Sérgio Magalhães
A arquiteta Ana Luiza Nobre comenta em seu blog a chamada feita pelo site da ONU-Habitat para o Fórum Urbano Mundial, ilustrada com três imagens: uma pintura naïf do Corcovado com a cidade ao fundo; uma foto aérea do Pão de Açúcar; uma foto de um grupo de mulheres sambando, enquanto um passista e um homem, aparentemente autoridade-turista, trocam a experiência do gingado.
ALN protesta como Arquiteta-Urbanista-Carioca-Mulher quando vê a foto “de mulheres de biquini, sambando com um homem engravatado”. Argumenta: “Acho isso gravíssimo, sinceramente. Sobretudo quando se trata de pensar a cidade contemporânea. O fato de que as Nações Unidas não só não se dêem conta disso como contribuam para explorar essa faceta (que pode ser em parte verdadeira, mas é muito grosseira e preconceituosa) é, para mim, um sinal e tanto de que ainda falta muito para fazermos do Rio uma cidade de fato inteira.”
Penso que vale o debate.
Por certo que as imagens escolhidas não são as melhores para ilustrar um fórum urbano a ser realizado no Rio de Janeiro. A pintura naïf não me parece convincente. A foto aérea do Pão de Açúcar é apenas comum. A foto do samba não é boa, embora não me pareça dissonante. Mas é esta que é o foco.
O samba não é apenas a música. É também sua manifestação coreográfica, que tem nos desfiles das escolas de samba uma síntese. O samba tem muitas possibilidades que a foto escolhida empobrece. Não obstante, não me parece uma exploração da nudez feminina. No caso, aliás, o engravatado dança com outro engravatado, este integrante do grupo.
Contudo, gostaria de comentar a escolha da foto como ilustração da cidade do Rio de Janeiro.
Uma imagem do samba é pertinente para ilustrar o Rio? A mim me parece que é. O samba é uma legítima e importantíssima expressão da cultura carioca –e, de certo modo, também é uma representação da cultura brasileira.
O samba é cultura urbana por excelência. A expressão coreográfica, a majestade que adquiriu com as escolas de samba e seus desfiles, o imaginário que construiu, a vitalidade formal e pictórica, tudo constituem como uma das faces mais importantes da cidade. Apenas uma grande cidade poderia construir uma expressão de tanta riqueza.
O samba é uma legítima junção de todas as partes do nosso território. Neste particular, discordo de Ana Luiza Nobre: é a própria cidade inteira.
Mas, quem sabe não possamos aproveitar a oportunidade do Fórum para promovermos –talvez no IAB- um evento/exposição sobre a representação iconográfica do Rio? Que outras imagens poderão dizer sobre a nossa cidade, talvez de modo melhor do que o escolhido pelo Habitat-ONU?
Blog de ALN: www.posto12.blogspot.com
Site do Hatitat: http://www.unhabitat.org/categories.asp?catid=584
Caro Sergio,
ResponderExcluiro meu problema não é com o samba, evidentemente. Nem com o carnaval. A minha perplexidade diz respeito à exploração, mais uma vez, da imagem de mulheres de biquini para apresentar o Rio - e isso por parte de um congresso que se pretende científico, destinado a pensar a cidade contemporânea e organizado por uma entidade internacional como as Nações Unidas.
Um abraço,
Ana Luiza Nobre
Que tal o Paço Imperial com a Antiga Sé e o prédio da Cândido Mendes ao fundo? Ou a praia do Arpoador com os prédios de milionários da Vieira Souto com a favela do Vidigal ao fundo? Ou mesmo os blocos de rua na Lapa ou na Rio Branco? E o Maracanã? Tanta opção se não o já batido Pão de Açúcar (que é lindo, por sinal!)...
ResponderExcluirsuper samba!!! http://forro.mobi/samba.html
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