segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Como é difícil entender arquitetura

Sérgio Magalhães
Na mesma reportagem sobre a participação brasileiraem Veneza, o arquiteto Boldarini completa suas declarações, que comentei antes:
“A gente ainda fala muito da referência moderna a partir do edifício, mas o mais importante é o que se entende por cidade. (...) O importante não é se o edifício é laminar, solto do chão, mas como ele se insere na cidade.”
Perfeito.
Separei em duas partes a declaração justamente para deixar claro que o pensamento do arquiteto provavelmente se encontra submetido à patrulha arquitetônica modernista. A primeira parte das declarações, que comentei na outra nota, serviria como salvo conduto frente à patrulha. Na segunda parte, já pode MB ser mais explícito.
Mas talvez a patrulha seja mais amena quando se trata de obras para áreas pobres, em áreas ocupadas sem qualquer critério.

2 comentários:

  1. Prezado Sérgio

    O que você entendeu como "patrulha modernista" era na verdade a linha da pauta da entrevistadora. A relação da nossa arquitetura com a herança modernista era retomada em cada pergunta.
    Nossa atuação se vale da compreensão do contexto local e explora suas particularidades, tentando adequar os projetos às demandas e escalas variadas que encontramos. Para nós isso nunca foi conflitante com a nossa formação de viés modernista, apenas tentei explicar à repórter que os resultados acabam não correspondendo a alguns clichês da linguagem mais ortodoxa.
    De qualquer maneira conhecendo seu trabalho e o quanto temos em comum neste ponto acho importante você ter destacado esta questão para que mais gente possa pensar o assunto.

    Um abraço,

    Marcos Boldarini

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  2. Prezados colegas

    não posso deixar de me "meter" nesta discussão que ao meu ver é bastante importante e atual.

    Os comentários do Sergio Magalhães são oportunos pois suscita um debate acerca das intervenções na cidade contemporânea e resgata a discussão sobre quais são os paradigmas que orientam a atuação recente de nossos arquitetos - em sua maioria formados sob a égide do Movimento Moderno.

    Conhecendo o trabalho dos dois arquitetos - acho que há muito em comum, pois ambos defendem a atuação sobre a cidade frente ao reconhecimento das suas preexistências.

    Recentemente visitei o Cantinho do Céu e tive a oportunidade de conhecer as fases do projeto e obras - além de conversar com moradores locais. Quero ressaltar que o projeto é exemplar e busca integrar o bairro à cidade e à represa (um bem caro à São Paulo) da forma mais simples e equilibrada possível, valorizando o cidadão que ali habita por meio da introdução de um sistema de espaços públicos.

    Não sei qual foi o contexto da entrevista, mas acredito que muitas vezes elas são publicadas em partes e dão impressão diversa ao leitor, além da pauta da entrevistadora que orienta a discussão, colocada pelo arquiteto Marcos Boldarini.

    O fato é que a situação da exposição em que o arquiteto se encontrava era bastante interessante, pois colocava ao lado de Niemeyer - nosso grande representante do Movimento Moderno - intervenções que reconhecem e atuam sobre a cidade existente, como condição essencial para darem certo. Ao meu ver, isso mostra que estamos diante de uma evolução da atuação de alguns arquitetos brasileiros (para além da formação que tivemos), que hoje buscam soluções criativas, inovadoras e contemporâneas para os problemas reais de nossas cidades.

    Temos que a cada dia ampliar este debate e contribuir para a formação de novas gerações de arquitetos, que com certeza terão muito a fazer pelas nossas cidades.

    Arq. Angélica Alvim

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