O júri do Pritzker escreveu que:
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Com os Jogos Olímpicos de 2016, mais do que a realização do maior evento esportivo do planeta, o Rio de Janeiro tem a oportunidade de desenvolver grandes projetos. Sob a justificativa de um calendário que inclui ainda os Jogos Mundiais Militares, em 2011; o Encontro Mundial da ONU para o Clima (“Rio + 20”), em 2012; e a Copa do Mundo da FIFA, em 2014; recursos humanos e financeiros estão sendo destinados a transformações profundas nas áreas de transporte, infraestrutura, segurança, meio-ambiente e social.
Porém, grandes eventos também deixam legados intangíveis, igualmente importantes para o futuro da cidade-sede. No caso de Barcelona, Pasqual Maragall, prefeito da cidade entre 1982 e 1997, não fala de estádios, aeroportos ou estradas quando define o maior legado dos Jogos de 1992. Para ele “os Jogos Olímpicos foram para Barcelona o aprendizado do êxito. Foram a convicção, provada por todos os cidadãos, de que somos capazes de enfrentar desafios ambiciosos e complexos.”
No Rio de Janeiro, a recuperação da auto-estima do carioca será talvez o mais importante destes legados intangíveis. Depois que deixou de ser a capital da República, o Rio viveu cinco décadas de perda da centralidade política e esvaziamento econômico. O carioca viu o seu sentimento de orgulho perder força, o que foi agravado com o aumento da violência. A visibilidade dos grandes eventos e a oportunidade de mostrar ao Brasil e ao mundo as suas belezas naturais e a alegria do seu povo vão recuperar uma auto-estima que parecia perdida. Esse movimento começou a ser observado nos últimos anos, com a retomada de territórios pelas Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), e ganhou força com a escolha do Rio como sede dos Jogos Olímpicos, em 2 de outubro de 2009.
A marca Rio de Janeiro também será impactada. Logo após a vitória em Copenhague, a cidade teve uma exposição recorde. Nos próximos seis anos, haverão inúmeras oportunidades de agregar novos atributos à marca Rio, como sustentabilidade, turismo familiar e pólo da indústria criativa.
Outro legado intangível é a construção de uma cultura de planejamento de longo prazo para a cidade, sobretudo dentro dos Governos do Estado e Municipal. A maioria dos projetos de legado tem extenso prazo de execução, perpassando mandatos e exigindo um olhar estratégico. A cobrança internacional – de órgãos como ONU, FIFA e COI – sobre as promessas feitas pelos governos requer uma capacidade de planejamento e acompanhamento estruturados desses projetos.
Este plano de transformação da cidade só é viável com o trabalho coordenado entre os três níveis de governo e o envolvimento da sociedade. O seu sucesso trará inevitavelmente uma maior consciência na população sobre a importância das boas relações institucionais entre os Governos Federal, Estadual e Municipal.
Com estes legados intangíveis, somados às transformações sociais e de infraestrutura, o Rio estará pronto para enfrentar novos desafios, pois terá recuperado a sua capacidade de planejar e ditar o seu destino de cidade global.
*Felipe Góes é Secretário Municipal de Desenvolvimento da cidade do Rio de Janeiro.
Um dos mais prestigiados arquitetos contemporâneos, sir Richard Rogers é co-autor com Renzo Piano do Centro Pompidou, o Beaubourg, em Paris; e autor dos projetos do Domo do Millenium, em Londres; do Terminal 4 do Aeroporto Barajas, em Madrid; da Torre 3, de reconstrução do World Trade Center, de Nova York; da Assembléia Nacional do País de Gales; e participa das dez equipes selecionadas pelo governo francês para pensar o futuro da Grande Paris.
Por sua atuação cultural, Rogers recebeu o título de Cavaleiro do Império Britânico, o de barão de Riverside e integra a Câmara dos Lords da Grã Bretanha. Recebeu inúmeros prêmios, como o Pritzker de 2007 (o Nobel da arquitetura), a Medalha de Ouro e o Prêmio Stirling, ambos do Real Instituto Britânico de Arquitetura (RIBA). Foi conselheiro do prefeito de Londres para a arquitetura e urbanismo por quase dez anos e do prefeito de Barcelona.
RR é autor do livro “Cidades para um Pequeno Planeta”, no qual defende um modelo de cidade compacta como condição de sustentabilidade e que preserve o espaço urbano como lugar da interação. Em especial tratando das metrópoles, Rogers é de opinião que há necessidade de um redirecionamento no desenvolvimento urbano, de modo a impedir os danos ambientais causados pela expansão desmedida e pelo uso abusivo do transporte individual.
Richard Rogers estará no Rio de Janeiro para proferir conferência intitulada “A Linguagem da Arquitetura”, na exposição “A Cidade Somos Nós – Desenhando a mobilidade do futuro”, promovida pelo ITDP (Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento, sediado em Nova York, Estados Unidos) com o apoio do Instituto de Arquitetos do Brasil, RJ: dia 11, sexta-feira, às 15h, no Centro Cultural dos Correios.
Links relacionados:
http://www.richardrogers.co.uk/rshp_home
http://www.correios.com.br/sobreCorreios/educacaoCultura/centrosEspacosCulturais/CCC_RJ/default.cfm