quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

A cidade é a ruína do sonho?

Meu bem, a apatia é anômica e a sombra do alvo é o espaço do carioca. O mar e as praias estão sujas. Mas, veja você que ainda ontem, na rua que era minha e também nas praças que eram de todos nós, soava a melodia do tom&vinicius e a gente se regalava com a coisa-mais-linda-a-caminho-do-... . Antes desse ontem, no morro, que era de ninguém e hoje é de todos nós, apenas um alguém, que a si mesma se chamava pobre-menina-pobre, descia a ladeira com a lata-d´água-na ... . Ora, veja de novo, meu bem, o espaço do carioca é todo e qualquer lugar onde todos sempre fizeram o que bem entenderam. Alguns (e poucos) privilegiados achavam que era assim que a cidadania da cidade nacionalmente se desenhava. Meu bem, veja, agora que a brasília-se-fez, a favela-favela se tornou o lugar do Rio. Mas, é lá nos planaltos onde os p**** dos políticos e as p***** das políticas públicas promoveram, e ainda promovem, a perversa e falsa lírica da liberdade e da variedade da raça carioca em gêneros, números e graus de travecos, gays e prostitutos flamenguistas. Do lado dos baixios, ou seja, na cidade-hoje-favela, o que exprime a diversidade é o camelódromo e as adjacências-da-lapa-dos-especuladores. O centro se afirma na barra-pesada. No bairro-favela, as ruas são feitas para os que andam a pé em volta dos largos santos dos pecadores. Nas praças dos Tiradentes, nos largos de são-franciscos e nas calçadas portuguesas, ainda ficava o Rio que era o centro do Brasil. Meu bem, mas e o carnaval? Carnaval? Há o carnaval-favela que dança nas imensas bancas de jornal e nas esquinas. No caminho do caos, esse carnaval-favela é prefeituramente carioca. (Não é perfeitamente, não, viu meu bem?). Só não se vê ingênuos sambistas. Mas, este bloco é carnaval para gente com muitos anos de praia.
[Por Ceça Guimaraens]
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Um comentário:

  1. Muito interessante o artigo, Ceça. Acrescento que toda essa informalidade do Rio se acentuou não pelo dito senso de justiça social de governantes políticos e intelectuais. Mas isso veio a calhar porque ficou bem mais fácil associar o folclore do estilo informal do carioca ao uso máximo desse exército de reserva (a sua "favela-favela") que vai morrendo e sendo reposto, cada vez mais informal e sem exigências. Pode ser bom para muitos, por que não faltarão nunca serviçais para ajudar a dar um empurrãozinho de graça no carro...

    Eduardo Cotrim

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