sábado, 18 de abril de 2009

Minha Casa, Minha Vida

Minha Casa, Minha Vida é um programa do governo federal, em parceria com estados, municípios, empresas e movimentos sociais que pretende construir 1 milhão de novas casas e apartamentos para a população.
Em sua cartilha oficial, divulgada na internet, logo na especificação do empreendimento para o primeiro grupo a ser contemplado (famílias com renda até 3 salários mínimos) me surpreendi com a apresentação de uma das exigências: a padronização das tipologias.
O simples fato da padronização já seria altamente questionável em um país continental como o Brasil. Um projeto que ignora o sítio, a implantação, as diversidades das técnicas construtivas, dos materiais, do clima, da cultura...das pessoas. E mais, teremos um milhão de casas idênticas?
Não foram pesquisadas ou discutidas novas soluções técnicas, novos materiais, que minimizassem os custos e os prazos de construção, que facilitassem a manutenção ou melhorassem o conforto térmico, acústico e visual das edificações?
E quanto à expansão, ao tempo? Essas famílias não pretendem crescer, se modificar ao longo dos anos? Qual é a perspectiva de “envelhecimento” dessas edificações?

Como não são citados, desconheço os autores dos projetos de arquitetura, da existência de concursos públicos e/ou da formação de parcerias entre o governo e as faculdades federais de arquitetura com essa finalidade.

Afinal, como estudante, acredito no ensaio, tentativa e erro, nas críticas e sugestões em busca do desenvolvimento de todo e qualquer projeto.
Como arquiteto, acredito nos benefícios incalculáveis proporcionados por uma boa solução arquitetônica.

A Minha Casa e a Minha Vida foram feitas com arquitetura e é isso o que eu proponho para todos os brasileiros.

Baixe aqui a cartilha do programa

Leia as notas anteriores relacionadas ao tema:
Estímulo à produção de moradias
1 milhão de moradias financiadas
PAC - Oportunidade para a revisão de uma estratégia urbanística

3 comentários:

  1. Caro Lucas,
    Repete-se a norma da condução política arquitetônica e urbanística que sempre se conduziu em nosso país. Reforço o coro com você e me pergunto por onde andam os "progessismos" participativos que já forma bandeira do atual partido governista, e nunca de outros, diga-se de passagem e, também, façamos mea culpa, nunca foi objeto de debate realmente sério e hegemônico junto à classe dos arquitetos e urbanistas...
    Abraços,
    Cláudio Ribeiro

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  2. Valeu Lucas!
    To gostando de ver o empenho em transformar o país num lugar mais justo do ponto de visto da arquitetura,
    é disso que precisamos,
    cidadãos empenhados!!!
    fica com Deus!
    Xingú.

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  3. assunto pertinente, muito bem colocado. Como engendrar esta idéia, levar este debate, aos setores da sociedade que sofrem a influencia direta de tais politicas administrativas? Todos sofremos influencias claro, em última analise, tenho certeza que a quase totalidade dos arquitetos concordam com a crítica, porém provavelmente não estarão vivendo em tais moradias. Grande abraço, que a aventura quixotesca de mudança siga sempre viva!

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