sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Legado Olímpico


Sérgio Magalhães
Se a Olimpíada continuar misteriosa quanto às decisões fundamentais para a cidade (-por que concentrar os investimentos na Barra? -onde ficarão os benefícios para a cidade? -etc.), veremos cada vez mais propostas inusitadas como esta publicada pelo Globo. À margem da lei urbanística, até a CBF quer uma benesse para a construção de sua sede...

Leia as reportagens do GLOBO:
Olímpíadas mudam tudo em Vargem Grande
Regras só explicadas após aprovadas

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Debate público sobre a revitalização portuária

Lucas Franco
O Centro de Estudos Direito e Sociedade (CEDES), associado ao Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ), em seu boletim virtual de outubro, apresentou um interessante relato sobre o debate público sobre a revitalização portuária.
A nota ainda conta com dois artigos complementares, da socióloga Maria Alice Rezende de Carvalho e da arquiteta Ana Luiza Nobre.

Leia o boletim do CEDES.
Leia o artigo de Maria Alice: A chance do Rio.
Leia o artigo de Ana Luiza: Mar fechado.
Leia o relato do debate.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Sim, nós podemos!

Lucas Franco
O presidente do COB, Carlos Nuzman, em entrevista à televisão, disse que o melhor argumento para a realização dos jogos no Rio de Janeiro surgiu a partir de um mapa-mundi, localizando as cidades sedes dos Jogos Olímpicos da era moderna. O mapa apresentava uma enorme concentração de eventos no hemisfério norte contra pouquíssimas realizações no hemisfério sul.

O argumento não é novo, em sua tese de doutorado de 2006, o arquiteto e urbanista James Miyamoto já havia traçado o que chamou de “Equador Olímpico”. Um pouco diferente do original, o hemisfério norte olímpico exclui todo o continente africano, o oriente médio e o sudoeste asiático, em contrapartida, inclui a Austrália, país com cidades-sedes dos jogos em duas oportunidades.


Quando Miyamoto, Nuzman e tantos outros apresentaram esse argumento, chamavam atenção para um desequilíbrio, uma desigualdade e ao mesmo tempo, para algo que poderia ser diferente, isto é, corrigido. Também é claro que o apelo era o da oportunidade de vivenciar o espírito dos Jogos em sua plenitude, o chamado “espírito olímpico”, o desenvolvimento social, econômico, urbanístico como legado dos JO.

Mas isso era o só o começo, pois o COI, ao escolher a cidade do Rio de Janeiro em detrimento a Madrid, Chicago e Tóquio, foi mais além. Para nossa alegria, em Copenhague ficou decidido: desta vez, será diferente.

Estamos vivendo um momento de excepcional otimismo, desde a eleição de Barack Obama, seguindo com a recuperação das economias mundiais após um período de grave crise. Nós cariocas, em particular, contamos ainda com o alinhamento dos três níveis de governo, a recente conquista de grandes oportunidades e o desenho de novas perspectivas de desenvolvimento. Nesse âmbito, chega a causar estranheza as temerosas e conformistas recentes declarações do ex-prefeito César Maia e do secretário municipal de desenvolvimento Felipe Góes. O discurso de que "não pode", "não dá", ou "não acontecerá", destoa e não cola. O martelo foi batido, mas em outro sentido, e até onde eu sei, inevitavelmente, marteladas devem ter a mesma direção.

Mas eu não quero terminar esta nota com críticas, pois como disse anteriormente, o momento é de união e otimismo. Assim, vivenciando o melhor do “espírito olímpico”, prefiro terminar fazendo um convite aos descrentes e temerosos:

Meus caros, juntem-se a nós! Não tenham medo, acreditem. Vamos construir uma cidade inteira, corrigir injustiças e recuperar o degradado. Vamos aproveitar as oportunidades da melhor maneira possível.
Sem essa de “não pode”, nós podemos, sim. Ou ainda melhor:
Sim, nós podemos!

Leia as notas relacionadas:
A Vila Olímpica pode ir para o porto?
Felizmente, as coisas mudam.

