domingo, 22 de agosto de 2010

É a escala, camarada!

Sérgio Magalhães

Tive o privilégio de conviver com o arquiteto Jorge Moreira, autor principal dos projetos da Ilha do Fundão.


O IAB era uma de suas trincheiras de luta. Em defesa da cidade e da arquitetura, o “dr. Jorge” não se assustava, não temia, não fraquejava. E não perdia o humor. Uma de suas últimas batalhas vitoriosas foi a conquista do Parque Garota de Ipanema, entre a Francisco Otaviano e o mar. O Exército, proprietário da área, queria ali construir um conjunto residencial, e Jorge Moreira saiu à luta, reivindicando a não ocupação. Em pleno regime ditatorial-militar, JM não claudicava.

Ganhou a guerra.

Mas, infelizmente, no caso do Fundão, o nosso grande arquiteto, integrante também vitorioso da equipe que projetou o MEC/Palácio Capanema, não foi feliz.


Embalado nos “ilimites” do modernismo, conjugado ao sentimento de Brasil-grande, tudo seria possível. Como se a Universidade do Brasil, na ilha do Fundão, precisasse refletir a imensidão continental do país.


JM perdeu a mão no desenho. Projetou tudo grande ao exagero.

Estou convencido que esta é uma das razões (não é a única, mas é importante) das enormes e presentes dificuldades da nossa Universidade.


Fosse o Fundão mais modesto, ou a UFRJ menos patrimonialista, quiçá poderiam estar na ilha alguns institutos para os quais aquele lugar possa ser vantajoso e estar de volta ao centro do Rio todos os demais cursos, faculdades, institutos, em que a interação com a cidade é indispensável.


Que tal a Arquitetura no Centro do Rio? E as Belas Artes? E a Engenharia? E a Educação?


Para a Universidade e para o Rio: que maravilha!

3 comentários:

  1. Caro Sérgio, compartilho inteiramente com esta tua opinião.
    As andanças por outros países e a experiência de estudar e leccionar no Fundão e fora dele, só fizeram confirmar este entendimento.
    Basta circular por algumas universidades inseridas plenamente no tecido urbano e sentir assim como são vivos estes espaços: Amsterdam, Delft, Roma, Florença, Barcelona, Porto...
    Mais vivos ainda se comparados ao Fundão!
    A presença dos estudantes nas ruas, nos cafés, nas livrarias, nos restaurantes tem uma capacidade de transformação do espaço da cidade impressionante.
    Em Amsterdam, ao nível da rua, vemos grandes janelas onde é possível ver salas de ensino de arquitectura em ebulição de dia e de noite. Na Itália as Faculdades de Arte e Arquitectura estão ali inseridas naquelas cidades que são, elas mesmas, grandes aulas magnas. Em Paris, as bibliotecas e faculdades também estão facilmente disponíveis.
    Outros casos positivos são cidades como o Porto, Coimbra, Salamanca, entre outras, que apostam cada vez mais na presença do estudante como forma de impulsionar e requalificar seus espaços e suas dinâmicas.
    São inúmeros as acções neste sentido.
    Há periodicamente eventos públicos voltados aos estudantes.
    Existe ainda uma preocupação em qualificar e estimular áreas historicamente dinamizadas pelos estudantes.
    Soma-se a isso a presença maciça de estudantes estrangeiros, mais conhecidos como os “Erasmus”, que tornam a cidade cada vez mais cosmopolita.
    É claro que há excepções nestes que citei, mas os exemplos positivos não poderiam ser descartados e deveriam ser melhor compreendidos, adaptados e replicados na nossa cidade.

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  2. Também acho esquisito o fundào e acho que o minhocão de Bsb nào fica atrás. Aproveito a oportunidade para sugerir um novo post ou nova batalha:vamos derrubar a invasão do Jardim BOtanico!

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  3. André, concordo com você e gostei de ver o sotaque lusitano ao escrever: "leccionar" e "excepções"! Abrs,

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