w:TrackFormatting/>
<w:PunctuationKerning/>
<w:DrawingGridHorizontalSpacing>18 pt</w:DrawingGridHorizontalSpacing>
<w:DrawingGridVerticalSpacing>18 pt</w:DrawingGridVerticalSpacing>
<w:DisplayHorizontalDrawingGridEvery>0</w:DisplayHorizontalDrawingGridEvery>
<w:DisplayVerticalDrawingGridEvery>0</w:DisplayVerticalDrawingGridEvery>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:DontGrowAutofit/>
<w:DontAutofitConstrainedTables/>
<w:DontVertAlignInTxbx/>
</w:Compatibility>
</w:WordDocument>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" LatentStyleCount="276">
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]-->
<!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Table Normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin-top:0cm;
mso-para-margin-right:0cm;
mso-para-margin-bottom:10.0pt;
mso-para-margin-left:0cm;
line-height:115%;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:11.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ascii-font-family:Calibri;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-hansi-font-family:Calibri;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;}
</style>
<![endif]-->
<!--StartFragment-->
<!--EndFragment--><br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial; mso-bidi-font-family: Arial;">Mudaram
os tempos, mudaram as ênfases – e as cidades carregam os problemas do século
passado. Mas elas clamam por uma agenda pública que as conduza para a
contemporaneidade. <o:p></o:p></span></div>
andrepinarqhttp://www.blogger.com/profile/15715346959806953861noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6524430387582253826.post-5491735489056286492013-11-11T12:00:00.000-02:002013-11-11T12:06:08.794-02:00UMA AGENDA PARA A CIDADE<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; line-height: 19px; margin: 0px 0px 0.0001pt; text-align: right; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Sérgio Magalhães</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; line-height: 19px; margin: 0px 0px 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; line-height: 16px; margin: 0px 0px 0.75em;">
<span style="font-style: italic;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">*Artigo publicado originalmente na revista Ciência Hoje 309 - novembro/2013</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; line-height: 16px; margin: 0px 0px 0.75em;">
<span style="font-style: italic;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; line-height: 16px; margin: 0px 0px 0.75em;">
<!--[if gte mso 9]><xml>
<o:OfficeDocumentSettings>
<o:AllowPNG/>
</o:OfficeDocumentSettings>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:TrackMoves>false</w:TrackMoves>
<w:TrackFormatting/>
<w:PunctuationKerning/>
<w:DrawingGridHorizontalSpacing>18 pt</w:DrawingGridHorizontalSpacing>
<w:DrawingGridVerticalSpacing>18 pt</w:DrawingGridVerticalSpacing>
<w:DisplayHorizontalDrawingGridEvery>0</w:DisplayHorizontalDrawingGridEvery>
<w:DisplayVerticalDrawingGridEvery>0</w:DisplayVerticalDrawingGridEvery>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:DontGrowAutofit/>
<w:DontAutofitConstrainedTables/>
<w:DontVertAlignInTxbx/>
</w:Compatibility>
</w:WordDocument>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" LatentStyleCount="276">
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]-->
<!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Table Normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin:0cm;
mso-para-margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:11.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ascii-font-family:Calibri;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-fareast-font-family:Calibri;
mso-fareast-theme-font:minor-latin;
mso-hansi-font-family:Calibri;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;
mso-bidi-font-family:"Times New Roman";
mso-bidi-theme-font:minor-bidi;}
</style>
<![endif]-->
<!--StartFragment-->
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-B1e3TUoyHG4/UoDkQd7C2GI/AAAAAAAABh4/2DOVT_QIwR4/s1600/Captura+de+Tela+2013-11-11+a%CC%80s+12.04.49.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://4.bp.blogspot.com/-B1e3TUoyHG4/UoDkQd7C2GI/AAAAAAAABh4/2DOVT_QIwR4/s200/Captura+de+Tela+2013-11-11+a%CC%80s+12.04.49.png" width="148" /></a></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Há 50 anos, no Hotel Quitandinha, em Petrópolis,
aconteceu a sessão de encerramento de uma série de debates nacionais dedicados
ao tema urbano. Esse projeto, intitulado ‘Seminários de Habitação e Reforma
Urbana’ e promovido pelo Instituto de Arquitetos do Brasil, é um marco
histórico pela qualidade do enfoque e das propostas, algumas ainda atuais. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O “Seminário de Quitandinha” propunha que a reforma
urbana fosse incluída, em simetria com a reforma agrária, no rol das ‘reformas
de base’, então dominantes na pauta política brasileira. A ênfase era na
moradia e na questão fundiária, em função da imigração do campo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">De lá para cá, o Brasil deixou de ser
predominantemente agrário – hoje, 85% de seus 200 milhões de habitantes vivem
em cidades. Temos 20 metrópoles e duas megacidades. O país industrializou-se,
tornou-se celeiro mundial, é potente em energia. Somos uma grande democracia. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Deixamos para trás a cidade – modelada pela
explosão demográfica, pela industrialização e pelo automóvel – do século 20,
quando se acreditava que os problemas urbanos seriam solucionados com o
crescimento econômico. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Chegamos ao século 21.
