Em seu ex-blog de hoje, o ex-prefeito Cesar Maia defende a concentração dos JO 2016 na Barra por razões de segurança. Afirma que na área portuária a segurança pública é muito complexa.
É argumento relevante, ainda mais vindo de alguém que se dedica ao tema há muito tempo.
Diz também: Agora surge a ideia de deslocamento do centro dos JJOO-2016 para a área portuária. Não há dúvida de que para a cidade seria uma decisão com maior multiplicador urbano.
Não obstante, o ex-prefeito também afirma que debater esse tema da localização é um desserviço aos Jogos Olímpicos .Penso que debater o tema da concentração dos investimentos públicos na Barra, em detrimento do conjunto urbano, não pode ser caracterizado como um desserviço. Igualmente, debater não pode ser caracterizado como uma crítica condenatória à proposta apresentada perante o COI, porque efetivamente as coisas mudam. E podem mudar.
À ocasião da submissão da proposta, duas situações mandatórias eram diferentes das de hoje: as relações políticas entre os três níveis de governo, então em divergência; e o encaminhamento da política de segurança pública, hoje decidida a retomar os territórios ocupados pela bandidagem e neles permanecer plenamente. Eu acredito que este caminho da segurança pública está colocado para aqui ficar, será uma política permanente.
Já a concentração na Barra não resolve nem a questão de segurança, nem é melhor para a cidade, como reconhece CM.
Pelos números divulgados até agora, na Barra se prevê metade das modalidades esportivas; logo, a outra metade fica nos eixos Zona Sul-Centro e Centro-Zona Norte. Esta segunda metade ficará sem boa segurança? Não acredito possível.
O ex-prefeito critica a Zona Portuária por constituir-se por construções pareadas, com armazéns, com morros, com uso portuário (navios de carga, pessoal e material),que dificultariam a segurança. Ora, a Zona Portuária hoje está corretamente descrita por CM. Mas não é assim que permanecerá, se vier a sediar parte importante das Olimpíadas. Ao contrário, será toda um nova situação urbanística e ambiental. O projeto que a Prefeitura anunciou recentemente muda radicalmente o atual contexto. E ela será justamente um foco de modernidade e segurança para toda a metrópole. É lá que se pretende fundear parte expressiva das acomodações dos visitantes de 2016. É para lá que se projeta a construção de um novo centro dinâmico metropolitano. Os morros existentes evidentemente permanecerão. Mas as condições de degradação, não. É da própria experiência do ex-prefeito CM, lançador do programa Favela-Bairro, de quem tenho a honra de ter sido secretário de Habitação, que podemos recolher a certeza de que aquele ambiente hoje de dificuldades pode e será transformado para melhor, com qualidade ambiental e plena segurança.
Ademais, é mais fácil, mais barato, muito mais compensador, tratar uma área pequena do que uma área enorme: Os eixos olímpicos Zona Sul-Centro-Zona Norte não podem ser desconstituídos por razões locacionais impositivas. Com a Barra e suas expansões projetadas, o território olimpíco passa a ser gigantesco, muitíssimo maior do que em qualquer outra experiência olimpica jamais vivida. É dinheiro, é também dispersão de esforços, também na área de segurança, que foi colocada em causa.
Que bom que o debate pode ser realizado.
Tenho certeza que a metrópole e o estado, sobretudo o nosso futuro como cidade importante, matriz de uma consciência coletiva valorosa, só têm a ganhar.
As coisas mudam. E é possível que possam mudar para melhor.
É argumento relevante, ainda mais vindo de alguém que se dedica ao tema há muito tempo.
Diz também: Agora surge a ideia de deslocamento do centro dos JJOO-2016 para a área portuária. Não há dúvida de que para a cidade seria uma decisão com maior multiplicador urbano.