Gato por lebre

Lucas Franco
Os belíssimos vídeos oficiais de apresentação do Rio 2016, uns dos principais responsáveis pela nossa eleição, apresentam imagens dos bairros de Botafogo, Urca, Centro, Lapa, Lagoa, Copacabana, Jardim Botânico, Maracanã, Santa Teresa e até Boa Viagem, em Niterói. Entretanto, os mesmo organizadores pretendem concentrar mais de 50% das instalações para os Jogos Olímpicos na Barra da Tijuca, que não aparece em momento algum.
Ora, assim não estaríamos "vendendo gato por lebre"?



quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Sobre o debate na PUC

André Luiz Pinto
O debate realizado dia 19, na PUC, promovido pelos departamentos de Arquitetura e de Sociologia, tratou de dois temas fundamentais para a cidade: a recuperação da área portuária (projeto Porto Maravilha, lançado pela Prefeitura) e a Olimpíada 2016, seus investimentos e seus legados. A possibilidade de sinergia entre os dois temas esteve no foco do debate.

Com dois vereadores presentes, Aspásia Camargo, presidente da Comissão do Plano Diretor, e Eleomar Coelho, contou também com a participação, na mesa, de dois arquitetos, Nina Rabha e Sérgio Magalhães. Os professores organizadores foram Ana Luiza Nobre, que dirigiu os trabalhos, Maria Alice Rezende de Carvalho e Marcelo Burgos.

Mas, sobretudo, contou com uma platéia qualificadíssima, interessada e atenta, por mais de quatro horas de debate, que lotou o Auditório do CDC, onde se incluem, entre outros, inúmeros arquitetos, urbanistas e professores, como Ceça Guimaraens, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura da UFRJ, Otávio Leonídio, ex-diretor do curso de Arquitetura da PUC, Pedro da Luz, da UFRJ, e Luiz Fernando Janot, da FAU-UFRJ, ex-diretor do curso de Arquitetura da UGF e também ex-presidente do IAB-RJ.

A destacar, a presença de quatro ex-secretários de Urbanismo do Rio de Janeiro: os arquitetos-urbanistas Andréa Albuquerque Redondo, Augusto Ivan Freitas Pinheiro, Flávio Ferreira e Hélia Nacif Xavier.

A propósito, Andréa Albuquerque Redondo escreveu o comentário, no qual chama a atenção para a necessidade da ampliação do debate antes de decisões que venham a congelar prematuramente a questão.

Leia aqui o comentário de Andréa Redondo

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Na Barra está a minoria dos atletas

Sérgio Magalhães

O aproveitamento da Zona Portuária como estratégia para promover a sinergia entre a Olimpíada e o desenvolvimento da Cidade está ficando cada vez mais clara.

Conferidos os dados divulgados oficialmente, vemos que apenas 47% dos atletas serão servidos por equipamentos localizados na Barra. Isto é, a maioria deles utilizará equipamentos necessariamente localizados na Zona Sul-Centro-Zona Norte. Logo, a Vila Olímpica na Barra atenderá apenas muito parcialmente o interesse de proximidade. Ao contrário, significa distâncias médias muito maiores, para o conjunto olímpico, do que se a Vila estivesse localizada no Centro-Zona Portuária.
Ademais, das modalidades que estão previstas para a Barra, apenas umas poucas aproveitam equipamentos já construídos. A imensa maioria demandará novos equipamentos, que poderão ser construídos em outro lugar, como o Porto. Inclusive em galpões recuperados. São modalidades como judô, boxe, taekwondo, entre outras, que não exigem especificidades locacionais. Esses equipamentos envolvem 25% dos atletas. Com isso, sobram na Barra menos de ¼ dos atletas olímpicos, e mesmo assim se forem construídos os equipamentos previstos para o Autódromo –muitos deles, aliás, que também poderiam estar em outras áreas mais acessíveis.


Então, por que a Vila Olímpica e a Vila da Mídia precisam estar na Barra?

2016 e a expansão para Oeste

André Luiz Pinto
Semana passada o ex-prefeito César Maia, em seu ex-blog, falou na necessidade de expansão da cidade para Oeste no intuito de abrigar o déficit de quartos de Hotel para os JO de 2016.
O arquiteto e ex- Secretário Municipal de Urbanismo Flávio Ferreira escreveu um pequeno artigo sobre o tema. Nele afirma que é descabida esta proposta.
Veja análise de FF aqui.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

A Olimpíada cabe no Porto?

