Sérgio Magalhães
O economista Mauro Osório lançou a imagem: havendo a despoluição da baía de Guanabara, o Aterro do Flamengo para além de ser um parque urbano adquirirá uma outra característica, terá praia. Diz: "será um Central Park com praia"...É claro que o Aterro já tem praia, a do Flamengo. Mas, como é poluída, não conta na imagem de Osório. De fato, a despoluição da baía reintroduzirá um vetor de desenvolvimento que a cidade perdera, a orla marítima da Guanabara.
“Central Park com praia” é curiosa imagem.
O parque novaiorquino é referência mundial no gênero. Há alguns anos, o jornal Folha de São Paulo divulgou um comentário de um viajante paulista a propósito do Central Park: “É um Ibirapuera um pouco maior”... Estava certo o viajante, nossas referências começam na escala local.
No caso, a figura adotada por Mauro Osório tem outro viés: ressaltar o caráter de colonização cultural que ainda é tão forte entre nós. Quem sabe a relação com o Central Park ajuda a colocar na pauta a despoluição da baía?
O Parque do Flamengo, obra prima de Burle Marx, tem cerca de 6 km de orla (se incluir a praia do Botafogo), é uma referência mundial do paisagismo moderno, e acolhe dois ícones da arquitetura: o Museu de Arte Moderna (arq. Afonso Eduardo Reidy) e o Munumento aos Mortos da II Guerra (arquitetos Marcos Konder e Helio Marinho). Mas, convenhamos, com praia despoluída, o Parque do Flamengo seria imbatível. Nem a neve do Central Park seria concorrente...
Além da tão sonhada despoluição da Baía de Guanabara, não estará também na hora do nosso Parque do Flamengo ganhar autonomia no recebimento de recursos e na gestão de todo o parque? Essa necessária instituicionalização garantiria um aporte financeiro sistemático, a possibilidade de receber ajuda de empresas ou amigos do parque, traria autonomia de decisões e uma aproximação maior com seus problemas, além, é claro, da composição de uma equipe permanente de jardineiros, paisagistas, biólogos, agentes culturais entre outros profissionais necessários para a promoção e cuidado do parque. Isso tudo poderia acontecer alido à criação de um conselho curador composto por membros do IAB-RJ, IPHAN, etc, garantindo os melhores rumos para esse patrimônio carioca tão pouco aproveitado e muito maltratado por todas as gestões municipais nesses últimos anos. Com um instituto próprio e gestão autônoma, o Parque do Flamengo poderá se reafirmar como um equipamento público de grande relevância na história da nossa cidade e na promoção da cultura do nosso país.
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