Não obstante, o ex-prefeito também afirma que debater esse tema da localização é um desserviço aos Jogos Olímpicos .Penso que debater o tema da concentração dos investimentos públicos na Barra, em detrimento do conjunto urbano, não pode ser caracterizado como um desserviço. Igualmente, debater não pode ser caracterizado como uma crítica condenatória à proposta apresentada perante o COI, porque efetivamente as coisas mudam. E podem mudar.
À ocasião da submissão da proposta, duas situações mandatórias eram diferentes das de hoje: as relações políticas entre os três níveis de governo, então em divergência; e o encaminhamento da política de segurança pública, hoje decidida a retomar os territórios ocupados pela bandidagem e neles permanecer plenamente. Eu acredito que este caminho da segurança pública está colocado para aqui ficar, será uma política permanente.
Já a concentração na Barra não resolve nem a questão de segurança, nem é melhor para a cidade, como reconhece CM.
Pelos números divulgados até agora, na Barra se prevê metade das modalidades esportivas; logo, a outra metade fica nos eixos Zona Sul-Centro e Centro-Zona Norte. Esta segunda metade ficará sem boa segurança? Não acredito possível.
O ex-prefeito critica a Zona Portuária por constituir-se por construções pareadas, com armazéns, com morros, com uso portuário (navios de carga, pessoal e material),que dificultariam a segurança. Ora, a Zona Portuária hoje está corretamente descrita por CM. Mas não é assim que permanecerá, se vier a sediar parte importante das Olimpíadas. Ao contrário, será toda um nova situação urbanística e ambiental. O projeto que a Prefeitura anunciou recentemente muda radicalmente o atual contexto. E ela será justamente um foco de modernidade e segurança para toda a metrópole. É lá que se pretende fundear parte expressiva das acomodações dos visitantes de 2016. É para lá que se projeta a construção de um novo centro dinâmico metropolitano. Os morros existentes evidentemente permanecerão. Mas as condições de degradação, não. É da própria experiência do ex-prefeito CM, lançador do programa Favela-Bairro, de quem tenho a honra de ter sido secretário de Habitação, que podemos recolher a certeza de que aquele ambiente hoje de dificuldades pode e será transformado para melhor, com qualidade ambiental e plena segurança.
Ademais, é mais fácil, mais barato, muito mais compensador, tratar uma área pequena do que uma área enorme: Os eixos olímpicos Zona Sul-Centro-Zona Norte não podem ser desconstituídos por razões locacionais impositivas. Com a Barra e suas expansões projetadas, o território olimpíco passa a ser gigantesco, muitíssimo maior do que em qualquer outra experiência olimpica jamais vivida. É dinheiro, é também dispersão de esforços, também na área de segurança, que foi colocada em causa.
Que bom que o debate pode ser realizado.
Tenho certeza que a metrópole e o estado, sobretudo o nosso futuro como cidade importante, matriz de uma consciência coletiva valorosa, só têm a ganhar.
As coisas mudam. E é possível que possam mudar para melhor.
Leia o artigo publicado no ex-blog do César Maia
Caro Sérgio,
ResponderExcluirtenho acompanhado com interesse e confesso que com enorme prazer suas intervenções e posicionamentos acerca da melhor localização dos Jogos Olímpicos, considerando o melhor interesse da cidade. Quero parabenizá-lo pela clareza e firmeza das idéias, com as quais eu concordo inteiramente, acho esse debate fundamental e mais do que oportuno.
Abraço,
Ana Paula
Meu caro Sergio,
ResponderExcluirvai aqui meu duplo apoio: à sua vanguarda em colocar publicamente opções mais convenientes e à rapidez em contestar as frágeis razões de segurança pública do ex-prefeito. É necessária uma abordagem urbanística verdadeiramente profissional para as intervenções que se projetam para as Olimpíadas no Rio.
José Canosa Miguez
Assustadora essa afirmação :
ResponderExcluiro ex-prefeito também afirma que "debater esse tema da localização é um desserviço aos Jogos Olímpicos" .
