sábado, 29 de agosto de 2009

100 Anos de Burle Marx (II)

Eduardo Cotrim
Vem em bom momento a criação do Grupo de Trabalho, que reúne Prefeitura do Rio e IPHAN, para elaborar o Plano Diretor do Parque do Flamengo. Esse GT está contido num outro maior, que estuda diretrizes para mais duas áreas emblemáticas da cidade - a Orla de Copacabana.e a Floresta da Tijuca. No horizonte, a candidatura do Rio à Cidade Patrimônio Mundial, na categoria (peso-pesado) paisagens culturais. A candidatura se oficializa ainda este ano, com envio do dossiê à UNESCO. A decisão quanto à ratificação será em 2010.

Portanto, Parque do Flamengo, Orla de Copacabana e Floresta da Tijuca são o universo com o qual se trabalha a candidatura. E não seria muito acrescentar que, mesmo na Floresta da Tijuca, encontrem-se as mãos de Burle Marx, nos jardins da Capela Mayrink.

Parece estar subentendido pela PCRJ e IPHAN, e isso é positivo, que a formulação de diretrizes não deva se restringir à expectativa da candidatura ao título da UNESCO, ainda que, por si, o processo seja um excelente estímulo para um engajamento coletivo, que alimente a percepção do valor da paisagem urbana do Rio e por conseqüência, sua preservação.
Referindo-me apenas ao Parque do Flamengo, parece ter um viés muito específico: o de consolidar a titulação do legado paisagístico de Burle Marx, para nós mesmos, sejamos cidadãos cariocas ou visitantes.

O Parque do Flamengo extrapolou fronteiras, justo pela originalidade de sua concepção paisagística. Por isso, tem lugar definitivo na história da luta silenciosa entre os modelos de tratamento de espaços, observada no artigo anterior. Re- ouvir melhor a potencialidade paisagística do Parque é provavelmente o que faria hoje seu criador, pois nas palavras de Lucio Costa, “Roberto Burle Marx é simplesmente um compositor de velha estirpe que se expressa por outra via – a visual”.

E já que é assim, que nos apropriemos mais do Parque e ouçamos melhor todas suas potencialidades.

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