domingo, 1 de março de 2009

Cidades Inteiras, Cartografias Mentais: como construí-las?

Na esteira da reflexão sobre o Rio, Cidade Inteira, são oportunas algumas considerações sobre a notícia da "fusão" da linha 1 e 4 do metrô, divulgada nos jornais para ser anunciada pelo governador do estado, como melhor negócio (tarifa mais barata) do que implementar o percurso da planejada linha 4. Lembrando que o trajeto proposto para a linha 4 do metrô, não executada, interliga a estação Carioca, no Centro, à Alvorada, na Barra da Tijuca, passando pelos bairros de Laranjeiras, Cosme Velho, Humaitá, Jardim Botânico, Gávea, São Conrado e Jardim Oceânico. Já a linha 1, corresponde à rede existente e quase totalmente implementada, que interliga as estações Saens Peña, na Tijuca à estação General Osório, em Ipanema, passando pelas estações São Francisco Xavier, Afonso Pena, Estácio, Praça Onze, Central, Presidente Vargas, Uruguaiana, Carioca, Cinelândia, Glória, Catete, Largo do Machado, Flamengo, Botafogo, Cardeal Arcoverde e Siqueira Campos. Com a fusão proposta, chegar-se-ia ao destino da Barra, definido pela linha 4, através do prolongamento da linha 1, tendo como conseqüência a exclusão do trecho da linha 4 entre Carioca e Gávea, criando-se uma linha de metrô ao longo da costa da cidade pelo seu lado sul.

Nesta supremacia do vetor Zona Sul-Barra do metrô pela costa, que anula a irrigação aos bairros internos próximos à montanha, dois assuntos, complementares entre si, merecem destaque. Primeiro, a insistência na prevalecente cartografia mental da Orla Sul da cidade, deixando de lado, até mesmo, os bairros interiores da Zona Sul, neste caso, Laranjeiras, Cosme Velho, Humaitá, Jardim Botânico e Gávea. Segundo, é que a Barra da Tijuca como destino prioritário não é em nenhum momento posta em dúvida, respaldada, certamente, na congestionada rede de circulação viária para a área. Pareceria acertado afirmar que os moradores e o corpo de profissionais de maior qualificação, que atende às empresas e instituições já localizados na Barra da Tijuca, se deslocam em sua maioria por meio do automóvel particular. Por outro lado, haveria uma demanda em gerar acessibilidade aos setores da população trabalhadora de menor renda, pertencente aos quadros com menor qualificação e que não possuem carro.

Com esta proposta de fusão, o que predomina é uma idéia de cidade linear calcada sobre a ORLA SUL, que há muito é a mais valorizada.



[Por Fabiana Izaga]

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