No momento em que se estabelecem os territórios das campanhas eleitorais, as novas opções de linhas do sistema de transporte metroviário e os confinamentos de moradores são temas de interesse urbanístico e arquitetônico que ocupam a mídia e preocupam as mentes de governantes e cidadãos. Na perspectiva desta semana, São Paulo aparece como o paraíso iluminado e o Rio é o inferno escaldante. Cabral e o sucessor de Serra são, respectivamente, o judas e o santo-salvador. Assim, a imprensa carioca prossegue denunciando as contradições do nosso governo estadual para privilegiar as maravilhas da prefeitura e dos maiores mandatários paulistas.
Quanto ao atendimento de todos moradores por todos os modos de transporte, não há o que discutir: o direito é amplo e inegável! No outro sentido, é óbvio que os desejos de adensamento e de ocupação vertical das terras e ares “livres” nas vertentes da Zona Sul do Rio há muito seguem as orientações das políticas de governo e os estímulos de redes informais. Um exemplo: a criação do Parque da Catacumba na Lagoa sempre foi estigmatizada por se constituir em fato urbanístico resultante da memorável exclusão dos moradores da favela que ali crescia à vista de todos. Ao mesmo tempo, o instigante uso das premissas formais da arquitetura modernista, consagrada no Rio pela ênfase na função social, criou o tipo morfológico de casa com real possibilidade de extensão vertical. Esta solução, que configura o nível do telhado plano e o “terraço voador”, possibilita a sucessiva expansão vertical das lajes nas moradias, o que é impossível no tipo de edifício de apartamentos dos populares conjuntos habitacionais. Em outras capitais, o tipo de cobertura em telhado de duas águas caracteriza os bairros e ocupações espontâneas das antigas periferias. Vide o Recife, com o Alto de Isabel e da Casa Amarela e outros baixios nas vizinhanças da Casa Forte e do Poço da Panela. Os morros de Belo Horizonte e Salvador também poderiam estar assim referenciados. Ali, ninguém pensou em muros talvez porque as chácaras já os continham. Mas, certamente, nestas cidades, como em São Paulo, as balas perdidas e outras variedades ilícitas de mercadorias estão longe dos bairros da classe média.
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