segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Corbusier no Brasil


Sérgio Magalhães

Aos que estiverem em São Paulo, vale a pena visitar a exposição sobre a viagem que Le Corbusier fez à América Latina, em 1929. Organizada pelo arquiteto e professor Hugo Segawa, a mostra estará aberta até 21 de outubro, no Centro Universitário Maria Antonia. Ela cobre as reflexões e propostas do grande arquiteto franco-suiço sobre Montevideo, Buenos Aires, São Paulo e Rio de Janeiro.

Esta parte, do Rio de Janeiro, foi objeto de outra exposição, em 1998-1999, organizada pelo arquiteto Yannis Tsiomis, e promovida pelo Centro de Arquitetura e Urbanismo do Rio de Janeiro, PCRJ, então dirigido pelo saudoso colega Jorge Czajkowski. A propósito, foi publicado o livro "Le Corbusier - Rio de Janeiro 1929, 1936", pois inclui também a estada do arquiteto por ocasião dos estudos para o edifício do MInistério da Educação e Saúde, hoje Palácio Capanema, em 1936.

Veja matéria sobre a mostra de SP publicada pelo jornal Folha de São Paulo:
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/1142772-exposicao-retrata-encantamento-de-le-corbusier-em-viagem-pela-america-do-sul.shtml 

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Presidente do IAB fala do projeto olímpico e usos do espaço em entrevista à “Época

por  IAB-RJ
Em entrevista à revista “Época”, publicada em 20 de agosto, o presidente do IAB, Sérgio Magalhães, fala dos projetos urbanísticos para os Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro, sobre o uso dos espaços nas cidades brasileiras e a questão dos serviços públicos.
Leia a entrevista na íntegra

Novos ares sopram no Porto e no velho Centro


Sérgio Magalhães
*Publicado originalmente no encarte especial  "Agora é com o Rio" do Globo em 13/08/2012
Três atributos caracterizam historicamente os centros das cidades: melhor acessibilidade, lugar mais bem infraestruturado, repositório dos equipamentos mais representativos. O centro é o espaço da identidade cidadã. As principais cidades mundiais reconhecem esse caráter vital. Assim, cuidam para que seus centros preservem aqueles três atributos.
Diferentemente, o Rio pouco investe na sua área central. Desde a construção do metrô, nos anos 1970, prioriza outras áreas. Há correlação entre decadência do Centro, degradação da Zona Norte, expansão em baixa densidade a Oeste, escassez de serviços, aumento da violência.
O aproveitamento do Porto como um novo polo de desenvolvimento vale como dádiva, após décadas de decadência do Centro. O acordo entre as três de governo, foi alcançado quando o Rio ganhou a Olimpíada.
Os jogos são aglutinadores de esforços. Juntar Olimpíada e Porto, implantando parte dos equipamentos de interesse olímpico na região, associaria o Centro aos Jogos e sinalizaria no sentido de sua recuperação.
O Porto Olímpico é fruto da sábia decisão de levar para lá as Vilas da Mídia e de Árbitros. Um concurso público de arquitetura escolheu os melhores projetos. Há pouco, foi anunciada a construção de 1.300 apartamentos, hotéis, apart-hotéis e edifícios comerciais.
Não podemos minimizar as dificuldades superadas. A quatro anos dos Jogos não podemos perder tempo e energia.
No Porto Olímpico, pode-se construir outras três mil habitações. Um Centro de Convenções poderá ser útil aos Jogos e à cidade. Investir aí fortalecerá São Cristóvão. O eixo olímpico Deodoro-Engenhão-Maracanã-Sambódromo é um estímulo à recuperação do corredor Central do Brasil.
Se a PPP da Área Portuária garante a obra de infraestrutura, o sucesso do Porto Maravilha depende da mais pronta ocupação de terrenos disponíveis e da qualidade urbana. É fundamental a diversidade de usos, comerciais, corporativos, culturais e residenciais. – gente de toda renda, as que já moram e as que vão chegar.
Não convém apostar muitas fichas em prédios com 50 andares, que não são poderosos ímãs do desenvolvimento, como alguns imaginam, e podem ser miragem.
É boa a parceria entre os Jogos, o Porto e o velho Centro — se recuperando em acessibilidade, infraestrutura e patrimônio. O lugar onde o Brasil construiu sua identidade.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