Embora o Brasil seja a sexta economia mundial, metade dos domicílios nacionais
não tem esgoto adequado, a moradia é em sua maioria irregular, dezenas de
milhões de brasileiros perdem horas diárias em um trânsito caótico e os
serviços públicos (inclusive o de segurança) atendem apenas partes das cidades.
Encontramo-nos diante da cidade fragmentada, da cidade partida, da
cidade dispersa.<span style="color: red;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Por que o Brasil enfrentou desafios na economia, na
produção, na política e os encaminhou para a superação, e não foi capaz de
fazê-lo em relação à cidade?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A
experiência demonstra que o crescimento econômico não é suficiente para neutralizar
as
dificuldades urbanas – ao contrário, elas podem se agravar, como a jornalista e
ativista Jane Jacobs (1916-2006) avaliou para as cidades norte-americanas ainda
na década de 1960. O entendimento de que a cidade melhora ou piora conformr as
oscilações da ecomia, da política ou da demografia, é visão de uma parte da
questão, e não necessariamente corresponde à mais importante.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Sabe-se que a cidade é o
núcleo potencializador do mundo contemporâneo em todas as suas áreas dinâmicas:
economia, cultura, inovação, conhecimento, comunicação. Ao contrário do que
antes vigorava, é noção equivocada imaginar o desenvolvimento
nacional sem a simultânea qualificação da cidade. Isto é, sem a universalização
dos serviços públicos (inclusive o de segurança), sem espaços públicos bem
estruturados e vivos, e, sobretudo, sem a redução das brutais desigualdades
intraurbanas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Não há fórmulas mágicas
para enfrentar os problemas ambientais, da mobilidade e da desigualdade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Neste mês, arquitetos e
amigos da cidade voltam ao Quitandinha para concluir um ciclo de debates
urbanos realizado ao longo de 2013, intitulado ‘Q+50’. Mudaram os tempos,
mudaram as ênfases – e as cidades carregam os problemas do século passado. Mas
elas clamam por uma agenda pública que as conduza para a contemporaneidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 1cm;">
<br /></div>
<!--EndFragment--></div>
andrepinarqhttp://www.blogger.com/profile/15715346959806953861noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6524430387582253826.post-83240754407726106582013-11-11T11:59:00.000-02:002013-11-11T12:07:05.074-02:00Linha de continuidade<!--[if gte mso 9]><xml>
<o:OfficeDocumentSettings>
<o:AllowPNG/>
</o:OfficeDocumentSettings>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:TrackMoves>false</w:TrackMoves>
<w:TrackFormatting/>
<w:PunctuationKerning/>
<w:DrawingGridHorizontalSpacing>18 pt</w:DrawingGridHorizontalSpacing>
<w:DrawingGridVerticalSpacing>18 pt</w:DrawingGridVerticalSpacing>
<w:DisplayHorizontalDrawingGridEvery>0</w:DisplayHorizontalDrawingGridEvery>
<w:DisplayVerticalDrawingGridEvery>0</w:DisplayVerticalDrawingGridEvery>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:DontGrowAutofit/>
<w:DontAutofitConstrainedTables/>
<w:DontVertAlignInTxbx/>
</w:Compatibility>
</w:WordDocument>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" LatentStyleCount="276">
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]-->
<!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Table Normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin-top:0cm;
mso-para-margin-right:0cm;
mso-para-margin-bottom:10.0pt;
mso-para-margin-left:0cm;
line-height:115%;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:11.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ascii-font-family:Calibri;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-hansi-font-family:Calibri;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;}
</style>
<![endif]-->
<!--StartFragment-->