Logo após essa :
"Não há dúvida de que para a cidade seria uma decisão com maior multiplicador urbano."
Acreditar que o COI está fechado com a proposta de localização apresentada é um insulto ao cérebro do COI, que acredito bastante evoluído.
A organização dos Jogos ainda tem uma chance.
E única.
É a chance do Rio de Janeiro.
Precisamos lutar, e eles, escutarem e elegantemente chamarem a razão como consultoria básica, não construindo arcos do triunfo antes da glória.
Ricardo Villar
Essa do Villar não é pouca coisa: "elegantemente chamarem a razão como consultoria básica, não construindo arcos do triunfo antes da glória".
ResponderExcluirÉ digna da imortalidade!
Sérgio
A questão é saber se os JJOO devem servir à cidade ou a cidade servir aos JJOO. E, além disso, seria muito bom para a democracia se a vontade dos contribuintes (os verdadeiros pagantes da festa) fosse ouvida e respeitada. Por que não um plebiscito?
ResponderExcluirValeria o preço!
ResponderExcluirCaro Sérgio,
Por sua sugestão, como acréscimo de argumentos à idéia do Parque Olímpico na região portuária, mas não como contribuição ao debate técnico do tema segurança, entendo que as considerações de Cesar Maia devam ser friamente observadas, sem interferência de ruídos de quaisquer naturezas: o tema segurança, sobretudo para a sociedade carioca, é uma espécie de ferida e tem essa conotação. A argumentação do ex-prefeito, a favor da Barra, é técnica, calcada em suas experiências como Prefeito, que não foram quaisquer.
É certo que urbanistas e arquitetos pouco podem dizer sobre a melhor proposta para 2016, do ponto de vista da estratégia de segurança. Talvez praticamente nada, a não ser que sejam também especialistas no tema. No entanto, é razoável entender, estou de pleno acordo contigo, que a sociedade, nesse momento, possa debater e mais ainda, apresentar contribuições que não puderam ser analisadas no período de elaboração da proposta ao COI[1], já que nos defrontamos com uma oportunidade impar de restabelecer o Rio até onde os esforços puderem chegar. Sobretudo o Rio que o mundo todo conhece.
Por outro lado, não percebi nas argumentações do ex-prefeito qualquer palavra que transmitisse intenção de refutar ou minimizar o significado da revitalização da área portuária e Centro, a partir da realização dos Jogos. Cesar Maia é a favor da Barra por uma questão de segurança, e se sou bom entendedor, arrisco concluir de seus argumentos que é melhor perdermos um dedo (o Centro ou uma Olimpíada insegura) a um braço (o sucesso dos Jogos). No entanto, creio que só se esgotaria uma alternativa, se fosse esgotada definitivamente a outra, motivo pelo qual as discutimos agora.
A necessidade de se garantir a segurança nos Jogos é inquestionável, mas não se elaboraram ainda estudos maiores de um Parque Olímpico para a área do Porto. Que a zona portuária pode abrigar uma Vila Olímpica, sabemos que sim. Que muitos urbanistas e moradores da cidade entendem ser essa a melhor opção para a cidade, também. Mas os estudos não comportariam argumentos apoiados em fatos, como “assaltos na Francisco Bicalho por bandidos do morro da Providência” ou o “fechamento do túnel de acesso a São Conrado por traficantes da Rocinha”. Já ouvi bobagens como essas. Cabe aos urbanistas proporem projetos consistentes o mais breve, apresentá-los aos especialistas em segurança, entenderem suas recomendações e integrá-las ao plano, de modo sério e sem pré-disposições. O melhor legado dos jogos interessa à cidade, aos visitantes e certamente ao Comitê Olímpico Internacional.
Ainda que a implantação de um Parque Olímpico na zona portuária, para o sucesso dos Jogos e da Cidade, signifique um investimento maior em soluções de segurança urbana, em relação ao que se praticaria na Barra, valeria o preço.
abraço,
Eduardo Cotrim