terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Cidade e Metrópole

Cidades que se constituiram ao longo da história com importantes papéis centrais, parecem ter dificuldade de assumirem uma dimensão metropolitana. (Chamo como dimensão metropolitana quando a expansão urbana se dá para além dos limites municipais da cidade-núcleo, em ocupação contínua.) É o caso de Paris e também do Rio de Janeiro.
Paris tem seu núcleo municipal com área de 100km2 e 2 milhões de habitantes, e é onde estão sediados os principais equipamentos de representação da França. Já os subúrbios parisienses –a banlieu- tem área de 1.400 km2 e população de 6 milhões. Há, porém, uma indisfarçável e crescente hostilidade entre os dois contingentes, sobretudo decorrente das diferenças de qualidade de vida entre as duas realidades urbanas.Philippe Panerai, importante professor e urbanista francês, tratou o tema em livro recente, intitulado Paris Métropole / Formes et échelles du Grand Paris. Éditions de la Villette. Paris : 2008. O trabalho de Philippe Panerai, a partir de um estudo urbanístico, se constitui em defesa de uma revisão política e institucional do vigente conceito de Paris como a cidade "intra muros", em benefício do conceito da cidade metropolitana, a Grande Paris, que abarca a Paris convencional/histórica e toda a sua banlieu.
O Rio de Janeiro também apresenta um quadro institucional similar, por certo com ainda maiores dificuldades de articulação entre serviços de interesse metropolitano. Aqui, não temos instância regional de governança, como, de certo modo, se constitui a de Île de France. E, no entanto, já somos uma cidade metropolitana com 11 milhões de habitantes!Transporte público, saneamento, habitação, são temas fundamentais para a cidadania que continuam sem políticas públicas minimamente articuladas no âmbito regional.O estudo da morfologia urbana e das escalas, do Rio e do Grande Rio, é um caminho que poderá ser muito proveitoso para o início de uma consciência metropolitana.

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