terça-feira, 14 de julho de 2009

Aeroportos, arquitetura, etc.

Sérgio Magalhães
O Rio de Janeiro tinha um dos melhores aeroportos do mundo, projetado em 1944 pelos irmãos M.M. Roberto: o Santos Dumont. Simples, em relação direta entre passageiro-avião, seu esquema funcional somente perdia para a elegância de suas linhas arquitetônicas.
Mas, andando na contramão, a Infraero insistiu em transformá-lo em um aero-shopping.

Por que na contramão? Porque, enquanto os novos e melhores aeroportos do mundo buscam a relação mais direta possível entre passageiro-avião, tal como tinha o velho Santos Dumont, a Infraero programa enormes estruturas comerciais como se isso significasse qualidade espacial e funcional.

Hoje, O Globo publica artigo do presidente da estatal, defendendo a reforma do Galeão. O que conseguirá? Aumentar a área de vendas...

A Infraero tem gente, vontade e dinheiro, diz o presidente, o que motiva a empresa é o compromisso com o passageiro. Ótimo. Mas, pouco depois, continua: Novos sanitários, pisos, forros, elevadores e escadas rolantes são apenas parte do novo Galeão. (...) Quem freqüenta o Galeão quer mais: um restaurante classe A, um fast sleep, uma variedade de bancos. E ainda: Haverá uma expansão do terminal e conseqüentemente de diversos espaços comerciais em todos os andares, com implantação de lojas de varejo, alimentação e serviços, somando-se ao “mall” já existente.É verdade que está sendo reformado. É mais granito e mais alumínio –sem design, sem uma refuncionalização, esta sim, a mais desejada.

É triste constatar que o Galeão (Terminal 1), que há trinta anos é um edifício arcaico, mal concebido, feio, conseguiu ser ampliado (Terminal 2) ficando ainda pior. E, agora, tem tudo para descer alguns degraus na escala de qualidade arquitetônica.
O que faz com que nossos aeroportos brasileiros tenham essa sina, justamente depois de início tão promissor, como foi com o Santos Dumont e o Salgado Filho (Porto Alegre)?

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2 comentários:

  1. Sérgio, eu não poderia concordar mais. Como se a função precípua do aeroporto fosse ser mais um shopping na cidade.

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  2. Caro Sérgio, temo que esta não seja uma discussão política, sobre as novas tendências culturais ou da qualidade arquitetônica dos edifícios.
    Para mim, é evidente o interesse econômico. A receita das compras de 5 milhões de passageiros/ano (para citar apenas os números do SD)é certamente valiosa.
    O mais cruel nesta historia toda, talvez seja que neste caso, o atraso nos vôos e o consequente aumento no tempo de permanência dos passageiros dentro dos aeroportos venham ser convenientes, diria até fundamentais para o sucesso comercial do empreendimento.

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