<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial; mso-bidi-font-family: Arial;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 19px; margin: 0px 0px 0.0001pt; text-align: right; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Sérgio Magalhães</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 19px; margin: 0px 0px 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; margin: 0px 0px 0.75em;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-style: italic;">*Artigo publicado originalmente na revista Ciência Hoje 308 - outubro/2013</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; margin: 0px 0px 0.75em;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-style: italic;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-chxY6QxUScU/UoDkYpVGkNI/AAAAAAAABiA/pNvuSJiNjw4/s1600/Captura+de+Tela+2013-11-11+a%CC%80s+12.04.34.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://1.bp.blogspot.com/-chxY6QxUScU/UoDkYpVGkNI/AAAAAAAABiA/pNvuSJiNjw4/s200/Captura+de+Tela+2013-11-11+a%CC%80s+12.04.34.png" width="149" /></a><span style="font-family: Arial; mso-bidi-font-family: Arial;">A
mágica das cidades está em seus edifícios, em suas ruas e na mescla com seus
acidentes geográficos; mas não é suficiente. Edificações, áreas públicas e
geomorfologia conformam a imagem ambiental. Mas a cidade ainda não tem alma.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial; mso-bidi-font-family: Arial;"> “Que será Buenos Aires?”, pergunta em
poema o escritor portenho Jorge Luís Borges. Primeiro, descreve o que lhe é
próximo: Buenos Aires “é o último espelho que reproduziu o rosto de meu pai”,
“é a mão de Norah”, “é aquele arco da rua Bolívar”. Mas, a seguir, o poeta
amplia o entendimento: “Buenos Aires é a outra rua, a que nunca pisei, o miolo
secreto dos quarteirões, os últimos pátios, o que as fachadas ocultam, é o meu
inimigo, se eu o tenho, (...) é o estranho, o bairro que não é teu nem meu,
aquilo que ignoramos e aquilo que queremos.”<i>
<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial; mso-bidi-font-family: Arial;">É
no uso, nas interrelações que estabelecemos com as coisas e com as pessoas ao
usufruirmos o espaço urbano, que construímos nossa identidade e nossa memória
coletivas. A cidade é minha íntima e é minha desconhecida, íntima de meu
desconhecido e desconhecida dele, íntima talvez de meu inimigo, se eu o tiver.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial; mso-bidi-font-family: Arial;">Essa
condição nos faz, a cada um, protagonista da vida urbana. Também fundamenta o
direito à cidade – que, na democracia, é indissociável da cidadania. Ele engloba
o viver em segurança e liberdade (sabemos o quanto custa a violência!); inclui a
disponibilidade das infraestruturas essenciais à vida civilizada e deve
assegurar satisfatórias condições de habitação e mobilidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial; mso-bidi-font-family: Arial;">A
defesa desses valores tem assumido crescente relevo e eles têm se afirmado na
consciência coletiva como elemento central de nossa contemporaneidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial; mso-bidi-font-family: Arial;">No
entanto, há clara evidência da insuficiência dos governos em suprir a cidade
desses deveres de Estado. Tal carência, por óbvio, não se apresenta distribuída
igualmente no tecido urbano, havendo enormes assimetrias na prestação dos
serviços públicos – que se manifestam no domínio territorial por bandidos
armados de parcelas significativas de áreas pobres das grandes cidades; na
falta de saneamento para quase metade dos domicílios urbanos brasileiros; nas
dificuldades crescentes na mobilidade das metrópoles e mesmo nas médias cidades;
entre outros. Na medida em que as
exigências contemporâneas aumentam e se complexificam e os serviços públicos
não as acompanham adequadamente, esse descompasso implica em desigualdades
sociais que se acentuam.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial; mso-bidi-font-family: Arial;">Se
a cidade é “o último espelho que reproduziu o rosto de meu pai” e
simultaneamente a “rua que nunca pisei”, como diz Borges, essas assimetrias não
podem ser apenas constatáveis a cada pesquisa. Elas precisam servir como base
para políticas públicas que se dirijam a assegurar o pleno direito à cidade.
