quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
Reconstruir a cidade e o país. Primeiro, água.
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
Samba no Fórum das cidades
Sérgio Magalhães
A arquiteta Ana Luiza Nobre comenta em seu blog a chamada feita pelo site da ONU-Habitat para o Fórum Urbano Mundial, ilustrada com três imagens: uma pintura naïf do Corcovado com a cidade ao fundo; uma foto aérea do Pão de Açúcar; uma foto de um grupo de mulheres sambando, enquanto um passista e um homem, aparentemente autoridade-turista, trocam a experiência do gingado.
ALN protesta como Arquiteta-Urbanista-Carioca-Mulher quando vê a foto “de mulheres de biquini, sambando com um homem engravatado”. Argumenta: “Acho isso gravíssimo, sinceramente. Sobretudo quando se trata de pensar a cidade contemporânea. O fato de que as Nações Unidas não só não se dêem conta disso como contribuam para explorar essa faceta (que pode ser em parte verdadeira, mas é muito grosseira e preconceituosa) é, para mim, um sinal e tanto de que ainda falta muito para fazermos do Rio uma cidade de fato inteira.”
Penso que vale o debate.
Por certo que as imagens escolhidas não são as melhores para ilustrar um fórum urbano a ser realizado no Rio de Janeiro. A pintura naïf não me parece convincente. A foto aérea do Pão de Açúcar é apenas comum. A foto do samba não é boa, embora não me pareça dissonante. Mas é esta que é o foco.
O samba não é apenas a música. É também sua manifestação coreográfica, que tem nos desfiles das escolas de samba uma síntese. O samba tem muitas possibilidades que a foto escolhida empobrece. Não obstante, não me parece uma exploração da nudez feminina. No caso, aliás, o engravatado dança com outro engravatado, este integrante do grupo.
Contudo, gostaria de comentar a escolha da foto como ilustração da cidade do Rio de Janeiro.
Uma imagem do samba é pertinente para ilustrar o Rio? A mim me parece que é. O samba é uma legítima e importantíssima expressão da cultura carioca –e, de certo modo, também é uma representação da cultura brasileira.
O samba é cultura urbana por excelência. A expressão coreográfica, a majestade que adquiriu com as escolas de samba e seus desfiles, o imaginário que construiu, a vitalidade formal e pictórica, tudo constituem como uma das faces mais importantes da cidade. Apenas uma grande cidade poderia construir uma expressão de tanta riqueza.
O samba é uma legítima junção de todas as partes do nosso território. Neste particular, discordo de Ana Luiza Nobre: é a própria cidade inteira.
Mas, quem sabe não possamos aproveitar a oportunidade do Fórum para promovermos –talvez no IAB- um evento/exposição sobre a representação iconográfica do Rio? Que outras imagens poderão dizer sobre a nossa cidade, talvez de modo melhor do que o escolhido pelo Habitat-ONU?
Blog de ALN: www.posto12.blogspot.com
Site do Hatitat: http://www.unhabitat.org/categories.asp?catid=584
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
Grande notícia para o Rio
Sérgio Magalhães
Nesta tarde, o prefeito Eduardo Paes anunciou uma revisão no projeto Olímpico de enormes e importantes conseqüências para o futuro da cidade: a transferência, para a zona Portuária, da Vila da Mídia.
“Os membros do COI aceitaram nossa proposta de transferir para esta região as acomodações da Vila de Mídia, o que representa a construção de 5, 6 ou 10 mil unidades habitacionais.”
A importância dessa medida reside em uma revisão estratégica para a cidade metropolitana do Rio de Janeiro, com o fortalecimento do Centro como lugar do desenvolvimento. Após quase trinta anos em que a cidade via a reiteração da Barra da Tijuca como lugar do futuro do Rio, esta revisão no projeto, com a construção de milhares de unidades habitacionais e o centro da mídia, nos diz justamente o contrário: o Rio pode voltar a acreditar na centralidade de seu centro histórico!
Lembremos que o projeto olímpico original só fazia valorizar a Barra em detrimento do conjunto da cidade, com os investimentos públicos concentrados naquele bairro.
Agora, o núcleo jornalístico localizado no vértice dos eixos olímpicos Deodoro-Engenho de Dentro-Maracanã-Centro e Centro-Flamengo-Copacabana-
Fantástica notícia!