Sérgio Magalhães

Na informação oficial da Prefeitura, são disponíveis 1,1 milhão de m2 de terrenos livres no Porto. No debate promovido na PUC, ontem, foram apresentados dados coletados pelos arquitetos André Luiz Pinto e Eduardo Xavier que indicam que para sediar a Vila Olímpica + a Vila da Mídia + equipamentos referidos a modalidades que servirão a 25% dos atletas, bastam menos de 40% desses terrenos disponíveis.
Ou seja, a escolha da Barra somente se justificava quando não havia como aproveitar os terrenos ociosos e vazios da Zona Portuária. Agora, que a Prefeitura tem como prioridade o projeto Porto Maravilha e que as três instâncias de governo, federal, estadual e municipal, estão alinhadas, tudo muda.

O acordo assinado por Lula + Cabral + Paes representa 75% das propriedades da ZP.

É do governo as terras que poderão ser utilizadas para a Olimpíada!



A Vila Olímpica pode ir para o Porto?

André Luiz Pinto

Já se ouviu que tudo está acertado 'definitivamente' com o COI -e nada poderá mudar.
Será?
O ex-prefeito Cesar Maia, em seu ex-blog, defendeu a permanência na Barra por razões de segurança, em mais de uma oportunidade.

Hoje, reitera, em nota intitulada LOCALIZAÇÃO DAS VILAS DOS JJOO-2016! ACABOU A CONVERSA!.
Diz CM: "Este ex-blog repete, e pede, que não se discuta mais o deslocamento da Vilas e da centralidade dos JJOO-2016 da Barra para a Área Portuária. Os fatos relativos ao Morro dos Macacos são mais que suficientes.Na região portuária temos o Morro do Livramento, o Morro da Conceição e o Morro da Providência. E o cenário com as FFAA ocupando os morros ostensivamente seria o deleite das teleobjetivas da imprensa estrangeira..., e nacional".
Como o ex-prefeito é muito bem informado, este argumento parece dar razão aos que afirmam ser possível haver mudanças.

Como diz o povo: Não se bate em cachorro morto.

sábado, 17 de outubro de 2009

E segue o debate

Lucas Franco
Depois do debate de quinta-feira no IAB-RJ, que se prolongou até à meia-noite, com grande participação e interesse geral, o tema do aproveitamento da hoje ociosa e abandonada área portuária do Rio vai se firmando.
Com a conquista dos Jogos Olimpicos de 2016, a cidade começa a encarar a necessidade de debater os investimentos necessários, de modo a que o conjunto urbano seja beneficiado o mais amplamente possível, e não apenas alguns setores.
Agora é a vez da PUC entrar no debate.
Tendo como ilustração o Projeto de Revitalização do Porto, o Curso de Arquitetura e os Departamentos de Sociologia e Serviço Social da PUC promoverão um debate público dia 19/10, segunda-feira, às 15h, no auditório do RDC, na PUC, à rua Marquês de São Vicente, 225, Gávea.
Participarão da mesa um representante da Prefeitura, a vereadora Aspásia Camargo (presidente da Comissão do Plano Diretor) e o arquiteto Sérgio Magalhães, professor do PROURB e da FAU/UFRJ.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Debates

André Luiz Pinto
Amanhã no IAB-Rj está previsto um debate sobre o "Projeto de Revitalização da Zona Portuária do Rio de Janeiro - Porto Maravilha", às 19h na sede que fica na Rua do Pinheiro 10, Flamengo.
Estarão participando da mesa: Antonio Correia - Coordenador Geral de Preojetos Especiais - SMU; Flavio Ferreira - Arquiteto e Urbanista; Ricardo Villar - Arquiteto e Urbanista; Washington Fajardo - Arquiteto e Urbanista.

No dia 19, às 15h, haverá outro debate público sobre o Projeto de Revitalização do Porto, organizado em conjunto pelo Curso de Arquitetura, Departamentos de Sociologia e Serviço Social da PUC, no auditório do RDC, na PUC, Rua Marquês de São Vicente, 225, Gávea.
Contará com a presença da vereadora Aspásia Camargo (presidente da Comissão do Plano Diretor) e de um representante da Prefeitura.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Olimpíadas: o Brilho e a Ferrugem

Flávio Ferreira
O que está em jogo no momento, a localização dos equipamentos olímpicos, é a própria estrutura da cidade e do seu futuro. Este jogo é muito mais importante para a nossa cidade do que os jogos olímpicos em si. Para ganharmos o “ouro”, teremos que aprender com os sucessos e fracassos das cidades que já abrigaram Olimpíadas.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Valeria o preço!

