segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Por uma arquitetura sustentável

Márcio Tomassini

A humanidade se dá conta que caminha para um desastre irreversível, caso não haja controle da emissão de poluentes causada pelo aumento da atividade industrial e agrícola e conseqüentes demandas de energia, alimentos e conforto. A consciência de que é necessária a contribuição de todos na procura de soluções que levem a mitigar tais efeitos, coloca os arquitetos como atores importantes neste cenário.

As cidades abrigam hoje grande parte da população mundial, sendo responsáveis por boa parte das emissões e demandas. As necessidades com habitação, comércio, serviços, lazer etc. fazem das edificações foco importante para pesquisas de novos conceitos de projeto e construção. Tal tarefa, com dimensões e responsabilidades ainda pouco mensuradas, terá de envolver obrigatoriamente a sociedade, as universidades, os arquitetos e engenheiros para o desenvolvimento e produção de objetos arquitetônicos que busquem a sustentabilidade. Nesse sentido, incluindo o projeto e todo o ciclo construtivo, das fundações até à finalização da obra, em sua influência direta ou indireta sobre o meio ambiente.

A obra de arquitetura é a obra construída, o desenho representa a forma segundo a qual ela é imaginada. A relação entre o imaginário e o real é estabelecida (ou deve ser) pelo arquiteto, pois é dele a concepção -e essa paternidade tem de manifestar-se no todo construído. A crítica de projeto associada ao conhecimento do canteiro, levará o arquiteto inexoravelmente a comprometer-se com a sustentabilidade. Não há novidade na afirmação, porém, o preconceito e a separação entre o projeto e a arte de construir ainda estão muito presentes, tanto no campo do exercício profissional como do ensino acadêmico.

A história da arquitetura demonstra, no entanto, que as grandes conquistas da tecnologia da construção ocorreram pela invenção e presença do arquiteto no domínio de sua obra. O arquiteto é antes de tudo O CONSTRUTOR, no sentido mais nobre e amplo do termo, pois é sua a gênese da criação do espaço.

O entendimento de que a formação profissional deve buscar um equilíbrio entre arte e técnica é fundamental, pois as soluções das questões levantadas pela sustentabilidade serão fruto, tenho certeza, não só do atendimento das necessidades de ordem funcional ou estética de um projeto, mas, e principalmente, na proposta do conjunto a ser construído, onde cada item deverá ser projetado com o conhecimento de como vai ser executado.

Neste sentido torna-se muito importante o papel da universidade. A renovação dos currículos seja na área de graduação, seja na de pós graduação, a pesquisa aplicada, o incentivo às teses de mestrado e doutorado relacionadas ao tema, e principalmente a abertura da Academia à contribuição da experiência profissional externa, são exemplos de providências determinantes para aquele atendimento.

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