Leia a notícia no O Globo.com: MUDANÇAS - Rio fará revisão no projeto para os Jogos Olímpicos de 2016
Olimpíada para servir à cidade. O caso de Londres.
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
Terremoto no Haiti
Porto Príncipe tem mais de 2,5 milhões de habitantes. A imensa maioria não dispõe de água encanada. O abastecimento é por galões comprados em "quiosques". A disponibilidade é de menos de 10 litros/dia por pessoa (entre nós, calcula-se que a média de consumo seja 200 litros/dia). O lixo é recolhido muito precariamente. A energia elétrica é distribuida 1 ou 2 horas por dia. A ruas, em geral, não tem iluminação pública.
Isto tudo antes do terremoto.
O país está devastado. Sobrevoando, vê-se que o interior não tem cobertura vegetal, salvo pasto. Os córrregos/rios existem com chuva; sem chuva, ficam secos. Águas subterraneas tendem a ser salobra.
Uma reconstrução de Porto Príncipe precisaria contar com uma monumental ajuda internacional, bilhões de dólares, por muitos anos. E não vejo chance de ser bem sucedida se considerar a reconstrução do que foi destruído pelo terremoto: será necessário dar condições do país vir a se sustentar.
Como? São quase 10 milhões de hatianos!
Antes do terremoto, as instituições políticas eram frágeis. Todo o esforço da ONU era no sentido de dar consistência institucional para o país. Os símbolos institucionais eram sólidos: o Palácio Nacional, a Catedral, o Liceu Pétion, o Hotel Montana (sede da ONU). Agora, também estes símbolos estão no chão.
E eu que via as fotos que fiz em cada viagem como medida do avanço alcançado com o programa de recuperação do país! Percebia o avanço e ficava contente; mas via o lento avanço e sobrevinha a dúvida sobre a possibilidade de melhora efetiva. Jamais poderia supor que essas fotos, tão pungentes, reportando tanta pobreza e dificuldade, poderiam vir a ser documentos de um tempo superior!
O que poderemos fazer para nos solidarizarmos com o povo do Haiti? Como ajuda-lo? Há o agora e haverá o logo a seguir.Eu não tenho respostas.
Apenas, uma grande tristeza e o desejo de que possamos elaborar algo que possa ser útil.
Veja as três notas anteriores sobre o Haiti, publicadas em setembro de 2009:
Modernidades, Parece Pequena e Paisagem Bonita
Rotas do crescimento
Leia aqui o artigo de SFM, Rotas do crescimento.
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
Metrô: 1 + 1 = ½
No entanto, o Globo do último domingo informou que ocorre justamente o contrário. Os intervalos não apenas aumentaram como já não é possível prever quando virá o próximo trem...A concessionária diz que está promovendo os ajustes necessários, que tudo ficará muito bem. Que assim seja!
Afinal, inventaram esta superposição, ao invés de prosseguirem com a Linha 2 até a estação Carioca, já construída, à custa de uma prorrogação do prazo de concessão. E contrariando as opiniões dos principais técnicos do setor, que se manifestaram publicamente. Como, aliás, na mesma matéria do Globo informa o engenheiro Fernando Mac Dowell. Quais foram os técnicos ouvidos que se manifestaram a favor?
Leia aqui e aqui as matérias publicadas no Globo
domingo, 10 de janeiro de 2010
Quem irá morar? Mora onde?
MO trata do desenvolvimento do Rio, analisa as possibilidades do setor petrolífero como motor para a expansão econômica do estado, defende que a Olimpíada de 2016 deva melhorar a cidade inteira -e, obviamente, critica a concentração de investimentos na Barra.
Entre as reflexões que a entrevista provoca, está o trecho em que MO comenta as previsões de expansão da cidade: projetos oficiais em andamento propõem levar 100 mil moradores para a Zona Oeste, através do programa Minha Casa, Minha Vida; outras 100 mil pessoas, para a área das Vargens, recém liberada para a ocupação; e, ainda, outras 100 mil para o Centro, revitalizado.
Pergunta o professor Osório: mas se a população da cidade não cresce, de onde sairá tanta gente?
Leia aqui a entrevista de Mauro Osório.