Eduardo Cotrim
Caro Sérgio,

Por sua sugestão, como acréscimo de argumentos à idéia do Parque Olímpico na região portuária, mas não como contribuição ao debate técnico do tema segurança, entendo que as considerações de Cesar Maia devam ser friamente observadas, sem interferência de ruídos de quaisquer naturezas: o tema segurança, sobretudo para a sociedade carioca, é uma espécie de ferida e tem essa conotação. A argumentação do ex-prefeito, a favor da Barra, é técnica, calcada em suas experiências como Prefeito, que não foram quaisquer.

É certo que urbanistas e arquitetos pouco podem dizer sobre a melhor proposta para 2016, do ponto de vista da estratégia de segurança. Talvez praticamente nada, a não ser que sejam também especialistas no tema. No entanto, é razoável entender, estou de pleno acordo contigo, que a sociedade, nesse momento, possa debater e mais ainda, apresentar contribuições que não puderam ser analisadas no período de elaboração da proposta ao COI , já que nos defrontamos com uma oportunidade impar de restabelecer o Rio até onde os esforços puderem chegar. Sobretudo o Rio que o mundo todo conhece.

Por outro lado, não percebi nas argumentações do ex-prefeito qualquer palavra que transmitisse intenção de refutar ou minimizar o significado da revitalização da área portuária e Centro, a partir da realização dos Jogos. Cesar Maia é a favor da Barra por uma questão de segurança, e se sou bom entendedor, arrisco concluir de seus argumentos que é melhor perdermos um dedo (o Centro ou uma Olimpíada insegura) a um braço (o sucesso dos Jogos). No entanto, creio que só se esgotaria uma alternativa, se fosse esgotada definitivamente a outra, motivo pelo qual as discutimos agora.

A necessidade de se garantir a segurança nos Jogos é inquestionável, mas não se elaboraram ainda estudos maiores de um Parque Olímpico para a área do Porto. Que a zona portuária pode abrigar uma Vila Olímpica, sabemos que sim. Que muitos urbanistas e moradores da cidade entendem ser essa a melhor opção para a cidade, também. Mas os estudos não comportariam argumentos apoiados em fatos, como “assaltos na Francisco Bicalho por bandidos do morro da Providência” ou o “fechamento do túnel de acesso a São Conrado por traficantes da Rocinha”. Já ouvi bobagens como essas. Cabe aos urbanistas proporem projetos consistentes o mais breve, apresentá-los aos especialistas em segurança, entenderem suas recomendações e integrá-las ao plano, de modo sério e sem pré-disposições. O melhor legado dos jogos interessa à cidade, aos visitantes e certamente ao Comitê Olímpico Internacional.

Ainda que a implantação de um Parque Olímpico na zona portuária, para o sucesso dos Jogos e da Cidade, signifique um investimento maior em soluções de segurança urbana, em relação ao que se praticaria na Barra, valeria o preço.

Leia outra nota de Eduardo Cotrim, publicada nas Cartas dos Leitores do OGLOBO.

domingo, 11 de outubro de 2009

O Globo - Elio Gaspari

André Luiz Pinto
PRIMEIRO CADERNO - 10/10/2009
Quebra-quebras: Diante de três dias de protestos, do incêndio de um vagão de trem de subúrbio e da depredação em quatro estações da SuperVia, a palavra vai para o leitor Paulo Saturnino, do Rio de Janeiro: “É lamentável que ocorra um tumulto deste porte para que o lado bem vivido do Rio perceba que a Cidade Maravilhosa precisa de reparos enormes do lado pobre.
Enfim, em vez de metrô para a Barra vindo de Ipanema, precisamos criar um sistema de transporte decente para o subúrbio carioca.
Moro em Copacabana e vejo a pressão dos moradores da Zona Sul por metrô para a Barra próxima do imoral.” Desde 2004, os moradores de São Paulo têm o bilhete único, criado pela prefeita Marta Suplicy para os ônibus. A rede paulista expandiu-se, chegando ao metrô e aos trens, e hoje é a segunda maior do mundo, perdendo só para Hong Kong. Todas as outras capitais brasileiras têm essa modalidade de tarifa, menos o Rio.
Em janeiro de 2007, o governador Sérgio Cabral prometeu implantar o bilhete único até o final de 2008. Nada. Quando ia ao subúrbio pedir votos, o prefeito Eduardo Paes defendia essa ideia.
Em matéria de transporte, o governo do Rio é uma fábrica de fantasias. Há poucas semanas, no Dia Mundial Sem Carro, Paes pedalou dez quilômetros da Gávea Pequena (285 metros de altitude) a Botafogo (nível do mar). Não há registro de que, na volta para casa, tenha encarado a subida.

