terça-feira, 2 de junho de 2009

Ao mestre, com carinho.

Sérgio Magalhães
Quando Jorge Roberto Silveira assumiu a Prefeitura de Niterói pela primeira vez, em 1989, e João Sampaio foi ser seu secretário de Urbanismo, eles me convidaram para exercer a função de Diretor de Urbanismo. Elaboramos, em equipe, um vasto plano de “revitalização”do Centro, que foi implantado nos anos seguintes, modificando completamente Niterói e aumentando a auto estima de seus moradores.

A duplicação da Avenida Visconde do Rio Branco e o Terminal Rodoviário João Goulart foram as principais obras.

O Terminal reordenou o transporte intermunicipal e intra-urbano bem como a relação com as barcas e o Rio. Serviu ainda para a recuperação do vasto aterro em que se localiza e que se encontrava abandonado.

Começou a operar, ainda não totalmente concluído, em 1991.

Dentre as partes inconclusas, estava a torre de boas vindas. Localizada entre a frente oeste do Terminal e a baía, com 45m de altura, previa um mirante e um pequeno restaurante no seu topo. A torre arquitetonicamente arrematava o edifício do Terminal e fortalecia simbolicamente a chegada a Niterói..

O tempo foi passando, outras prioridades se apresentaram, e a torre não saiu do chão.


Ainda naquele mandato, Jorge e João fizeram a encomenda a Oscar Niemeyer do projeto para o Museu de Arte Contemporânea, hoje um ícone da cidade –e primeira obra do que veio a se constituir como Caminho Niemeyer, o qual tem alguns de seus principais elementos localizados justamente no antigo aterro.

Agora, por notícia publicada na Folha de São Paulo, vemos que Niemeyer acaba de projetar uma torre com 60m, encimada por um restaurante, localizada justamente na posição daquela que fazia parte do Terminal João Goulart. Antes, contudo, nesse mesmo lugar, ON projetara um edifício escalonado que se colocava entre o Terminal e o mar, de certo modo reduzindo a presença do Terminal na paisagem de aproximação das barcas.


Fico contente que nosso maior arquiteto tenha refeito seu ponto de vista e tenha optado por uma torre, lá onde, antes, havíamos concebido a outra. Essa sua escolha é recebida por mim como reconhecimento do acerto de nossa decisão projetual de 1989.

Ao mestre, o agradecimento.



PS.

Em 1992, o Terminal recebeu o Prêmio de Projeto do IAB-RJ.

Em 1993 foi exposto na Bienal Arquitetura de São Paulo.

Em 1996, foi incluído entre as principais obras selecionadas para a Exposição Internacional de Arquitetura de Barcelona, que ocorreu simultaneamente ao Congresso Mundial de Arquitetos.

Autoria: arquitetos Sérgio Magalhães e João Sampaio.

Colaboradores: equipe da SMU de Niterói.

Nenhum comentário:

Postar um comentário