sexta-feira, 26 de junho de 2009

E segue o contra-senso 3/3

Marat Troina
Não é desavença política. Parece haver um vácuo no entendimento do papel do centro na metrópole. A região central do Rio de Janeiro é dotada da infra-estrutura de transportes de massa mais qualificada da Cidade, ferroviária e hidroviária. Ela está articulada com os demais municípios da Região Metropolitana (RM) do Rio.

Com a dispersão dos investimentos públicos e privados a região central perde importância. Perde importância também a cidade, por não somar forças na estruturação do local mais democrático em uma RM, seu centro.

A criação de novos equipamentos de cultura, somente, não contribui com a revitalização da região central do Rio.

Transformar o local historicamente mais importante da cidade e com o maior acúmulo de investimentos públicos em um bairro de habitação de baixa renda é a dês-economia. Não à toa, Londres, Barcelona e Nova Iorque caminharam no sentido oposto.

* Bola dentro: O Governo do Estado do Rio de Janeiro vem transferindo Secretarias de Governo para o prédio da Central do Brasil;

** Bola fora: a UFRJ ainda mantém seu projeto de transferir as unidades instaladas no Centro e Praia Vermelha para a Ilha do Fundão. Os prédios existentes seriam transformados em equipamentos culturais.

7 comentários:

  1. A Bola Fora está muito bem lançada.
    Quem frequentou e frequenta a UFRJ já passou por seus piores momentos, hoje é hora de transformar a UFRJ em uma UNIVERSIDADE e não no ajuntamento de escola de graduação e pós-graduação.
    A decisão de transformar o que está fora do Campus do Fundão em equipamentos culturais, vai permitir que, a maior Universidade Pública Federal do país tenha inserção no panorama cultural do Rio de Janeiro e não sirva apenas para que alguns a utilizem como pano de fundo do seu desenvolvimento profissional pessoal.

    Luciano Menezes

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  2. Fala Marat Tróina,
    Boa saber das suas opiniões políticas em Relação a Arquiteura,
    Muito esclarecedoras....
    Da pra ver que daqui pra frente vc se tornará cada vez mais um melhor arquiteto,
    Saúde Paz,
    Designer.

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  3. É Marat, realmente é Bola Fora a idéia de concentrar todos os cursos da UFRJ no Fundão... No meu entendimento essa não é uma questão que passa só pela arquitetura, mas pela mercantilização da educaçao. É uma forma de ampliar o "mercado" das universidades privadas na cidade. Pois creio que a maioria dos estudantes dos campus do Centro e da Praia Vermelha também levaram em consideração a localização geográfica quando optaram por estudar nesses Campus da UFRJ.

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  4. Temos que fazer o que já foi colocado em prática com respaldo e argumento ajustado a nossa realidade um grande exemplo é o Porto de Barcelona que passou por um extenso programa de reestruturação e modernização. Barcelona soube aproveitar de uma oportunidade impar jogos olímpicos para o crescimento do porto e da cidade junto com inclusão social. Eu tive a oportunidade de conhecer o Puerto Olímpico pós revitalização e realmente vi que tudo funciona (logística, embelezamento paisagístico e inclusão social em uma área nobre)
    O porquê não seguir um projeto de referência mundial ajustado a nossa realidade financeira?
    Nós terceiro “mundistas” não temos tempo e dinheiro para errar....Não podemos descobrir a pólvora no séc. XXI basta ver o que funciona ajustar a nossa realidade e necessidade e colocar em prática com bom senso.
    Poder público faça o necessário depois faça o possível logo estará fazendo o impossível.

    Thiago Vidal

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  5. Concordo com nosso companheiro Marat quando ratifica a importância da zona portuária com a história da cidade do Rio de Janeiro. Como qualquer outra cidade portuária, o Rio nasceu e se desenvolveu em função do seu porto, tornando essa área no centro da nossa metrópole.

    Porém nos últimos anos, temos visto uma corrida desenfreada para um novo centro, junto com os investimentos públicos e privados, abandonando de vez o centro do rio. Como exemplo mais recente, temos a sede da CBF, citada no primeiro post.

    Após anos de atraso, nossos políticos perceberam que deviam reestruturar nossa zona portuária, porém não é através de centros culturais pontuais e da criação de residências de baixa renda que daremos uma nova vida a um bairro que encontra-se tão decadente. Ex.: Saúde, Gamboa, Santo Cristo. A falta de saneamento básico é um dos principais pontos a serem trabalhados nesses sub-bairros entre outros problemas.

    Existem vários exemplos a serem seguidos como Barcelona, Londres, etc, porém não precisamos ir tão longe, para buscar uma revitalização bem sucedida(próxima da nossa realidade). Nossos vizinhos argentinos, abriram os olhos e transformaram seu porto, uma área degradada, em um novo centro que atrai novos investimentos e hoje em dia é um dos metros quadrado mais caros do país.

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  6. Como em várias cidades ao redor do mundo, os centros históricos estão ocupando um lugar cada dia mais importante. Isso se deve a uma série de fatores, que vão desde a preservação de lugares com valor histórico para o turismo e a memória coletiva local, até a especulação imobiliária. Nesse sentido, acho que as parcerias a risco compartido (joint ventures) entre a empresa privada e o setor público são uma aliança estratégica a considerar, sempre que já exista um plano ou estratégia coerente de ação para preservação desses lugares. Então, uma política de re localização de moradores de baixa renda é o ótimo para o centro? Estamos diante de um verdadeiro contra senso em quanto a políticas de preservação dos centros históricos, que já são políticas que estão sendo aplicadas em vários países da America Latina e o mundo, onde os centros estão sendo tomados por a denominada “classe criativa”.
    Por outro lado, a idéia de mudar todas as unidades da UFRJ para a Ilha do Fundão é um verdadeiro dor de cabeça para os estudantes. Não se contempla a opção de descentralizar as unidades educativas e levar-las para a cidade? Quem não tem carro, sofre pelo menos uma hora até chegar a Ilha. Isso me faz pensar nas tendências atuais de urbanismo em relação aos centros educativos superiores, que estão tendendo a desconcentrar suas unidades. Contra senso seguro...

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  7. Eu estudei na UFRJ, no campus da Praia Vermelha. Havia passado na UFF, mas optei pela UFRJ justamente por ser na Urca e não ter que me despencar para Niterói. O Fundão é uma invenção da ditadura e um tormento para quem estuda lá por n motivos (distância, calor, fedor, tiroteios e engarrafamentos na Linha Vermelha e na Avenida Brasil...).

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