A hora é essa!

André Luiz Pinto

Na Revista O Globo deste domingo, a matéria de capa destaca o convite feito pela revista a dez cidadãos, em parceria com arquitetos e designers, para pensarem novas idéias para a cidade.
A discussão se deu tendo como pivô o anúncio dos JO de 2016. Destaque para os “quatro passos para um sonho feliz de cidade”.

O registro negativo deu-se na declaração de Felipe Góes, atual secretário municipal de desenvolvimento:
A revitalização do Porto é uma prioridade do prefeito. Não abandonaremos o projeto. E transferir a vila olímpica para o Porto está fora de cogitação. A maioria das instalações fica na Barra. O projeto foi amplamente debatido.”

O debate que se estabelece não tem nada a ver com o abandono do projeto do Porto. Ao contrário do que pensa Góes, assim como é para o prefeito, a revitalização do Porto também é uma prioridade para os cidadãos cariocas. Sendo assim nada mais coerente do que potencializar os esforços.

Agora vale ressaltar: se foi amplamente discutido, por que agora tantas cidadãos se colocam de forma oposta à proposta de concentração na Barra? Será que o suposto debate se deu apenas lá para os lados do autódromo? Alguém viu ou ouviu?

Veja a matéria da Revista O Globo aqui: parte1 / parte2 / parte3

A lição de Barcelona

Sérgio Magalhães
Quando se fala em Olimpíada, é o modelo de Barcelona (1992) que surge em primeiro lugar. Talvez seja o melhor exemplo de aproveitamento de oportunidade para o desenvolvimento urbano e econômico de uma cidade (e de uma região).
Vale a pena conferir a entrevista que o engenheiro e professor espanhol Manoel Herce deu ao Globo. MH foi responsável por importantes projetos e obras dos JO de Barcelona, inclusive responsável pela Vila Olímpica, que, lá, serviu para fortalecer o centro e a recuperação da área portuária...
Entre otras cositas más, Herce defende a possibilidade da Vila Olímpica ser no porto do Rio, e não vê problemas com o COI por uma decisão dessa natureza.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Felizmente, as coisas mudam.

Sérgio Magalhães
Em seu ex-blog de hoje, o ex-prefeito Cesar Maia defende a concentração dos JO 2016 na Barra por razões de segurança. Afirma que na área portuária a segurança pública é muito complexa.

É argumento relevante, ainda mais vindo de alguém que se dedica ao tema há muito tempo.

Diz também: Agora surge a ideia de deslocamento do centro dos JJOO-2016 para a área portuária. Não há dúvida de que para a cidade seria uma decisão com maior multiplicador urbano.

Não obstante, o ex-prefeito também afirma que debater esse tema da localização é um desserviço aos Jogos Olímpicos .Penso que debater o tema da concentração dos investimentos públicos na Barra, em detrimento do conjunto urbano, não pode ser caracterizado como um desserviço. Igualmente, debater não pode ser caracterizado como uma crítica condenatória à proposta apresentada perante o COI, porque efetivamente as coisas mudam. E podem mudar.

À ocasião da submissão da proposta, duas situações mandatórias eram diferentes das de hoje: as relações políticas entre os três níveis de governo, então em divergência; e o encaminhamento da política de segurança pública, hoje decidida a retomar os territórios ocupados pela bandidagem e neles permanecer plenamente. Eu acredito que este caminho da segurança pública está colocado para aqui ficar, será uma política permanente.

Já a concentração na Barra não resolve nem a questão de segurança, nem é melhor para a cidade, como reconhece CM.

Pelos números divulgados até agora, na Barra se prevê metade das modalidades esportivas; logo, a outra metade fica nos eixos Zona Sul-Centro e Centro-Zona Norte. Esta segunda metade ficará sem boa segurança? Não acredito possível.

