quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Olímpica esperança

Sérgio Magalhães
Nos enche de esperança o artigo do presidente do COI, que O Globo publica hoje. Jacques Rogge exalta a necessidade da Olimpíada construir um legado que seja uma alavanca para o desenvolvimento local. Destaca o caso de Vancouver, onde “a Vila Olímpica vai transformar uma zona industrial degradada em modelo de habitação sustentável ... abrigando uma comunidade de classes de poder aquisitivo variado”. Em Londres, onde “os Jogos já estão ajudando a revitalizar uma área [central] que sofre de problemas econômicos”. Recomenda o presidente do COI que as cidades-sedes busquem aprender com a experiência das cidades que já abrigaram Olimpíadas.


Diferentemente de Vancouver, no Rio a Vila Olímpica está prevista para uma área rica, será de apartamentos milionários construídos com subsídios públicos e vendidos com subsídios públicos –e com as infraestruturas pagas pelo governo.

Oxalá a opinião de Jacques Rogge possa ajudar a redirecionar o projeto olímpico carioca. Os investimentos públicos precisam contemplar o interesse da cidade inteira –e não de apenas uma parte.

Lembrete: vide post de 26nov09, neste blog.

Veja o artigo do Presidente do COI

2 comentários:

  1. LUCIDEZ E VISÃO DE FUTURO
    Jacques Rogge, presidente do COI, dá o norte fundamental para o projeto olímpico do Rio: o planejamento competente, cuidadoso e moral de mudanças significativas para a cidade. A revitalização do centro / área portuária se insere com precisão na exata compreensão econômica e ambiental do legado dos Jogos Olímpicos para as cidades-sede. É emblemática por focar a origem histórica do Rio, é didática porque aplica as lições aprendidas com outras cidades e é socialmente justa por lá oferecer novas oportunidades e espaços a diferentes classes sociais.

    José Canosa Miguez

    ResponderExcluir
  2. É louvável que a necessidade de atender os interesses locais esteja no discurso dos urbanistas mundo afora e também do presidente do COI. Contudo, são raros os projetos que abordam a questão política da intervenção urbana. Ora, as demandas locais só podem ser externalizadas pelos moradores e não pelos técnicos. Ou melhor, em discussões democráticas entre moradores e técnicos. Estes devem prever e fomentar em seu planejamento a participação local; e o governo municipal deve pensar numa remodelagem institucional que dê mais poder de decisão às associações de moradores. Só com uma abordagem multidisciplinar (aliás, característica intrínseca à disciplina urbanística), poderá se falar em necessidades locais sem parecer estar se utilizando de um mero instrumento de retórica. Um discurso de vazio.

    ResponderExcluir