Haver um bairro dominado por bandidos armados não pode ser “naturalizado” –
sobretudo depois da experiência das UPPs, no Rio de Janeiro. Milhões de
cidadãos, todos os dias, perdendo três ou quatro horas no trânsito, ou morando
sem infraestrutura adequada, não é um problema só deles – é de toda a
sociedade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial; mso-bidi-font-family: Arial;">Certamente,
a universalização dos serviços públicos há de ser um compromisso coletivo que
precisa ter consequências práticas. Não se trata de reinventar a cidade, como
pensavam os modernos ante o avanço demográfico. Mas é um impositivo democrático
reorganizar as relações de decisão e poder nas metrópoles e nas grandes cidades
brasileiras.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial; mso-bidi-font-family: Arial;">Nossas
cidades precisam ser pensadas e planejadas para além dos governos e das
idiossincrasias dos mandatários eventuais; em respeito à diversidade social,
cultural e de interesses, tampouco podem ficar reféns de pressões hegemônicas,
hoje ditadas pelos desejos imobiliários e rodoviaristas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial; mso-bidi-font-family: Arial;">As
cidades mudam sempre, ainda que feitas de concreto. Paradoxalmente, está em seu
espírito, composto pelos sonhos de todos e pela vivência de seus espaços
comuns, a sua tênue linha de continuidade. <o:p></o:p></span></div>
<!--EndFragment-->andrepinarqhttp://www.blogger.com/profile/15715346959806953861noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6524430387582253826.post-61166872925081783222013-10-23T13:36:00.000-02:002013-10-23T13:36:28.407-02:00Não podemos ser derrotados<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; margin: 0px 0px 0.75em;">
<div style="line-height: 1.3em; margin: 0px 0px 0.75em; text-align: right;">
<i style="text-align: left;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: xx-small;">*Artigo publicado originalmente no jornal O Globo de 12/10/2013</span></i></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background: white; font-family: Arial; mso-bidi-font-family: Arial;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; margin: 0px 0px 0.75em;">
<div style="line-height: 1.3em; margin: 0px 0px 0.75em; text-align: right;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Sérgio Magalhães</span></div>
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-GnaGQIVajaY/Umfs8zUl3KI/AAAAAAAABhY/GAcIvBEQ0KM/s1600/Captura+de+Tela+2013-10-23+a%CC%80s+13.35.22.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="168" src="http://2.bp.blogspot.com/-GnaGQIVajaY/Umfs8zUl3KI/AAAAAAAABhY/GAcIvBEQ0KM/s320/Captura+de+Tela+2013-10-23+a%CC%80s+13.35.22.png" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background: white; font-family: Arial; mso-bidi-font-family: Arial;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background: white; font-family: Arial; mso-bidi-font-family: Arial;">Em recente entrevista ao Globo, o governador do Rio de
Janeiro afirmou que o caso Amarildo só foi elucidado porque a Rocinha tem uma
Unidade de Polícia Pacificadora.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background: white; font-family: Arial; mso-bidi-font-family: Arial;">As UPPs são a mais importante medida de recuperação para o
âmbito da proteção constitucional de territórios então dominados pela
bandidagem armada. Sua abrangência é ainda limitada, mas melhorou a percepção
de segurança na cidade. Consequências positivas potencializam a fruição dos
espaços públicos e a interação entre partes antes excluídas do Rio.