O ex-prefeito critica a Zona Portuária por constituir-se por construções pareadas, com armazéns, com morros, com uso portuário (navios de carga, pessoal e material),que dificultariam a segurança. Ora, a Zona Portuária hoje está corretamente descrita por CM. Mas não é assim que permanecerá, se vier a sediar parte importante das Olimpíadas. Ao contrário, será toda um nova situação urbanística e ambiental. O projeto que a Prefeitura anunciou recentemente muda radicalmente o atual contexto. E ela será justamente um foco de modernidade e segurança para toda a metrópole. É lá que se pretende fundear parte expressiva das acomodações dos visitantes de 2016. É para lá que se projeta a construção de um novo centro dinâmico metropolitano. Os morros existentes evidentemente permanecerão. Mas as condições de degradação, não. É da própria experiência do ex-prefeito CM, lançador do programa Favela-Bairro, de quem tenho a honra de ter sido secretário de Habitação, que podemos recolher a certeza de que aquele ambiente hoje de dificuldades pode e será transformado para melhor, com qualidade ambiental e plena segurança.

Ademais, é mais fácil, mais barato, muito mais compensador, tratar uma área pequena do que uma área enorme: Os eixos olímpicos Zona Sul-Centro-Zona Norte não podem ser desconstituídos por razões locacionais impositivas. Com a Barra e suas expansões projetadas, o território olimpíco passa a ser gigantesco, muitíssimo maior do que em qualquer outra experiência olimpica jamais vivida. É dinheiro, é também dispersão de esforços, também na área de segurança, que foi colocada em causa.
Que bom que o debate pode ser realizado.
Tenho certeza que a metrópole e o estado, sobretudo o nosso futuro como cidade importante, matriz de uma consciência coletiva valorosa, só têm a ganhar.

As coisas mudam. E é possível que possam mudar para melhor.

Leia o artigo publicado no ex-blog do César Maia

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

RIO 2016: A discussão na TV

Lucas Franco
Ainda há pouco, na primeira edição do telejornal RJTV, uma reportagem sobre os projetos para os jogos olímpicos de 2016 apresentou algumas das críticas à concentração das instalações na Barra da Tijuca e a defesa do aproveitamento da Zona Portuária da cidade.
Em rápidas entrevistas, o arquiteto e urbanista Sérgio Magalhães, o secretário estadual de Transportes Julio Lopes e o prefeito da cidade, Eduardo Paes, fizeram as suas considerações.

Leia aqui, a reportagem na página do RJTV na Internet e/ou assista ao vídeo.

A cidade inteira

Lucas Franco
A repercussão não poderia ser melhor. Um dia após a entrevista do arquiteto Sérgio Magalhães, o jornal O GLOBO de hoje defende em seu editorial a oportunidade única para tornar irreversível a recuperação da economia da região metropolitana carioca, revitalizar, corrigir distorções na cidade e municípios vizinhos. Mas, para isso, ainda segundo O GLOBO, a Barra não poderá ser o principal nó olímpico. Ao final, propõe um exercício de racionalidade, usar-se o que a cidade já dispõe e corrigir erros históricos de planejamento.

Na mesma página, uma enxurrada de cartas dos leitores corrobora a opinião.

E ainda mais, na coluna sobre economia, Negócios S.A, a jornalista Flávia Oliveira anuncia: o arquiteto Sérgio Magalhães não está sozinho. Empresários da construção civil vão propor a Eduardo Paes a construção da Vila Olímpica na Zona Portuária.

Leia a coluna OPINIÃO do O GLOBO: Erro a evitar
Leia as Cartas dos Leitores
Leia a nota de Flávia Oliveira: Pró-Porto

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Outro Caminho

Lucas Franco
Há exato um mês atrás, lançamos aqui no Cidade Inteira, a enquete: O que realmente muda a cidade? Terminada a votação, a opção mais votada foi a da transformação dos trens em metrô, com 69% dos votos. Em segundo lugar, ficamos com a revitalização da Zona Portuária (34%), seguida pela recém conquistada oportunidade de sediarmos as olimpíadas de 2016 (23%). Por último, apenas 19% dos leitores escolheram as obras do PAC nas comunidades como principal agente transformador do espaço urbano.

