Sérgio Magalhães
Durante engarrafamento em viagem que fazia de Laranjeiras ao Citibank Hall, na Barra, o jornalista Arthur Dapieve, do Globo, pensava nas mães das autoridades que nunca apoiaram uma política de transporte de massa para a cidade. Eu pensava nas mães dos burocratas em geral com lascívia.
Mas pensava com respeito na mãe de JK; com pena na mãe dos comissários do COI; com ternura, na dos marqueteiros do Rio. “Remoía a evidência”de que todos somos uns filhos da mãe: pela desconsideração, de classe média, para com o transporte de massa.
O Dapieve pensou tudo isto indo assistir a um show do Oasis, quinta-feira à noite. Será que podemos imaginar o que pensam os milhões de cariocas que, morando nos subúrbios da Zona Norte ou na Baixada, precisam se deslocar para o trabalho todos os dias? E que sequer podem amenizar o trajeto ouvindo, em seu carro, o CD de sua preferência?
E, no entanto, com custo muito baixo, poderíamos ter metrô atendendo essas regiões por onde passam os trilhos da Central do Brasil, da Auxiliar e da Leopoldina. Isto é, todos os bairros da Zona Norte, da Zona Oeste e cidades da Baixada, uma população de 8 milhões.
O que é o metrô no lugar dos trens?
Em metrô, entre uma composição e outra, há intervalos curtos, de poucos minutos; já os trens circulam em horários estabelecidos. Uma pessoa decide ir para a estação de metrô sem pensar se o trem passou há pouco tempo ou não. Sabe que logo a seguir passará outro.
Metrô é um serviço com segurança, confiabilidade e conforto.No caso do Rio, os custos de metrô pela transformação dos trens é pequeno, pois é aproveitado o leito ferroviário, que é o custo mais alto nas novas linhas.
Mas, atenção: metrô não é simplesmente melhorar os trens; é outro conceito.
O metrô exigirá novas estações, é claro. As atuais estações da Supervia são muito desconfortáveis (v. nota Encruzilhada). Mas os custos também não são comparáveis com os custos de estações subterrâneas, tipo Ipanema; são muito menores.
Este blog é pelo metrô na Zona Norte suburbana e Baixada como prioridade para o futuro do Rio / Cidade Metropolitana. Tenho a esperança de que Dapieve se incorpore a outros seus colegas jornalistas, como Millôr, como Fernando Molica, padrinho do projeto Lima Barreto, e como Ali Kamel, também do Globo, defensores do metrô dos subúrbios e da recuperação da Zona Norte.
Será a forma de futuramente pouparmos as senhoras mães dos nossos prezados burocratas lembrados por Dapieve.
Sugestão: Mandar para O Globo. Quem sabe publica?
ResponderExcluirAb.
Andréa