Fortalece-se a economia, a vida social, a cultura; a própria cidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background: white; font-family: Arial; mso-bidi-font-family: Arial;">Contudo, as UPPs não são uma panaceia. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background: white; font-family: Arial; mso-bidi-font-family: Arial;">O primeiro valor desse projeto é retirar do domínio discricionário
de bandidos as populações moradoras naqueles territórios. Um segundo, e fundamental,
é evidenciar as virtudes da recuperação da legalidade para o conjunto urbano.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background: white; font-family: Arial; mso-bidi-font-family: Arial;">A omissão do Estado, durante décadas, o abandono a que
relegou áreas pobres da cidade – sejam favelas, loteamentos ou conjuntos
residenciais – teve consequências brutais para os moradores dessas áreas e para
a cidade como um todo. Impulsionou a decadência e a degradação urbana,
econômica, política e social de bairros e regiões, e da própria metrópole.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background: white; font-family: Arial; mso-bidi-font-family: Arial;">Mas não é uma etapa vencida.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background: white; font-family: Arial; mso-bidi-font-family: Arial;">O projeto das UPPs cumpriu o papel de evidenciar o possível. E
demanda duas consequências: primeiro, que em prazo razoável alcance toda a
metrópole, desonerando as partes ainda não atendidas do ônus da presença dos
bandidos expulsos dos territórios legalizados; segundo, que os serviços
públicos se implantem como rotina, tal como no restante da cidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background: white; font-family: Arial; mso-bidi-font-family: Arial;">A retomada, se de início é de natureza policial-militar, não
pode construir uma nova ordem à parte da cidade. Não pode o capitão ser um novo
guia. O papel do Estado é sintetizado nos serviços públicos e na lei.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background: white; font-family: Arial; mso-bidi-font-family: Arial;">A defesa do território e do cidadão é expressão do serviço
público de segurança, monopólio do Estado. Tal serviço, historicamente escasso
nas áreas pobres, não é o único indispensável na cidade contemporânea. Os
demais serviços públicos, relacionados ao saneamento, ao transporte, à
educação, à saúde, ao bem-estar, enfim, à vida urbana precisam ser garantidos
em todos os territórios.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background: white; font-family: Arial; mso-bidi-font-family: Arial;">Essa é a equação política que as UPPs tornaram urgente. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="background: white; font-family: Arial; mso-bidi-font-family: Arial;">Enquanto a rotina democrática não estiver instalada, enquanto
a resistência burocrática da administração não estiver superada, enquanto os
serviços públicos não estiverem em normal funcionamento, compete aos
mandatários eleitos monitora-los para que sejam prestados em condições
adequadas, sistemáticas, impessoais e republicanas. Pela omissão histórica do
Estado, é um trabalho que pode ser longo e talvez não possa ser delegado. Certamente,
ultrapassará governos.<o:p></o:p></span></div>
<!--[if gte mso 9]><xml>
<o:OfficeDocumentSettings>
<o:AllowPNG/>
</o:OfficeDocumentSettings>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:TrackMoves>false</w:TrackMoves>
<w:TrackFormatting/>
<w:PunctuationKerning/>
<w:DrawingGridHorizontalSpacing>18 pt</w:DrawingGridHorizontalSpacing>
<w:DrawingGridVerticalSpacing>18 pt</w:DrawingGridVerticalSpacing>
<w:DisplayHorizontalDrawingGridEvery>0</w:DisplayHorizontalDrawingGridEvery>
<w:DisplayVerticalDrawingGridEvery>0</w:DisplayVerticalDrawingGridEvery>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:DontGrowAutofit/>
<w:DontAutofitConstrainedTables/>
<w:DontVertAlignInTxbx/>
</w:Compatibility>
</w:WordDocument>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" LatentStyleCount="276">
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]-->
<!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Table Normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin-top:0cm;
mso-para-margin-right:0cm;
mso-para-margin-bottom:10.0pt;
mso-para-margin-left:0cm;
line-height:115%;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ascii-font-family:Calibri;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-fareast-font-family:"Times New Roman";
mso-fareast-theme-font:minor-fareast;
mso-hansi-font-family:Calibri;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;}
</style>
<![endif]-->
<!--StartFragment-->
<!--EndFragment--><br />
<div class="MsoNormal">
<span style="background: white; font-family: Arial; mso-bidi-font-family: Arial;">Ao governador e ao prefeito se confere o mérito da cidade
reencontrar-se com a esperança. Não podemos, eles e nós, ser derrotados pela
insuficiência de desdobramentos das atribuições do Estado na prestação dos
serviços públicos. A consequência da UPP não há de se esgotar na evidência de
que sem ela o caso Amarildo teria ficado às escuras.<o:p></o:p></span></div>
andrepinarqhttp://www.blogger.com/profile/15715346959806953861noreply@blogger.com0