Confrontando os resultados com o cenário atual, levando em consideração a entrevista concedida por Sérgio Magalhães e artigos como o de Merval Pereira, ambos publicados no jornal O GLOBO de hoje, me parece que apesar de contemplar um número restrito de participantes, a nossa enquete cumpriu o seu papel, ao indicar interesses e estratégias do Carioca para a recuperação da cidade.
A oportunidade dos Jogos é extraordinária, mas precisamos redefinir as nossas prioridades, neste caso, transporte de massa (metrô) e revitalização do centro e da Zona Portuária, isto é, áreas consolidadas e decadentes, ao invés da atual expansão rodoviarista para zonas sem infra-estrutura.

Leia a entrevista com Sérgio Magalhães
Leia o artigo de Merval Pereira: Revitalizar o Rio

domingo, 4 de outubro de 2009

Rio 2016, em cima do lance!


André Luiz Pinto

O prefeito Eduardo Paes, em entrevista no "Jornal das 10h" da GloboNews, se posicionou abertamente para uma maior potencialização do projeto olímpico carioca.
Quando questionado sobre a concentração de equipamentos na Barra da Tijuca respondeu:

"(...) há realmente uma concentração muito grande de equipamentos na Barra, talvez seja preciso forçar um pouco mais para áreas consolidadas da cidade."

Falou também que vai visitar a cidade de Barcelona, para conhecer e aprender com a experiência catalã.
Esperamos que os ventos positivos de Barcelona soprem por cá...

Olimpíadas, no Rio

Sérgio Magalhães
Viva o Rio! Viva o Brasil!
Se foi grande –e emocionante- a torcida para o Rio sediar os JO2016, agora precisamos juntar esforços para que as Olimpíadas correspondam à esperança em seu papel potencializador do desenvolvimento.

Que elas serão bem organizadas, as metas cumpridas, não tenho dúvidas. Será um trabalhão em todas as frentes, mas teremos um bom resultado.

O COB, os governos da cidade, do estado e da União, bem como os integrantes da sociedade civil que ajudaram, são credores da gratidão de todos nós. A estratégia adotada foi a vitoriosa –e essa é a questão fundadora de novos tempos.
Agora, outras razões também estratégicas para o Rio precisam ser consideradas.

Entre elas, se encontram os desafios urbanísticos. Para mim, o cerne estará na localização dos investimentos: se ajudando o conjunto metropolitano ao máximo (como a despoluição da baía de Guanabara e a transformação dos trens em metrô) ou se fortalecendo a nova centralidade imobiliária da Barra. Tenho esperança que possa haver uma desconcentração dos investimentos projetados originalmente para a Barra, visto que o novo governo municipal considera prioritário desenvolver o Centro e a região portuária. Lembre-se que quando a proposta olímpica foi apresentada não havia como garantir-se o aproveitamento dos terrenos públicos ociosos aí localizados, coisa que agora já é realidade, com a sintonia política entre as três esferas de governo.
Para ajudar nesse debate, muito modestamente, o CidadeInteira está pronto, à espera da colaboração de todos que queiram participar.

Para iniciar:
-Merval Pereira, O Globo, 03out09, com ponderações de André Urani.
-Carlos Lessa, Folha de São Paulo, 03out09.
-prefeito Eduardo Paes, entrevista no Globo, 04out09, destaque para o porto.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Rio 2016

André Luiz Pinto
Parabéns ao Rio de Janeiro!!! Futura sede das Olimpíadas de 2016...

Vamos comemorar e preparar esta cidade para que os Jogos Olímpicos sejam um grande sucesso e um importante legado para os cariocas!

Fica aberto no "Cidade Inteira" o espaço para debate, mande sua sugestão, crítica, toda contribuição é bem vinda!

Comente aqui ou envie para o email cidadeinteira@smcconsultoria.com.br

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Ainda sobre a Grande Paris

Sérgio Magalhães
Em março passado, foi instalada em Paris a exposição dos dez trabalhos encomendados a dez grandes escritórios de arquitetura, franceses e não franceses, como uma reflexão sobre o futuro da cidade metropolitana de Paris. O CidadeInteira comentou: A grande Paris na Agenda e Confusão em Paris.
Diversas publicações foram produzidas desde então.Em junho, Olivier Gaudron, Marie-Flore Mattei, François Ménard, NicoleRousier et Bertrand Vallet fizeram uma sistematização de bastante interesse por sua objetividade.
Aos que se interessam pelo tema, está disponível esse estudo em: