Lucas Franco
Na última semana, dois artigos publicados no Globo alertavam para o rumo que as mais novas intervenções na cidade do Rio de Janeiro estão tomando dentro dos preparativos para a Copa de 14 e os JJOO de 16.
“Como se não houvesse amanhã” da paisagista Cecília Herzog e “Maracanã, corra para vê-lo” do arquiteto Alfredo Britto nos chamam a atenção para o que há de mais importante no trato do ambiente, natural e construído, respectivamente.
Leia os artigos:
Os autores criticam a falta de transparência dos processos administrativos, do atropelo à legislação, o modelo do “se fazer a qualquer custo”, e nestes casos especialmente, a impressionante falta de sensibilidade com o valioso patrimônio carioca, seja ele natural, paisagístico, cultural ou arquitetônico.
“(...) Quando os recursos financeiros jorram, os estragos podem ser incalculáveis. Falta visão holística, de conjunto, e de um planejamento sistêmico que seja rebatido no território, na paisagem, baseado em suas especificidades. Considerar a cultura local, e sua diversidade, é essencial para que não nos tornemos uma cidade “global” homogênea, “genérica” como tantas outras, sem identidade. Cidade composta de edifícios sem alma, sem contato com a realidade ambiental, social e cultural do lugar. Assistimos à eliminação iminente do que resta do patrimônio paisagístico e cultural, reconhecido mundialmente, e que certamente contribuiu para que fosse a cidade escolhida dessa década para tantos eventos internacionais. (...)”
*Cecília Herzog em "Como se não houvesse amanhã".
“(...) Mas, alguém viu o projeto de modificação do Maracanã? Não. Permanece um mistério. Em todos os sites disponíveis só fotos externas e distantes do “novo” Maracanã. Pode-se observarem uma delas uma sobrecobertura; mera ilustração, nenhuma viabilidade estrutural a sustenta. A Secretaria de Estado de Obras/Emop realizou uma audiência pública referente à licitação para “Obras e readequação do Estádio Jornalista Mário Filho (Maracanã) ao Caderno de Encargos da Fifa para a Copa do Mundo de 2014”. Era uma oportunidade para conhecê-lo. Presentes muitos empreiteiros, advogados, proprietários de cativas. Muitos questionamentos sobre prazos, custos, adequações patrimoniais. Nada sobre seu aspecto final, sobre seu projeto, seus valores como patrimônio cultural da nação, um ícone da cidade. Nenhuma imagem ou desenho (projeto) foi mostrado nessa audiência. E ninguém se preocupou com tal detalhe irrelevante (...).”
*Alfredo Britto em “Maracanã, corra para vê-lo”.
Veja aqui algumas imagens do projeto de reforma do Maracanã, divulgadas pela EMOP dias após a publicação do artigo de Britto.
Veja aqui algumas imagens do projeto de reforma do Maracanã, divulgadas pela EMOP dias após a publicação do artigo de Britto.
Minha visao das cidades brasileiras vem de Portugal. Por que não deixá-las como Lisboa. Simples, não?
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