segunda-feira, 30 de novembro de 2009

A consagração da Natureza

Lucas Franco
Desde a vitória em Copenhague, muito tem se falado, inclusive neste blog, sobre políticas de investimento, legado urbano e o valor da oportunidade da realização dos Jogos Olímpicos. Assim, tornaram-se recorrentes as discussões sobre a questão dos transportes públicos, a arquitetura dos equipamentos, as densidades populacionais e o planejamento urbano. Entretanto, uma questão fundamental ainda parece passar ao largo: a questão ambiental.
O insight, apesar de aparentemente óbvio, não surgiu por conta própria. Na semana passada, recebi um texto da geógrafa Tereza Coni, intitulado “Consagração da Natureza, sustentabilidade e problemas socioambientais: o Rio e as olimpíadas”. Nele, Tereza nos chama a atenção para a singularidade e exuberância da Natureza Carioca, destacando a sua relevância na escolha como cidade-sede, a sintonia do tema com o ambiente olímpico e afinal, aponta para a oportunidade de se construir uma nova relação Homem-Natureza.
Leia aqui, o texto de Tereza Coni: “Consagração da Natureza, sustentabilidade e problemas socioambientais: o Rio e as olimpíadas”.

5 comentários:

  1. E a natureza carioca na Baixada de Jacarepaguá?
    A quem interessar:
    http://www.vitruvius.com.br/minhacidade/mc284/mc284.asp com novo texto após a sanção da lei do PEU Vargens.
    Comentários são benvindos.
    Ab.
    Andréa

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  2. Cara Andréa,


    A intensa e rápida expansão urbana que vem ocorrendo na região do chamado “PEU das Vargens” no que diz respeito às interferências com a Natureza é extremamente preocupante e a aprovação pela Câmara de Vereadores do referido projeto veio acrescentar mais elementos de inquietação quanto ao seu destino.

    A área é abrangida pela encosta do Maciço da Pedra Branca onde se encontra o Parque Estadual da Pedra Branca que abriga uma reserva de Mata Atlântica com rica variedade de espécies animais e vegetais, mas que sofre com a pressão da expansão urbana. Conta com uma planície e uma extensa baixada com terrenos turfosos, cuja declividade é praticamente inexistente. Há cachoeiras e rios que descem da encosta do maciço e se espraiam neste “brejo” cujas precipitações abundantes contribuem para a permanência de extensas áreas inundadas. Parte da área apresentou uma ocupação peculiar, inclusive desenvolveu atividade agrícola com pequenos produtores rurais. Há sítios, chácaras com cultivo de plantas ornamentais, clubes, casas de festas e restaurantes aprazíveis, que convidam a população carioca para o entretenimento e o lazer.

    É visível uma ocupação irregular nas áreas que margeiam o maciço, observando-se perda do ecossistema florestal, erosão, assoreamento, poluição de rios e, no seu conjunto, uma notória degradação do ambiente físico.

    Esta lei que objetiva atrair empreendedores do setor imobiliário denota a intenção de intensificar ainda mais um tipo de ocupação que vem alterando o perfil desta delicada área, cuja infra-estrutura é precária, as dificuldades de circulação são evidentes e o transporte público deficiente e insatisfatório.

    O que me assusta nesse projeto é a insensibilidade para as questões ambientais e para a realidade local. O equilíbrio Sociedade/Natureza, nesta porção do território carioca, pelas suas características e pelos impactos já existentes, merece atenção especial. Este é o momento para promover harmonia entre a ocupação e o ambiente natural e entre os diversos segmentos sociais que nela estão presentes e não de estimular ações na contramão de uma cidade sustentável.

    Destaca-se que a sua localização litorânea aliada a baixa declividade requer maior atenção em face da vulnerabilidade e das conseqüências imprevisíveis associadas às mudanças climáticas. Neste aspecto, o projeto é afoito por não considerar os cenários previstos para Zona Costeira e por não estar alinhado com as preocupações contidas em diversas pesquisas sobre o tema.

    A responsabilidade de atuar para enfrentar os problemas urbanos, ambientais e aqueles ocasionados pelas mudanças climáticas deve ser compartilhada entre o poder público e a sociedade. O projeto peca ainda por ter sido apresentado e aprovado de forma apressada, sem o tempo necessário para discussão com a sociedade.

    São muitas coisas, mas vou ficar por aqui.
    Abs.
    Tereza Coni

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  3. Tereza, muito consiste o seu comentário. Abs, Sonia

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  4. Andréa Albuquerque G. Redondo14 de dezembro de 2009 às 09:43

    Cara Tereza,
    Iniciei um movimento para chamar a atenção sobre os perigos do "PEU Vargens" com um pequeno texto distribuído para minha rede pessoal e que gerou o artigo publicado no Vitruvius. Infelizmente a lei das Vargens já foi sancionada, de modo estranho(há outro texto meu a respeito, no mesmo site). As chuvas e alagamentos recentes no Rio e em outras cidades remetem mais ainda às Vargens.Espero que suas observações, tão consistentes - e preocupantes - produzam efeitos. Gostaria de sua autorização para copiar seu comentário no Vitruvius.
    Ab.
    Andréa

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  5. Andréa: Claro, sem problema. Estou aberta à discussões sobre o destino desta área.Ab. Tereza Coni

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