Sérgio Magalhães
A representação brasileira à Bienal de Veneza, com curadoria de Ricardo Ohtake, propõe o diálogo entre “Oscar Niemeyer e seus herdeiros”, como nos informa reportagem de Suzana Velasco.Foram selecionados trabalhos de cinco escritórios de arquitetura expostos lado a lado com projetos de ON.
Fiquei muito contente ao verificar que entre os escolhidos tem projeto para Cantinho do Céu e Paraisópolis, do escritório de Marcos Boldarini. O projeto é feito no âmbito dos trabalhos de urbanização de favelas de SP, extraordinariamente bem conduzidos por Bete França.
Mas, qual não foi minha surpresa com a declaração de Boldarini: “Tenho a referência da arquitetura moderna na minha formação, mas ela não se aplicaria numa favela, onde se trabalha respeitando as condições do local. Em áreas ocupadas sem qualquer critério, não se pode seguir a maneira moderna de projetar, de propor uma transformação absoluta da área”.
Será que MB está se desculpando por não “aplicar” uma arquitetura moderna (leia-se, talvez, uma arquitetura como desejaria)?
E por que não se aplicaria? Porque na favela é necessário respeitar as condições do local.
Ora, isto, para mim, é uma das condições da arquitetura desejável.
Não, prezado colega Marcos Boldarini, não se desculpe por fazer arquitetura em áreas pobres tendo que respeitar o existente. Seu trabalho só pode ganhar em qualidade.
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