O Rio em 1953

André Luiz Pinto

Crescer para dentro

Sérgio Magalhães

O mais alto edifício da Europa celebra uma mudança de paradigma, segundo seu autor, o arquiteto Renzo Piano:
“Este edifício, The Shard, conta uma história completamente diferente. Celebra a ideia de que o crescimento de uma cidade não acontece construindo mais e mais na periferia. Se você tiver de crescer, cresça dentro. Não sou um defensor de prédios altos, mas defendo o adensamento da cidade pelo Centro.” *
A velha Londres não tem sido avara na oferta de exemplos importantes para as cidades. Depois que acabou com o arquissecular fog, despoluiu também o Tâmisa, aproveitou suas docas ociosas para reforçar seu centro –as Docklands, e quando chegou a Olimpíada, tratou de recuperar a sua região mais pobre e degradada, localizada a 6km do Centro.
Muitos atribuem o momento pujante que Londres vive ao fato de ser uma das âncoras do sistema financeiro internacional. Sua recuperação urbanística seria uma consequência. E se for o inverso? E se for a boa cidade, de vida urbana rica, de espaços qualificados, de intensa vida cultural, a causa superior? E se os ricos do mundo escolhem Londres também porque é bom viver aí?
Afinal, paraísos fiscais existem alguns. Mas Londres é somente uma.
(*) Fonte: revista AU, número 221.  

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Valorizar a diferença


André Luiz Pinto
por O GLOBO 11.08.2012
Sociólogo americano diz que cidades devem ser repensadas para estimular cooperação entre diversos grupos sociais:

"Temos que valorizar a diferença."

Na entrevista publicada no jornal O Globo o sociólogo Richard Sennett afirma a necessidade de reforço no planejamento urbano nos centros e, especialmente, no que chama de "as margens das comunidades".
Para o sociólogo é nestas zonas das cidades que mais deve ser estimulada a cooperação entre diferentes transformando estas "zonas mortas" em espaços que permitam estimular a interação e a diversidade.
Segue neste link a entrevista de Richard Sennett.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Obra coletiva


Sérgio Magalhães
*Artigo publicado originalmente no jornal O Globo em 04/08/2012.
Há poucos dias, foi divulgado acordo firmado entre o Ministério Público Estadual e a Supervia, concessionária dos trens urbanos do Rio. A empresa fará obra para reduzir o vão entre o trem e a plataforma de embarque, na estação Triagem. Vamos entender: quando pára o trem na plataforma, fica “fresta” com inacreditáveis 80cm de largura, que os passageiros têm que pular.
A Supervia opera os serviços de trem urbano desde 1998. Por que esperou ação do MPE para fazer essa obra elementar?
Nesta semana, entrou em operação outro trem importado da China. Serão trinta até 2014, em uma frota de cento e sessenta. A concessionária diz que até 2016 todos serão novos ou reformados. Esse objetivo é passo importante para a recuperação do sistema.
No entanto, grande parte das estações está como em meados do século passado. As plataformas são descobertas, expostas ao sol e à chuva. Os acessos são por escadas com altura equivalente a três andares. Uma reforma dessa base física, para dar conforto ao usuário, não exige importação da China, basta haver projeto e decisão. Os recursos são ínfimos, se comparados com investimentos em rodovias.
A meta da Supervia é dobrar o número de viagens, chegar a um milhão/dia. O mesmo que há quarenta anos, quando a população era a metade de hoje. Pela abrangência da rede na metrópole, seria possível transportar mais de dois milhões de passageiros/dia. Por que não buscar essa meta? (O Rio é a cidade do país onde se gasta mais tempo na viagem casa-trabalho.)
Tal questão se insere no quadro de precariedade dos serviços públicos em nossas cidades. O saneamento na Baixada Fluminense chega à espantosa cifra de apenas 0,5% de esgoto tratado em Nova Iguaçu, que tem 800 mil habitantes. Também por isso, a despoluição da Baía de Guanabara pouco progride. O que explica que novos corredores de ônibus imponham aos passageiros usar escada e passarela para atravessar a rua que separa estação e calçada –ambas no mesmo nível? É o privilégio ao automóvel, que elimina sinais de trânsito em vias urbanas, apesar do corredor ser destinado ao serviço de transporte coletivo...
Nestas décadas em que o país passou de “eminentemente agrário” para “sexta economia”, nossas cidades foram maltratadas, subjugadas ao interesse de outras políticas setoriais. Acostumamo-nos à carência de investimentos em mobilidade, saneamento, habitação, à escassez de serviços públicos.
De fato, as cidades subsidiaram o desenvolvimento nacional.
Neste século 21, porém, as coisas mudam. O desenvolvimento se dará a partir do conhecimento e da inovação, cujo lugar é a cidade. Assim, o importante passivo sócio-ambiental urbano brasileiro se coloca como um desafio estratégico a ser enfrentado. Onde, também por exigência do avanço democrático, a universalização de bons serviços urbanos é condição indispensável.
Trazer os serviços públicos urbanos para a nossa contemporaneidade é obra coletiva, dos governos, da sociedade, de suas organizações. Não será coisa simples. Há de ser uma agenda de todos.