Eduardo Cotrim
Não haveria exemplo melhor que Barcelona para o Seminário recentemente promovido e brilhantemente conduzido pelo IAB RJ e Prefeitura do Rio. Os nomes dos condutores estão implícitos. Sem desprezar outras boas experiências dos Jogos Olímpicos, passados quase 20 anos, o patrimônio edificado e o conjunto de infra-estruturas implantado para as Olimpíadas de 1992 se amalgamou mesmo à cidade catalã de modo irrepreensível.
É verdade que cada cidade é uma, cada cultura a sua, mas se experiências não ensinassem, estaríamos agora economizando uma série de reais em escolas. Muitos já disseram que certos princípios, como os da álgebra, da geometria, da química, das físicas, da biologia, da astronomia e mesmo do atletismo, têm sido demonstrados independente da multiplicidade das culturas humanas. O mesmo parece acontecer com os fenômenos urbanos e os desenhos das cidades . Sabe-se que também há uma ciência por trás desses fenômenos que regem territórios, construções, pessoas, locomoções e finanças. No caso do Rio, o paradoxo das Olimpíadas na Barra, há muito apontado pelo arquiteto Sérgio Magalhães, pode ser demonstrado por várias maneiras. Vale questionar porque os impostos pagos pela metade exata da cidade, para citar só a Zona Norte, que tem 80 dos 160 bairros da cidade, custeariam tantos investimentos num só bairro, a Barra da Tijuca. A Zona Norte, somada ao Centro e à Zona Sul abriga 3.670.000 pessoas. As distâncias físicas dessas três regiões, da Barra, são também imensas. Uma cidade não é só formada por legados olímpicos, é verdade, mas tampouco a cidade sede dos Jogos não pode ignorar pessoas, espaços, edificações e transportes. Todos são fundamentais.
Certo que a solução espacial para os Jogos Olímpicos deva ser a melhor, o que não significa que deva ser a mais fácil. Certo também que para aproximar pessoas de espaços, a melhor solução seja o metrô, o que não significa que deva ser o mais caro. O metrô Gávea (17.500 habitantes) – Barra da Tijuca (200.000 habitantes) é importante por causa do engarrafamento de veículos, sobretudo no Leblon e São Conrado, mas como e em quanto tempo têm sido transportados os moradores que diariamente se deslocam da Zona Norte ao Centro? Certo também que no mundo das cidades, os melhores territórios têm sido aqueles que contam suas histórias, os melhores sistemas de transporte têm sido aqueles que atendem ao maior número de cidadãos e as melhores Olimpíadas têm sido aquelas que todos se lembram, de boa memória.
Caro Eduardo,
ResponderExcluirBoa análise. Aproveitei e divulguei no www.twitter.com/andrearedondo . Ab.