quarta-feira, 16 de junho de 2010

Eduardo Cotrim
Em 1816, Robert Owen divulgava o plano de sua Self-supporting Industrial Town, título que o nosso Aurélio provavelmente traduziria como Cidade Industrial Auto-sustentável. Certo que a auto-sustentabilidade há de ter precedentes a Owen. Parmênides, por exemplo, lá pelo século V AC sustentava que não havia a verdade, mas sim persuasões ou mentiras. Mas é certo também que essa pesquisa viraria tese...

165 anos depois da mais importante edificação de Owen, demolida por vários de seus sucessores, em 1981 a ONU encarrega a Primeira Ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, para presidência de um grupo que produziu o Relatório Brundtland quando, como se sabe, o termo Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável fora utilizado pela primeira vez. Abre-se um parêntese para o Clube de Roma de Peccei e King, em 1972 e suas preocupações com a insustentável redução dos recursos naturais e com o aumento da população no planeta. A insustentabilidade estava em moda. A Eco-92 e sua Agenda Século XXI foram o primeiro desdobramento do Relatório Brundtland e do Clube de Roma. Bom, mas aí já existia Parmênedis, contradito por Heráclito de Éfeso, mas também Owen e sua cidade auto-sustentável de 1816, demolida diversas vezes.

Outro pai da Sustentabilidade foi o economista Ignacy Sachs, quem, segundo O GLOBO de 18 de maio de 2010, teria sido “um dos primeiros teóricos na década de 70 (refere-se o artigo à década do ano de 1970 DC), a trabalhar com o conceito ecodesenvolvimento, que mais tarde (sic) foi substituído pela expressão desenvolvimento sustentável”. Certo também que aí já existiam Parmênides, Heráclito, Owen, Peccei e King, a Rainha da Noruega, a Eco-92 e talvez mais alguém que já pregasse a sustentabilidade antes do século V AC. Hoje a bióloga brasileira C. Magnanini não se sustentaria como uma das mães da sustentabilidade

Defende-se aqui que Owen, seus antecessores, o Clube de Roma, a Primeira Ministra da Noruega, a Agenda XXI do Rio, seus prováveis predecessores, Sachs e a bióloga brasileira - por que não? - pensavam como agiam as diferentes civilizações que construíam pirâmides em distintos cantos do planeta, da Índia à Babilônia, do Egito ao México, do Sudão ao país de Szanquim, em épocas distintas, muito distantes da globalização, portanto, sem que uma pirâmide soubesse das outras.

Mesmo depois da globalização ainda discutimos o longo e enfadonho processo histórico que gerou o fim da Escola Moderna. Fim esse que, segundo Charles Jenks, ocorreu em 15 de julho de 1971 às 15:32 hs, quando o conjunto habitacional Pruitt-Igoe foi implodido, face aos episódios de violência que reinavam naquelas paragens, em Saint-Louis. Muitos teóricos, inclusive não arquitetos, atribuem o problema a causas arquiteturais. Um projeto premiado pelo IAB de Massachustess em 1951, semelhante ao laureamento das Torres Gêmeas de Nova York, concebida pelo mesmo arquiteto de Pruitt-Igoe. Natural que poucos relacionem uma obra implodida à outra explodida, à podução de uma mesma pessoa, fato único no planeta.

Minoru Yamasaki e nossas observações de suas obras são bem anteriores à data em que se inicia a globalização, que tudo leva a crer, ocorreu na manhã do dia 26 de dezembro de 1991, em Moscou. Nesse dia, de manhã chuvosa e de hora imprecisa, mas antes do meio-dia, o Soviet Supremo foi dissolvido por ele mesmo. Gorbachev renunciou na véspera, mas a verdade é que poucos sabem disso porque a globalização só ocorreria no dia seguinte.

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