Lucas Franco
O presidente do COB, Carlos Nuzman, em entrevista à televisão, disse que o melhor argumento para a realização dos jogos no Rio de Janeiro surgiu a partir de um mapa-mundi, localizando as cidades sedes dos Jogos Olímpicos da era moderna. O mapa apresentava uma enorme concentração de eventos no hemisfério norte contra pouquíssimas realizações no hemisfério sul.
O argumento não é novo, em sua tese de doutorado de 2006, o arquiteto e urbanista James Miyamoto já havia traçado o que chamou de “Equador Olímpico”. Um pouco diferente do original, o hemisfério norte olímpico exclui todo o continente africano, o oriente médio e o sudoeste asiático, em contrapartida, inclui a Austrália, país com cidades-sedes dos jogos em duas oportunidades.
Quando Miyamoto, Nuzman e tantos outros apresentaram esse argumento, chamavam atenção para um desequilíbrio, uma desigualdade e ao mesmo tempo, para algo que poderia ser diferente, isto é, corrigido. Também é claro que o apelo era o da oportunidade de vivenciar o espírito dos Jogos em sua plenitude, o chamado “espírito olímpico”, o desenvolvimento social, econômico, urbanístico como legado dos JO.
Mas isso era o só o começo, pois o COI, ao escolher a cidade do Rio de Janeiro em detrimento a Madrid, Chicago e Tóquio, foi mais além. Para nossa alegria, em Copenhague ficou decidido: desta vez, será diferente.Estamos vivendo um momento de excepcional otimismo, desde a eleição de Barack Obama, seguindo com a recuperação das economias mundiais após um período de grave crise. Nós cariocas, em particular, contamos ainda com o alinhamento dos três níveis de governo, a recente conquista de grandes oportunidades e o desenho de novas perspectivas de desenvolvimento. Nesse âmbito, chega a causar estranheza as temerosas e conformistas recentes declarações do ex-prefeito César Maia e do secretário municipal de desenvolvimento Felipe Góes. O discurso de que "não pode", "não dá", ou "não acontecerá", destoa e não cola. O martelo foi batido, mas em outro sentido, e até onde eu sei, inevitavelmente, marteladas devem ter a mesma direção.
Mas eu não quero terminar esta nota com críticas, pois como disse anteriormente, o momento é de união e otimismo. Assim, vivenciando o melhor do “espírito olímpico”, prefiro terminar fazendo um convite aos descrentes e temerosos:
Meus caros, juntem-se a nós! Não tenham medo, acreditem. Vamos construir uma cidade inteira, corrigir injustiças e recuperar o degradado. Vamos aproveitar as oportunidades da melhor maneira possível.
Sem essa de “não pode”, nós podemos, sim. Ou ainda melhor:
Sim, nós podemos!
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Felizmente, as coisas mudam.
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