terça-feira, 11 de maio de 2010

Problemas, soluções e oportunidades

Lucas Franco
As catástrofes ocorridas por causa das fortes chuvas que assolaram as cidades brasileiras neste início de ano trouxeram à tona um conhecido problema das grandes cidades: o lixo.
Considerando que a água da chuva carrega o lixo jogado nas ruas diretamente para os ralos e bueiros, temos aí um evidente complicador na drenagem urbana.
Em São Paulo, a prefeitura criou uma bela campanha publicitária a fim de conscientizar as pessoas para que levem os sacos de lixo às calçadas apenas no horário determinado.
Veja aqui a campanha “O lixo não tem pé”.
Mas isso não é o bastante, mesmo porque, diria que o grande vilão dessa história é a crescente e demasiada impermeabilização do solo urbano.
Agora falemos de sustentabilidade. Na cidade de São Paulo, das quase 17 mil toneladas de lixo recolhidas por dia, cerca de 35% são materiais recicláveis e menos de 1% é reciclado. E os aterros sanitários estão lotados.
Na semana passada, o Jornal Nacional apresentou uma série de reportagens sobre as soluções encontradas por muitas cidades para o reaproveitamento do lixo. A mais impressionante apareceu na sexta-feira, com o caso de Barcelona:
“Em vez de latas, que dependem de coleta periódica, bocas de lixo. Através das escotilhas, os cidadãos jogam os sacos. A partir daí, começa um show de tecnologia.
Todas as bocas de lixo são conectadas a um gigantesco sistema de tubulação enterrado a, pelo menos, cinco metros da superfície. Trata-se de um grande sugador, que aspira o lixo de hora em hora, dia e noite, o ano inteiro.
A idéia nasceu na Vila Olímpica de Barcelona, construída especialmente para os Jogos de 1992. Parecia impossível unir lixo com limpeza e higiene. Mas deu tão certo que virou exemplo para a cidade inteira. O sistema acaba com a sujeira nas ruas, com as latas de lixo e, principalmente, com a coleta - um método que geralmente custa caro e polui o meio ambiente. Pelo menos 160 caminhões de lixo deixaram de circular diariamente pelas ruas da cidade.”
Imperdível: veja aqui a reportagem sobre o sistema subterrâneo de BCN.
Perfeito! Fica aí o meu desejo, e o meu incentivo, para que o Rio aprenda com esta "conexão limpeza", e aproveite a oportunidade dos JJOO de 2016 para implementar soluções novas e inteligentes para os nossos velhos e conhecidos problemas urbanos.

2 comentários:

  1. Muito boa a chamada para a reportagem. Foi ótima, vale apena ver!

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  2. Lucas, tenho duas observações a respeito:
    1. Precisamos correr para reduzir a distância entre o Rio e Barcelona: vale lembrar que em 1993, quando começou o Favela-Bairro, não havia recolhimento de lixo na favelas cariocas. Em 3 anos o serviço praticamente se universalizou. Mas há ainda muito a fazer para que o padrão se uniformize.
    2. Há uma questão de escala que precisamos refletir: o Rio tem se expandido exageradamente, o que encarece a prestação dos serviços públicos. Ou, o que é pior -e que lamentavelmente ocorre: o serviço não é prestado.
    Parabéns pela nota!
    S.

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