A FSP de domingo publica uma bonita foto da confraternização que os soldados da “Força de Paz”, no Morro do Alemão, fizeram na noite de Natal. Uma bonita mesa, com a ceia, e tendo ao fundo uma das ruas que foram beneficiadas pelas obras de urbanização. Você vê algo estranho?
Pois é, a rua é larga, bem pavimentada, mas sem tráfego (e sem tráfico!). Mas repare como está estacionada a viatura militar: está sobre a calçada, bem estreitinha, aliás.
Há alguns anos, quando inaugurávamos as obras do Favela-Bairro no Morro da Fé, na Penha, bem defronte ao lugar do encontro, também lá estava, sobranceiro sobre a calçada recém concluída, o automóvel do funcionário da Prefeitura que fora o fiscal da obra... Ele,é somente ele, o único automóvel nessas condições!
São quase quinze anos de distância. Pouco mudamos.
Eu quero mais e não tenho dúvidas: para se ter cidadania legitima, temos que ser cidadãos legítimos. Pela regularização do direito de propriedade nas favelas já - quero o direito para os atuais ocupantes das favelas.
ResponderExcluirCaro Sérgio
ResponderExcluirO espaço público que deveria ser entendido como lugar de acesso universal, território de cidadania, vem sendo cada vez mais destituído de sua função original e apropriado indevidamente, não importando muito a sua localização.
Neste caso, que você observa tão bem, no mínimo, os soldados da Força da Paz deveriam dar um exemplo de civilidade na noite em que estavam comemorando o Natal,símbolo da Paz, respeitando a calçada destinada somente a circulação de pedestres (afinal o Código Nacional do Trânsito é válido em território nacional).
Veja, na mesma foto (com um zoom), na pequena praça, ao fundo, uma moto estacionada sob o passeio e alguns pedestres que apreciam a noite de Natal (provavelmente pertence a alguém do grupo - as práticas são as mesmas). Gostaria de saber se hoje a noite - em que comemoraremos o Ano Novo, este pequeno mirante estará repleto de pedestres apreciando a vista fantástica do local ou de seus veículos?
Parece-me que é preciso ampliar as lições de cidadania e de civilidade para todo e qualquer cidadão brasileiro, indo contra estas e outras atitudes tão arraigadas culturalmente.
Mesmo assim, sou otimista. Devemos lembrar que embora práticas como essas não se alteraram, nos últimos 15 anos, diversos foram os avanços em relação à democratização da cidade em prol do interesse público. Acredito que este seja um processo lento, mas estamos no caminho certo e, com certeza, na próxima virada de década estaremos comemorando uma cidade melhor.
Angélica Alvim
Educação ainda falta muito, e vai dar trabalho colocar educação no sangue dos cidadões
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