quarta-feira, 2 de setembro de 2009

A volta das picaretas...

André Luiz Pinto

Recebemos do arquiteto José Canosa Miguez um texto, parcialmente publicado em O GLOBO (01.09.2009), com um desabafo sobre a demolição do pórtico/passarela de Ipanema.

Vale a pena registrar o fato, já que na nossa cidade construir e demolir tornam-se marcas midiáticas, vazias e contestadas de cada governo que passa. Enquanto isso nada de um projeto de cidade efetivo, e o tempo passa e seguimos sem rumo...

Segue o texto na íntegra:

A DERRUBADA DA PASSARELA DE IPANEMA - José Canosa Miguez

Violência e arbitrariedade se comete ao demolir o monumento projetado pelo arquiteto Paulo Casé, erroneamente denominado 'passarela', construído em Ipanema como pano de fundo para o também criticado e célebre obelisco.

Se alguns moradores entendem que a passarela é feia, derrubá-la se configura em absurda censura estética, especialmente porque Casé é arquiteto renomado e premiado, seu projeto tem fundamentação histórica, passou pela apresentação prévia à população e também pelo crivo exigente da equipe que dirigiu o Projeto Rio Cidade na época. É manifestação artística que pode ser considerada feia ou bonita, a critério de cada um, mas nunca censurada, principalmente por quem não entende nada de arquitetura.
Se o argumento é relativo à segurança, como a presença de mendigos no local durante a noite, o problema não é da passarela e sim da polícia. Finalmente, a alegação de que o monumento tira a privacidade dos apartamentos vizinhos não procede, pois a passarela não é acessível. A demolição da passarela é manifestação medieval, inaceitável nos tempos que correm.

E você, qual a sua opinião sobre a demolição? Comente!

fonte imagem

4 comentários:

  1. Total absurdo! Sem nenhum cabimento! O prefeito joga pra platéia. A cidade não ganha nada. Daqui a pouco vão lembrar que os postes são "bêbados", e trocá-los também. Aí é só colocar uma placa reinaugurando a obra. O fim da picada.
    Abrs,
    Tiago

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  2. Completamente a favor. O problema foi ter sido construída, não a sua demolição.

    Acho triste esse argumento de que só pode criticar arquitetura quem é arquiteto. A cidade é feita apenas para arquitetos, para a contemplação de seus egos? Ninguém gostava daquela intervenção, e Ipanema está muito melhor sem ela, mais aberta. Claro que a ação do prefeito foi demagógica, mas isso não tira o mérito de uma demolição que só é contestada por meia-dúzia de corporativistas que não vivem a realidade da cidade.

    Outra coisa: o projeto do Rio Cidade de Ipanema precisa ser revisto como um todo. É nítido que ele é inferior, por exemplo, ao excelente projeto do Leblon, do Índio da Costa. Projeto esse que valoriza cada vez mais o bairro, o que é impressionante. Ipanema está árida, sem arborização...

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  3. Caro Sérgio,
    Sinto discordar. A passarela grotesca, fruto da vaidade e do corporativismo, foi, no mínimo, construída em lugar errado. Como gosto não se discute, só os fatos de (1)empachar justamente um dos lugares onde o corredor viário da V. Pirajá se amplia e (2) passar na frente dos apartamentos dos prédios vizinhos já justificariam a demolição. Quem projetou e quem aprovou ficou calado. O então Prefeito assumiu.

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  4. Acho que Ipanema fica muito melhor sem aquela aberração. Mas e se a moda pega? E se cada prefeito começar a demolir o que de feio for feito pela administração anterior? Será que a chave não está em algum tipo de consulta à população (e não apenas aos arquitetos, perdoem-me pela provocação neste blog povoado de arquitetos) ANTES de construir alegorias pela cidade?

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